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Setembro Negro Festival 2025: O impactante retorno de um gigante do Metal

Setembro Negro Festival 2025: O impactante retorno de um gigante do Metal

6 de setembro de 2025


Crédito das fotos: Jaqueline Souza/Headbangers News

Após sua última edição em 2023, o aguardado retorno do Setembro Negro Festival finalmente aconteceu em 2025, trazendo um lineup verdadeiramente impressionante. Pela primeira vez, o festival aconteceu na VIP Station, localizada em Santo Amaro, São Paulo, um local que, apesar de imponente, apresentou alguns desafios logísticos que influenciaram a experiência geral do público.

O que ficou claro desde o início foi o tamanho do entusiasmo dos presentes. A casa estava completamente lotada, com um público apaixonado e sedento por uma noite de peso sonoro. No entanto, um grande problema logo se destacou: a mobilidade interna da VIP Station, especialmente para o Palco Infernal, localizado no subsolo da casa. Quando as apresentações ocorriam simultaneamente e o público lotava a casa, descer até o Palco Infernal tornava-se uma missão quase impossível. Já no Palco Maioral, que estava na área principal, a experiência foi bem mais tranquila. Apesar da casa cheia, o público conseguia curtir as bandas sem maiores dificuldades, completamente conectado ao som das apresentações.

UMA JORNADA ENTRE PALCOS E ESTILOS
O primeiro dia do festival teve início às 18h30 no Palco Infernal, com os cearenses do Necrofilosophy. Rafael “Necro” Morais (voz), Bruno Linhares (guitarra), Jairo Alexandre (baixo) e Rodrigo Falconieri (bateria) foram responsáveis por abrir os trabalhos e entregar meia hora de death metal visceral que incendiou imediatamente a plateia. O público que conseguiu chegar ao pequeno subsolo foi recompensado por uma performance energética, repleta de riffs cortantes e uma precisão rítmica impressionante. A intensidade da banda fez o público esquecer momentaneamente o aperto do espaço, com rodas de mosh surgindo mesmo no ambiente limitado.

Enquanto isso, às 19h10, simultaneamente ao final do show do Necrofilosophy, subiram no Palco Maioral os alemães do Thulcandra, liderados por Steffen Kummerer. O público que conseguiu acessar o palco principal teve a oportunidade de testemunhar uma apresentação impecável, onde o death metal melódico com tons de black metal da banda foi executado com maestria. Durante quase uma hora, o quarteto impressionou com sua precisão técnica e a presença magnética de Kummerer. Até mesmo as passagens mais melódicas carregavam um peso sombrio que envolveu o público completamente.

Já às 20h10, de volta ao Palco Infernal, foi a vez dos americanos do Vermin Womb colidirem contra o público com seu death grind caótico e abrasivo. Apesar das dificuldades de locomoção até o subsolo da casa, quem conseguiu chegar foi engolido por uma parede sonora esmagadora. O trio formado por J.P. Damon (bateria), Elm (guitarra/voz) e Artus (baixo) foi direto ao ponto, entregando quarenta minutos de pura brutalidade. Mal havia espaço para se movimentar, mas isso não impediu o público de responder à intensidade da banda com rodas insanas e energia explosiva.

Já no Palco Maioral, às 21h, os irlandeses do Primordial dominavam completamente a plateia. A banda, que mistura folk metal céltico com black metal, trouxe uma apresentação emocionante e carregada de teatralidade. O vocalista A.A. Nemtheanga é um espetáculo à parte – cada palavra cantada ou gritada ecoava como um sermão, enquanto gestos e olhares hipnotizavam a multidão. O setlist foi uma verdadeira experiência transcendente, onde cada música parecia contar uma história que unia os presentes em catarse. Mesmo em um palco maior e sem as dificuldades do subsolo, a conexão com o público era intensa, como se todos estivessem num ritual conduzido pelos mestres do som celta.

Às 22h10, no retorno ao Palco Infernal, foi a vez de o The Crown encerrar as atividades no subsolo. Os suecos, mestres do death melódico com pitadas de thrash metal, trouxeram uma apresentação visceral e agressiva que colocou à prova os limites da estrutura da casa. Riffs rápidos e precisos de Marcus Sunesson e Marko Tervonen, aliados à fúria vocal de Johan Lindstrand, desencadearam uma avalanche de energia no público. A banda entregou um dos shows mais intensos do subsolo, mesmo com todas as limitações de espaço e a dificuldade de acesso enfrentada pela plateia.

Para fechar a noite, às 23h10, o esperado momento da estreia dos norte-americanos do Agalloch no Brasil. No Palco Maioral, a banda levou o público a uma experiência quase espiritual com sua mescla de folk atmosférico, doom e black metal. John Haughm conduziu o público por um setlist que era ao mesmo tempo introspectivo e avassalador, com faixas longas e complexas pintando paisagens sonoras carregadas de melancolia e transcendência. Don Anderson (guitarra), Jason Walton (baixo) e Hunter Ginn (bateria) também brilharam em suas execuções, arrancando fortes aplausos a cada passagem intricada. Foi, sem dúvida, um encerramento perfeito para uma noite memorável de metal extremo.

UM COMEÇO PROMISSOR COM DESAFIOS
O primeiro dia do Setembro Negro Festival 2025 provou ser uma experiência sonora inesquecível. A organização entregou um lineup absurdamente forte, com bandas de altíssimo nível cobrindo diversas vertentes da música extrema e satisfazendo gostos variados. No entanto, os problemas de locomoção entre palcos, agravados pela superlotação, prejudicaram a experiência de quem desejava transitar entre o Palco Infernal e o Palco Maioral.

Com tudo isso, os pontos altos da noite eclipsaram as dificuldades logísticas, e o público saiu com a certeza de já ter testemunhado um marco. Ainda assim, a promessa de um segundo dia ainda mais lotado eleva as expectativas ao máximo para o que está por vir. Afinal, a paixão pelo metal supera qualquer adversidade, e o Setembro Negro Festival 2025 consolida-se como uma celebração definitiva do metal extremo. Que venha o Dia 2! Hail!

Galeria do show