Resenhas

Shades Of Sorrow

Crypta

Avaliação

10

Em uma constante crescente na cena do Metal, tocando em grandes festivais como o Wacken e o Rock In Rio, a Crypta chega ao seu segundo álbum de estúdio “Shades Of Sorrow”, lançado pela Napalm Records em 4 de agosto, Shinigami Records no Brasil. Juntando seus Riffs cortantes cheios de técnica a uma atmosfera sombria e a exploração de novos horizontes, temos 51 minutos de um verdadeiro caos eufórico que satisfaz, faz estufar o peito e ter orgulho de ser fã das minas. Vamos a resenha!

Pois bem, antes de falar da parte musical, impossível não falar da polêmica envolvida em recentes acontecimentos nas redes sociais da vocalista Fernanda Lira, mesmo que superficialmente. Uma grande preocupação para com o álbum era o quanto o ocorrido poderia influenciar a mídia e os fãs nesse lançamento. Se isso poderia fazer com que as críticas ao álbum fossem negativas por influência das atitudes da vocalista, que não agradou todo mundo. Só tenho a dizer que quem é fã de verdade não vai se deixar levar por isso, muito menos o profissional, que deve ser totalmente imparcial quanto aos fatos. Deixando isso bem claro, vamos falar de música!

O clima começa com uma tensão em um belíssimo preludio de piano com “The Aftermath“, que parece abrir uma brecha em meio a neblina, a qual já antecipa que teremos coisa boa a seguir e é exatamente o que acontece. “Dark Clouds” chega com Fernanda fazendo uso de alguns guturais brutais, intercalando com seus prefeitos fry scream. Interessante notar não só uma certa familiaridade com o som tradicional delas, mas também a adição de um violão em uma passagem que se encaixou perfeitamente. “Poisonous Apathy” destaca Fernanda não só nos vocais, mas também no baixo que tem uma passagem ótima antes de nos encaminhar para uma faixa com mais variações de tempo, com um groove bem definido por Luana na bateria. O refrão ainda apresenta uma atmosfera melódica muito agradável. Um riff mais arrastado no início de “The Outsider” nos submete a uma breve lembrança ao Doom Metal, o que logo é interrompido por uma surra de blast beats e riffs ríspidos. A faixa opta por variações de compasso, um pouco mais contida no refrão, mas com um trabalho perfeito nos bumbos.

Stronghold” busca uma atmosfera tensa, com um andamento variado que vai desde blast beats insanos até momentos mais melódicos e inundados de técnica. Passagens limpas também enriquecem a composição, sem mantendo um clima melancólico. A intro acústica de “The Other Side Of Anger” é magnífica e você pode identificar nuances do Sepultura moderno nessa passagem, Luana traz outra performance incrível e aqui falo pela primeira vez das guitarristas Tainá Bergamaschi e Jéssica di Falchi, não porque elas não têm destaque, mas sim para não ficar redundante, seria chover no molhado ficar elogiando-as o tempo todo, mas aqui o trabalho é fora do normal, com riffs, melodias, base e solo são impecáveis. Ao final da resenha dedico um parágrafo somente para elas.

The Limbo” claramente anuncia a metade do álbum, com outra peça sombria e tensa no piano que traz “Trail Of Traitors”, ssa é aquela que abrirá o pit nos shows, pois conta com uma agressividade intensa. “Lullaby for the Forsaken” tem um início curioso, com Fernanda cantarolando a melodia da faixa antes de entramos na porradaria. Outro trabalho incrível no baixo também destaca a vocalista e as guitarras, meu amigo, as guitarras estão em um nível muito acima, é humilhante o quão bom é ouvir essas minas tocarem. “Agents of Chaos” volta a apresentar mudanças no andamento, onde as minas tiram o pé do acelerador em momentos chave, e é interessante o frescor que essas músicas passam, pois é um território que elas estão pisando pela primeira vez nesse álbum, então isso torna muito interessantes as faixas.

Fechando o álbum temos as seguintes: “Lift the Blindfold“, que é cheia de brutalidade e com riffs intensos, solos arrebatadores e a bateria insana. Com andamento que conta com algumas variações leves, mas bem dinâmicos. Uma das melhores do álbum. “Lord of Ruins“, já conhecida por todos nós, pois foi o primeiro gostinho que tivemos do novo trabalho. Essa mais ríspida, com os blast beats comandando boa parte da faixa. O refrão forte com certeza será ecoado nos shows, aliás, já está sendo. Por fim, “The Closure” encerra exatamente como o álbum começa, dessa vez com uma peça de piano que parece nos levar de volta a neblina densa.

A Crypta evoluiu perfeitamente, incrementou novos elementos em seu som, buscou sair da zona de conforto com passagens acústicas, andamentos mais lentos e experimentações que caíram muito bem no álbum. As guitarristas dão um verdadeiro espetáculo. Tainá só confirmou o que já sabíamos: que é uma das melhores guitarristas do gênero, toca com uma naturalidade que mostra muita grandeza. Jéssica caiu como uma luva na banda e em seu primeiro trabalho apresenta solos impecáveis e uma base muito sólida. Na bateria, Luana Dametto está implacável, com certeza sua melhor performance em um álbum incluindo os álbuns com o Apophizys e Nervosa. Fernanda dispensa comentários, sua performance vocal sempre foi incrível e dessa vez destaca o baixo e ótimas linhas que se destacaram mais nessa gravação. Enfim, me arrisco a dizer que esse é o melhor álbum de uma banda nacional lançado esse ano e ainda vai demorar pra sair dos fones de ouvido. Dê o Play e vicie-se em “Shades Of Sorrow“.

Tracklist:

01. The Aftermath (1:02)
02. Dark Clouds (4:47)
03. Poisonous Apathy (4:29)
04. The Outsider (5:29)
05. Stronghold (6:15)
06. The Other Side of Anger (4:24)
07. The Limbo (0:47)
08. Trial of Traitors (4:55)
09. Lullaby for the Forsaken (4:30)
10. Agents of Chaos (4:50)
11. Lift the Blindfold (4:29)
12. Lord of Ruins (5:14)
13. The Closure (0:41)

Formação:

Fernanda Lira – Baixo
Luana Dametto – – Bateria
Tainá Bergamaschi – Guitarra
Jéssica Di Falchi – – Guitarra