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Beat celebra King Crimson em noite histórica no Espaço Unimed

Beat celebra King Crimson em noite histórica no Espaço Unimed

10 de maio de 2025


Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Na sexta-feira, 9 de maio, o Espaço Unimed, na Barra Funda, foi palco de um daqueles encontros que só a música progressiva pode proporcionar: a estreia da banda BEAT, formada por Adrian Belew, Steve Vai, Tony Levin e Danny Carey. O quarteto, verdadeiro dream team de virtuoses, reuniu-se para homenagear os clássicos mais recentes da lendária King Crimson, celebrando a fase em que Belew e Levin ajudaram a redefinir os rumos do grupo.

O público, formado por fãs de todas as idades, sabia que presenciaria algo raro. O BEAT não se propôs a apenas revisitar canções: transformou o palco em um laboratório de invenções sonoras, onde cada músico trouxe sua assinatura inconfundível.

O primeiro set abriu com a energia caótica de Neurotica, já estabelecendo o tom: Belew, com sua guitarra camaleônica, evocava sons que pareciam saltar de um quadro surrealista, enquanto Vai, sempre preciso, acrescentava camadas de lirismo e técnica. Neal and Jack and Me e Heartbeat vieram na sequência, com Tony Levin mostrando porque é considerado um dos baixistas mais inventivos do rock — suas linhas, ora profundas, ora percussivas, davam corpo e alma às composições. Danny Carey, por sua vez, trouxe uma nova dimensão rítmica: sua bateria, cheia de polirritmias e texturas, transformou faixas como Sartori in Tangier e Industry em experiências quase xamânicas.

O set seguiu com interpretações inspiradas de Model Man, Dig Me e Man With an Open Heart, culminando na intensidade instrumental de Larks’ Tongues in Aspic (Part III) — um verdadeiro tour de force onde cada integrante pôde brilhar, mas sempre a serviço do coletivo.

Após um intervalo de 20 minutos, o segundo set mergulhou ainda mais fundo na atmosfera crimsoniana. Waiting Man e The Sheltering Sky trouxeram momentos de contemplação, com Belew explorando timbres etéreos e Vai dialogando em solos quase telepáticos. Sleepless e Frame by Frame incendiaram a plateia, que acompanhava em transe os intrincados compassos e mudanças de dinâmica. Matte Kudasai foi um respiro poético, com Belew emocionando ao microfone, enquanto Elephant Talk e Three of a Perfect Pair mostraram a química absurda entre os músicos. Indiscipline fechou o set regular com explosão e irreverência, arrancando aplausos entusiasmados.

No bis, a banda surpreendeu com uma versão incendiária de Red, faixa que sintetiza a brutalidade e a sofisticação do King Crimson. Em um momento de descontração, Belew puxou o coro de “Happy Birthday to You” para Danny Carey, celebrado pela plateia em clima de festa. O encerramento veio com Thela Hun Ginjeet, transformando o Espaço Unimed em um redemoinho de energia, groove e experimentalismo.

O show do BEAT foi mais do que uma homenagem: foi uma celebração da criatividade sem limites, da coragem de reinventar o passado e de manter viva a chama do King Crimson. Belew e Levin, velhos conhecidos dessas canções, pareciam se divertir ao lado dos parceiros de luxo Vai e Carey, que trouxeram frescor e novas possibilidades aos arranjos. O resultado foi uma noite inesquecível, em que a música progressiva mostrou, mais uma vez, sua capacidade de surpreender, emocionar e desafiar.

O BEAT entregou um espetáculo à altura da lenda que homenageava, unindo técnica, emoção e ousadia em um tributo que ficará na memória dos fãs. Uma noite em que São Paulo foi, por algumas horas, o epicentro do universo crimsoniano.

Set 1

Neurotica

Neal and Jack and Me

Heartbeat

Sartori in Tangier

Model Man

Dig Me

Man With an Open Heart

Industry

Larks’ Tongues in Aspic (Part III)

 

20 min intervalo

 

Set 2

Waiting Man

The Sheltering Sky

Sleepless

Frame by Frame

Matte Kudasai

Elephant Talk

Three of a Perfect Pair

Indiscipline

 

BIS:

Red

Thela Hun Ginjeet

Galeria do show