Resenhas

A Little Too Late

Nate Vickers

Avaliação

9.0

A energia fervilhante do metal/rock moderno americano ganha novos contornos com ‘A Little Too Late’, o EP de estreia de Nate Vickers, lançado pela Oxide Records. Em uma explosão de pouco mais de 20 minutos dividida em sete faixas, Nate Vickers nos convida para um passeio vibrante pelos becos sombrios do metal alternativo e hardcore. Uma crueza sonora e uma energia desenfreada. As composições são diretas, com ênfase em acordes pesados e repetitivos que criam um som visceral e poderoso. A guitarra é um dos elementos centrais, muitas vezes distorcida e tocada com agressividade, produzindo riffs intensos, proporcionando uma base sólida que abraça o ouvinte no primeiro segundo.

Com mais de 1,4 milhão de seguidores no TikTok, 450 mil seguidores no Instagram e milhões de visualizações em seus covers virais, Nate já se consolidou como um artista revelação no atual renascimento do rock moderno. Seu talento bruto e vocais cativantes rapidamente ganharam força, levando-o a criar uma base de fãs dedicada em todo o mundo nas redes sociais e agora, entregando um disco potente.

O álbum abre com a faixa título que te joga de cabeça em um redemoinho sonoro. Com vocais distorcidos e guitarras potentes, a música traz uma energia contagiante que ecoa o estilo explosivo inspirado em Linkin Park. A bateria estourada adiciona uma camada de agressividade que não deixa ninguém parado. É um começo de tirar o fôlego que já estabelece o tom do álbum: eletrizante e impiedoso. Essa faixa com certeza é a mais comercial e irá conquistar os ouvintes.

Em seguida, “I’d Rather D*i” mantém a chama acesa com um legítimo rock alternativo dos anos 2000. a faixa desacelera um pouco o ritmo. Apesar de lenta, não perde o peso característico do álbum. É uma faixa introspectiva, com um apelo emocional que ressoa profundamente. As guitarras são mais melódicas, e os vocais de Nate ganham uma nova dimensão, mostrando uma faceta mais versátil e emotiva da banda. Uma balada sentimental que remete a Bad Omens e Bring me The Horizon.

A velocidade melódica e os riffs pesados deixam claro que Nate Vickers não está para brincadeira. “Over & Over” é uma ode à intensidade, e sua execução impecável mantém a adrenalina alta. O vocal é outro elemento distintivo, tanto nesta canção como em todo disco, com uma entrega intensa, transmitindo uma sensação profunda sentimental. A voz é carregada deste contraste, complementando perfeitamente a agressividade instrumental.

Em “I’m Fine” a versatilidade da banda brilha, mostrando que eles sabem exatamente como manipular seus instrumentos para criar algo único e empolgante, embora seja profundamente depressivo. Nesta temos um toque do emo dos anos 2000, e até quem não entende a língua inglesa pode sentir a intensidade de sentimentos nessa faixa, que corte profundo.

“Bury Me” segue a linha de rock/metal melódico. O solo de guitarra é simplesmente perfeito, uma explosão de técnica e paixão que prende a atenção do início ao fim. É uma faixa que encapsula a essência melancólica, sem compromissos e sem medo de ser autêntica. Nesta faixa cada instrumento brilha em sua própria intensidade, criando uma experiência sonora visceral. As guitarras pesadas e melódicas e a bateria martelante são um lembrete de que Nate sabe exatamente como canalizar a fúria juvenil em música – Apesar de estarmos diante de experientes, e músicos não tão jovens assim.

As duas últimas faixas são uma versão acústica de “Over & Over” e “Bury Me”. Nesse ponto, já podemos notar que a produção das músicas é propositalmente rudimentar, capturando a energia sentimental e a espontaneidade. Há uma falta deliberada de polimento, que confere um charme autêntico e uma sensação de proximidade, como se a banda estivesse tocando bem na sua frente. Isso não é uma crítica, muito pelo contrário, é uma confirmação de que quando a produção sabe se aproveitar do que lhe é dado, é possível se construir pérolas.

Este final é uma conclusão perfeita para um álbum que nunca perde o fôlego. As faixas finais deixam uma sensação de satisfação, como se tivéssemos vendo os créditos de um filme que deixou a boca aberta do início ao fim.

Este EP de estreia não decepciona, ele é exatamente aquilo que procuramos – atitude, criatividade e qualidade – e uma explosão de sentimentos profundos. Cada faixa mostra o poder que o rock tem para levantar o público. Este álbum é uma verdadeira joia para os fãs de rock que procuram algo intenso e inesquecível.