Em 19 de janeiro de 1988, o Megadeth lançaria o terceiro álbum de sua longeva carreira. E embora “So Far, So Good… So What!” seja um álbum indispensável na discografia da banda e recheado de clássicos, internamente, as coisas não andavam bem. Após a excelente repercussão do álbum anterior, “Peace Sells… But Who’s Buying?“, Dave Mustaine recrutou o guitarrista Jeff Young e o baterista Chuck Behler e este é o único registro de ambos os músicos em um álbum do Megadeth.
Mustaine queria gravar o cover de “Problems” do Sex Pistols, mas não fora possível. A versão acabaria saindo no EP “Hidden Treasures“, de 1995. A banda se reuniu no estúdio “Music Grinder“, em Los Angeles, com Dave Mustaine na produção em parceria com Paul Lani e o resultado foi essa belezura que está sendo homenageada hoje e que iremos destrinchar cada uma das oito faixas.
“Into the Lungs of Hell” é instrumental e já mostra a banda entrando de sola. Os caras não estavam para brincadeira e já queriam soar mais pesados do que no álbum anterior. Perfeita. “Set the World Afire” chega com riffs cortantes em sua intro, dando a impressão de que será uma música veloz e ríspida, mas curiosamente ela se desenvolve em um ritmo mais cadenciado, lembrando em muito algumas músicas de “Peace Sells”. Excelente.
A sequência se dá com uma versão escrachada para “Anarchy in UK”, dos Sex Pistols. Evidentemente que a versão ganhou mais qualidade, haja vista que os caras do Megadeth sabem tocar, enquanto que os punks ingleses mal sabiam segurar seus respectivos instrumentos. “Mary Jane” tem um clima prog em boa parte de sua extensão, com excelentes riffs e solos. Aqui eu destaco também o baixo de Dave Ellefson, dando bastante peso à música. “502” tem riffs hipnóticos e é cheia de mudanças em sua duração.
Carlos Pupo/Headbangers News
Aí chega um dos maiores clássicos da banda e obrigatória ao vivo: “In My Darkest Hour”, música que Dave compôs assim que soube do trágico acidente que custou a vida de Cliff Burton. Essa música é simplesmente sensacional, sendo bem cadenciada em quase que sua totalidade, mas ao final ela fica veloz e ganha muito mais técnica. A melhor do disco, com certeza.
“Liar” é uma música com uma pegada surreal e Dave Ellefson novamente dá as caras deixando a música absurdamente pesada com seu baixo. O final de dá com “Hook in Mouth”, outro clássico, onde a cozinha trabalha muitíssimo bem, sobretudo na primeira estrofe. Da segunda estrofe em diante, as guitarras entram em ação para deixar a música ainda melhor. Bela música, belo disco, cujo único defeito é ser curto demais.
“So Far, So good… So What!” chegou ao 18º lugar nas paradas do Reino Unido e em 28º nos Estados Unidos. É importantíssimo na discografia da banda, porém, foi durante a tour para este álbum que Dave Mustaine acabou preso por porte de drogas e internado em uma clínica de reablilitação. Por conta disso, a banda acabou se separando. E voltaria logo depois com aquela que todos consideram ser a formação clássica. Mas isso é uma outra história.
Hoje é dia de celebrar este disco maravilhoso. A celebração é a mesma que a expectativa pelo tão esperado novo álbum, que foi adiado algumas vezes, primeiro pelo câncer enfrentado e superado por Dave Mustaine e depois por essa pandemia maldita e interminável da Covid-19, ainda que alguns negacionistas insistam em brigar com a ciência, Então só podemos desejar uma longa vida ao Megadeth e que possamos vê-los na ativa, lançando mais discos e fazendo shows, tão logo todos nós estejamos imunizados.
So Far, So Good… So What! – Megadeth
Data de lançamento: 19/01/1988
Gravadora: Capitol Records
Faixas:
01 – Into the Lungs of Hell
02 – Set the World Afire
03 – Anarchy in UK
04 – Maryjane
05 – 502
06 – In My Darkest Hour
07 – Liar
08 – Hook in Mouth
Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Dave Ellefson – baixo
Jeff Young – guitarra
Chuck Behler –bateria