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Stone Temple Pilots faz show impecável no Terra SP com setlist nostálgico dos anos 90

Stone Temple Pilots faz show impecável no Terra SP com setlist nostálgico dos anos 90

24 de maio de 2025


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

O Stone Temple Pilots, ícone do Grunge e do Rock Alternativo dos anos 1990, voltou ao Brasil em sua quinta passagem, na última quinta-feira (22), no Terra SP, na Zona Sul de São Paulo. O evento, que ocorreu dois dias antes da apresentação da banda no segundo dia do festival brasiliense Porão do Rock, contou com a abertura da banda estadunidense Velvet Chains

O quarteto californiano enfileirou sucessos de seus quatro primeiros álbuns de estúdio para uma legião de fãs que lotou as pistas e mezaninos da casa de eventos e que, do início ao fim, não parou de cantar, alternando entre coros mais tímidos para faixas um pouco menos expressivas e cantos tão altos quanto o que Jeff Gutt reproduzia em seu microfone, nos maiores sucessos. Tudo isso em um repertório de 17 faixas que, mesmo com a ausência de “Creep” – pedida pelo público -, explorou faixas melancólicas e mais animadas das faixas noventistas da banda.

Da mesma forma, a banda de abertura trouxe um repertório que, ao longo do show, conquistou aqueles que não conheciam o grupo, assim como impressionou os que já conheciam ou viram anteriormente, trazendo impressões mais que positivas como saldo final, como você verá a seguir.

22/05/2025 – A banda norte-americana Velvet Chains se apresenta na casa de shows Terra SP, na zona sul de São Paulo. O grupo fez a abertura do show do Stone Temple Pilots. Foto: Carlos Pupo/Headbangers News

Velvet Chains

Uma das coincidências entre o STP e a banda de Hard Rock que abriu o evento foi justamente a participação na primeira edição do Summer Breeze no Brasil, em 2023. Naquela ocasião, cada banda se apresentou em um dia diferente. E os caminhos das bandas se cruzaram novamente. Para o Velvet Chains, era a terceira passagem pela capital paulista, sendo a segunda abrindo para uma banda principal – a última foi para o projeto Slash feat. Myles Kennedy and the Conspirators, em 2024.

A responsabilidade do quinteto em abrir a noite no Terra SP não somente foi muito bem abraçada, como o público presente acatou, recepcionou e saiu com uma impressão totalmente positiva da banda – a destacar a quantidade de pessoas que, na saída do show, pediram para tirar foto com os cinco.

O grupo começou o show alguns minutos mais cedo do que o previsto, em um movimento repentino que se deu a partir da entrada de Jason Hope (bateria), que inicializou as primeiras batidas para, na sequência, os demais membros entrarem: Nils Goldschmidt (baixo e backing vocal), Von Boldt (guitarra rítmica), Philip Paulsen (guitarra solo e backing vocal) e Chaz Terra (vocal principal). O repertório, com 13 faixas, abordou o repertório de lançamentos que vão desde o primeiro EP, “Morbid Dreams” (2022), passando por singles avulsos e o primeiro – até então, único – álbum de estúdio, “Last Rites”, lançado em abril deste ano.

“Wasted” foi a primeira faixa e trouxe muito da essência do Velvet Chains: um Hard Rock poderoso, encabeçado pela condução sonora e performática de Nils, Jason e Von, somada às linhas e solo poderosos de Philip e a voz carregada de Chaz – apesar de, ao menos para quem estava no meio da pista e mais próximo do palco, seu volume ter ficado mais baixo que os demais instrumentos, ficando mais perceptível nas notas vocais mais altas. Em seguida, a faixa “Back on the Train” trouxe uma leve lembrança de como soava o Velvet Revolver nos tempos de Contraband, o que também foi positivo nessa fase inicial do show.

Chaz se mostrou interativo com o público desde o começo, puxando um “Vamos botar pra f*der”, na língua portuguesa, e pedindo, da mesma forma, para que marcassem a banda no Instagram. O show prosseguiu com “Fade Away” e “Eyes Closed”, marcadas por uma performance ainda mais enérgica de Von Boldt, que tinha os elementos visuais mais destacados: um chapéu de aba larga e um microfone vintage no tripé, além de palhetadas fortes em determinados momentos das músicas.

Os membros do Velvet Chains prosseguiram com faixas como “Enemy”, “Run Away” e “Stuck Against the Wall”, que conquistaram o público que já estava no Terra e a quem chegou durante a apresentação, com ótima condução rítmica dos instrumentistas, tal qual vocal por parte de Chaz. Em seguida, “Last Drop” trouxe mais interações de Von Boldt com os demais membros da banda, gerando até mesmo um cumprimento com o baterista no meio da faixa.

A banda ainda trouxe a releitura de “Suspicious Minds”, de Elvis Presley. Foi um dos momentos em que Chaz Terra pareceu mais “solto” no palco enquanto cantava – já que, nos momentos de discurso, sempre fazia uma brincadeira ou inflamava o público por mais músicas -. Da mesma forma, a atuação de backing vocal de Von Boldt também se destacou mais para esta faixa, tornando a soma de elementos completamente positiva. O resultado foi uma salva de palmas fervorosa ao final da faixa.

Houve também a execução de “I am the Ocean”, apoiada pelo público com os flashes de celulares, a pedido de Chaz, que retribuiu com ótimas execuções nos refrões e uma entrega ainda melhor. Tal padrão seguiu com o single mais recente do grupo, “Ghost in the Shell”, que foi lançado no último dia 16. Do riff inicial das guitarras ao falsete que encerrou a faixa, tudo encaixou perfeitamente para outra ótima execução no show.

Para a reta final, o Velvet Chains tocou “Dead Inside” e finalizou com “Tattoed”, nos últimos grandes solos de guitarra de Philip Paulsen e com espaços para a dinâmica de apresentação dos integrantes. O mais surpreendente aconteceu justamente na última música quando, quase que do nada, Von Boldt apareceu no meio da pista premium, encerrando a música no meio da galera com a entrega que teve em toda a apresentação. Foi o último de vários pontos positivos da sonoridade do Velvet Chains que, já em uma grande ascensão, fez outra ótima abertura em solo brasileiro.

22/05/2025- Stone Temple Pilots durante apresentação no Terra SP em São Paulo nesta quinta-feira, 22 de maio de 2025. Foto: Carlos Pupo/Headbangers News

Stone Temple Pilots

O tempo de montagem do palco para o show principal e dos testes de som passou tão rápido que o público, mesmo que já concentrado nas pistas e mezanino, nem mesmo percebeu, a não ser quando a logo do grupo piscou pela primeira vez.

O show começou com três minutos de antecedência, às 21h27, com o apagar das luzes, a evidência do logo e uma breve introdução que permitiu a entrada de Eric Kretz (bateria), dos irmão Robert e Dean DeLeo (baixo e guitarra, respectivamente) e de Jeff Gutt (vocal). Como se a presença do quarteto já não fosse motivo suficiente para o delírio coletivo, o início do show, com “Unglued”, deu o norte de uma sonoridade impecável por parte da banda, e de um público com as letras na ponta da língua – o que perdurou em todas as 17 faixas tocadas na noite.

O coletivo vocal foi mais evidente em “Wicked Garden”, com o refrão ecoando da frente ao fundo da pista e de uma ponta a outra das cabines do mezanino, situação que não somente potencializou a voz e performance de Jeff no palco, como a dinâmica dos irmãos DeLeo em ir de um lado para outro do palco, notando cada região possível do local. “Vasoline” só deu sequência a um estado catártico daquele início de show.

Os fãs não pouparam garganta para também gritar o nome da banda após a terceira faixa. E sobrou voz para ovacionar os agradecimentos de Jeff, tal qual a energia para cantar e dançar “Big Bang Baby”. Ao mesmo tempo, Jeff era impecável na voz, o que também ficou perceptível em “Down”, única faixa que representou o álbum “Nº 4” (1999), quando ele foi para perto dos fãs na grade da pista premium, ficando a música inteira a transitar por todo o pit de fotógrafos. Dean DeLeo também trouxe seu ótimo solo de guitarra nessa faixa, sem contar as linhas pertinentes de Robert e a finalização apoteótica de Eric, com os pratos da bateria.

A impressão positiva de Jeff Gutt para a quantidade de pessoas presentes no Terra SP foi uma motivação para que ele mantivesse o mesmo pique performático na sequência do show. E com um repertório favorável de sucessos dos anos 90, vieram as pedradas “Silvergun Superman” e “Meatplow”, ambas do disco “Purple” (1994) e com riffs incomparáveis, assim como as letras bem cantadas.

Como de costume – e sempre com a mesma importância -, o saudoso Scott Weiland foi lembrado pela banda e, consequentemente, pelos fãs, a partir do anúncio de Jeff em dedicar “Still Remains” para o lendário frontman, que faleceu em 2015, já fora do STP. Mesmo que tenha sido um dos momentos que o público menos cantou com ênfase, a situação emocionante gerou máximos aplausos durante e após a faixa, mantendo vivo o legado de Scott.

O momento mais melancólico seguiu com “Big Empty” que, apesar dessa temática mais triste, não deixou de ser cantada pelo público. A faixa em questão, outro sucesso de “Purple”, foi tocada após uma inicialização mais longa dos irmãos DeLeo, em linhas improvisadas que desaguaram no riff da faixa em questão. Ao todo, outro momento deveras emocionante na noite que, após um tempo de silêncio no palco ao final da música, se converteu no maior pico de coros dos fãs em “Plush”, maior sucesso do disco de estreia, “Core” (1992). Os cantos foram tão altos que até mesmo a banda permitiu que o público cantasse um trecho quase que a cappella, fora momentos inusitados como o presente que Jeff ganhou de um (a) dos (as) fãs: uma rosa.

Jeff chegou a pedir um shot de Tequila ao final de “Plush”, algo que ganhou mais pra frente. Nesse meio tempo, a banda tocou mais sucessos, a começar por “Interstate Love Song”, que gerou outro momento catártico da galera, que não parou de cantar por um segundo. Depois, “Crackerman” os fez pular, a pedido do frontman incansável, numa brecha que gerou até mesmo uma roda de bate-cabeça no fundo da pista comum, mesmo que com pouca adesão.

Houve um clima de suspense antes do início da poderosa “Dead & Bloated”, com linhas de guitarra, baixo e bateria que geraram um ambiente de suspense na casa de eventos. Entretanto, a partir do primeiro “I am” cantado por Jeff Gutt, o local voltou a ir abaixo, vocalmente falando, em outro clima catártico que fez até mesmo algumas pessoas cantarem fora do tempo – nada que prejudicasse aquele momento. Ao final, a dose de Jeff chegou e garantiu o momento “cheers” com a galera. O primeiro grande ato daquele show terminou com “Trippin’ on a Hole in a Paper Heart”, que conseguiu outro pico vocal do público, junto a Jeff, nos refrões, fora a performance impecável da banda por um todo.

Com a saída momentânea dos integrantes do Stone Temple Pilots, parte do público começou a gritar o nome da banda, enquanto outra parte, menor, chegou a pedir “Creep”, faixa que remete a momentos sombrios da banda e até de Scott Weiland e que, por conta disso, só é tocada ao vivo em ocasiões pontuais. Por consequência, não foi tocada no Terra SP.

Com o retorno da banda ao palco, veio a última trinca de músicas da noite. A primeira foi “Kitchenware & Candybars”, faixa mais lenta e melancólica. A situação mudou para um final mais agitado com a dupla de faixas do álbum “Core”, sendo a primeira a poderosa “Piece of Pie”, com sonoridade absurda de todos os membros da banda e com aclamação ao final, a ponto de levar Jeff a agradecer o público batendo no peito.

O gran finale se deu a partir de uma jam dos instrumentistas que, após o inflamar de Jeff para com o público, que queria mais uma, se converteu na clássica “Sex Type Thing”, que gerou os últimos grandes coros, pulos e o retorno daquela roda de bate-cabeça citada, tudo em meio a uma última performance geral de Jeff, Robert, dean e Eric que só mostrou o quão atemporal o Stone Temple Pilots é, assim como o quão inspirados estão nesta fase e nesta passagem pelo Brasil. Para quem estiver no festival Porão do Rock, em Brasília, no sábado (24), a expectativa pela banda com certeza será retribuída com a melhor sonoridade, performance e repertório possíveis, da mesma forma que São Paulo presenciou.

Confira o setlist abaixo:

Velvet Chains

Wasted
Back on the Train
Fade Away
Eyes Closed
Enemy
Run Away
Stuck Against the Wall
Last Drop
Suspicious Minds (cover e releitura de Elvis Presley)
I Am the Ocean
Ghost in the Shell
Dead Inside
Tattooed

 

Stone Temple Pilots

Unglued
Wicked Garden
Vasoline
Big Bang Baby
Down
Silvergun Superman
Meatplow
Still Remais (dedicada a Scott Weiland)
Big Empty
Plush
Interstate Love Song
Crackerman
Dead & Bloated
Trippin’ on a Hole in a Paper Heart

Encore:

Kitchenware & Candybars
Piece of Pie
Sex Type Thing

Galeria do show