Um dos novos nomes do cenário da múisca pesada mineira é a Skive, um quinteto que em meio um som pesado e moderno, traz reflexões sobre a dualidade da mente humana e suas batalhas internas, onde o nosso lado emocional e racional estão sempre em combate e nos encaminhando para um crescimento pessoal!
O vocalista Pedro Laga conversou com exclusividade o Headbangers News e contou mais detalhes sobre o primeiro full lançado recentemente, “Symbolic Metamorphosis”, responsável por apresentar a Skive ao mundo em grande estilo!
-A banda é relativamente nova, vocês começaram em 2023, certo? Conte pra gente como foi o nascimento da banda, de quem foi a ideia e qual era o foco de vocês
A ideia inicial partiu do nosso guitarrista Pedro Antonio. Ele já escrevia suas próprias composições e nunca teve um gênero específico em mente. Ao ser encorajado por amigos durante sua trajetória na faculdade e por estar cansado de tocar apenas covers, resolveu iniciar a banda com seu irmão Lucas e seu colega de sala, Michetti.
Mais tarde, entrou um segundo guitarrista, Jonas, que infelizmente não faz mais parte da banda. Por último, chegou o vocalista Pedro. Foi apenas após a entrada dele que a banda realmente começou a se estruturar e a desenvolver suas próprias composições.
O foco inicial era conseguir terminar um álbum para que pudéssemos nos lançar como uma banda autoral.
-Como foi/está sendo o processo de criação da sonoridade da Skive? Porque o ponto de partida da banda é o metalcore, mas é nítida a tendência para experimentações…como vocês sentem o som de vocês?
A Skive possui referências de bandas dos mais diversos gêneros, como Angra, Alice in Chains, Bullet for My Valentine, Killswitch Engage, Sleeping with Sirens e até mesmo rock japonês.
Depois de terminarmos nossas músicas e levá-las ao nosso produtor, André, percebemos uma nítida semelhança com Avenged Sevenfold em diversos aspectos, mesmo sem essa banda ter sido nossa referência inicial.
Temos em comum na banda o gosto pelo emo e pelo metalcore, e acredito que, mesmo sem percebermos, principalmente no instrumental, diversos elementos desse gênero acabam se refletindo no nosso som. No entanto, é muito difícil definir exatamente o que fazemos, e o gênero mais próximo que encontramos para nos descrever é o metalcore, até mesmo pela estética da banda.
Atualmente, a banda segue o mesmo processo de composição: nos reunimos para explorar riffs no momento ou levamos alguns já prontos e, a partir deles, desenvolvemos a ideia. Primeiro trabalhamos na guitarra, depois no baixo, na bateria e, por último, na voz. Ainda não sabemos os rumos das próximas composições.
-Vocês acabaram de lançar o debut “Symbolic Metamorphosis”, como foi o processo de composição desse disco?!
Nosso processo de composição é um pouco caótico, quase um Frankenstein, e nem todas as músicas foram criadas da mesma maneira.
Bones, por exemplo, foi composta de forma colaborativa, no momento. O vocal foi criado junto com o riff de guitarra, e a letra, escrita pelo vocalista, já existia antes mesmo do instrumental.
Falling Apart surgiu a partir de uma ideia do baixista Lucas, que os demais membros desenvolveram em cima.
Vampires foi composta inicialmente pelo baterista.
Ghosts nasceu de uma jam session no estúdio, quando todos os membros se reuniram, tocaram juntos e gravaram a ideia no celular para refiná-la depois.
No final desse processo, levamos cerca de 14 músicas ao nosso produtor, André. Ele nos ajudou a selecionar as melhores e a trazer a coesão necessária para cada uma, ajustando o que precisava ser removido e adicionando elementos que estavam faltando.
-As letras têm um cunho mais sentimental, certo?! Tem alguma faixa específica que seja a “favorita” pra vocês? Ou que tenha um significado mais profundo para a banda?
Para a banda como um todo, acredito que não, mas para mim e para o guitarrista Pedro, Bones tem um valor especial. Foi a primeira música que escrevemos juntos, já comigo nos vocais, e surgiu espontaneamente no momento. Ela passou por muitas mudanças e floresceu ao longo de todo o processo de criação do álbum, simbolizando essa trajetória.
Agora, para mim, como vocalista e autor das letras, minha música favorita é Fade Away. Ela descreve um momento da minha vida em que uma pessoa muito querida e próxima tentou me dizer quem eu deveria ser e o que fazer da minha vida. Com o tempo, essa atitude começou a se espalhar para todas as pessoas ao meu redor, até mesmo para aquelas que não tinham importância alguma para mim, pessoas das quais, diante dos olhos delas, eu “desaparecia” não tinha importância. Porém, ainda assim, queriam que eu fosse algo que, na verdade, percebi ser o reflexo dos próprios sonhos delas, sonhos que haviam sido deixados para trás no passado.
Essa letra foi escrita com muita raiva—mais raiva do que eu gostaria de admitir quando olho em retrospectiva. Mas, com o tempo, aprendi a lidar e superar isso. Era a última coisa que eu precisava mudar em mim, a última música do álbum, o estágio final da minha metamorfose. E, por isso, o álbum como um todo simboliza essa transformação: Symbolic Metamorphosis.
-A arte da capa foi feita pelo vocalista Pedro Laga, o que é bem interessante, gosto muito quando a própria banda é engajada com as outras “vertentes” de sua própria arte, isso sempre deixa o trabalho mais pessoal. O que vocês querem transmitir com o design da capa e as artes da banda?
A capa do álbum apresenta um elemento muito popular atualmente: o cyber sigilismo, que se refere aos símbolos. A escolha desses símbolos, além do próprio vislumbre estético, deve-se ao fato de que são formas orgânicas, desenhadas de maneira “espontânea”, mas que seguem uma “grid” ou padrões rígidos e geométricos, como linhas retas e circunferências. Ou seja, eles representam a união da razão e da emoção, simbolizando como eu buscava transformação, como desejava deixar de ser a pessoa rígida e paralisada pela razão e me tornar alguém mais espontâneo, capaz de viver a vida sem tanta tensão – a tal da metamorfose, novamente.
O aspecto pontiagudo e delicado – complementado pelo olhar – também evidencia essa dualidade e o antagonismo presentes na transformação, algo delicado e, ao mesmo tempo, doloroso. O olhar representa como tudo isso está além do que os olhos podem ver; você está enxergando a transformação, mas não com os olhos. Esses elementos também fazem alusão à música “Fade Away”, que encerra o álbum.
A arte foi inicialmente criada em um caderno com caneta nanquim. Depois, passei para o computador e finalizei no digital; porém, busquei preservar a materialidade do tradicional, com o intuito de manter, novamente, a dualidade entre a razão e a emoção, o digital e o tradicional.
-Se vocês pudessem definir a essência da banda ou do som de vocês em apenas uma frase, como seria?
Equilíbrio entre antagonismos
-Quais os planos da banda para 2025?
Nós queremos espalhar nossa música pelo brasil e criar conexões entre músicos e bandas autorais dos mais diversos cantos do país, queremos adentrar definitivamente nesse cenário do metal autoral brasileiro. Na prática isso significa tentar tocar fora da nossa cidade e trazer bandas de outros lugares para cá, Minas Gerais.
-Pra finalizar a entrevista, mande um recado para os leitores do Headbangers News!
Esperamos que vocês curtam o nosso novo álbum Symbolic Metamorphosis e que possam de alguma forma se identificar com o que buscamos expressar. Que as músicas desse álbum confortem aqueles que precisam de algum conforto e divirtam aqueles que apenas buscam uma boa música para se escutar. Sigam a gente no instagram e enviem para nós o que acharam, estamos sempre abertos a conversa por lá!
Ouça aqui Symbolic Metamorphosis: