Resenhas

Where Only The Truth Is Spoken

Malevolence

Avaliação

9.0

Chegando no dia 20 de junho pela Nuclear Blast;Shinigami Records, o novo álbum do Malevolence, “Where Only The Truth Is Spoken”, representa um passo ousado e confiante na trajetória da banda britânica. Surgidos do underground com uma ética de trabalho incansável e um som brutal, os músicos de Sheffield conquistaram seu espaço com suor e integridade. Agora, gravando no icônico Studio 606 de Dave Grohl, e com a produção refinada de Josh Wilbur, a banda entrega seu trabalho mais maduro e devastador até aqui. A escolha do console Neve 8078, famoso por registrar clássicos como “Nevermind”, realça a ambição sonora do disco. O resultado é um álbum que mantém o peso característico da banda, mas eleva a composição a um novo patamar.

Liricamente, o álbum é um reflexo direto da alma da banda — transparente, leal e sem concessões. O Malevolence não busca agradar, mas sim expressar verdades pessoais e coletivas, ancoradas em experiências reais. O título já denuncia essa postura crua e honesta, traduzida em faixas que exalam urgência e intensidade emocional. A irmandade entre os membros é palpável e se torna o fio condutor do disco, tornando-o não apenas uma coleção de músicas, mas um manifesto de identidade. Com isso, a banda consolida seu lugar como uma das vozes mais autênticas e potentes do Metal moderno.

A faixa de abertura, “Blood To The Leech”, já chega com tudo, ostentando riffs de guitarra tecnicamente afiados e cheios de. O refrão é explosivo, carregado de agressividade, impulsionado por um uso marcante dos bumbos duplos, que adicionam ainda mais peso e intensidade. A música ainda surpreende com mudanças de andamento pontuais, acelerando o compasso em momentos estratégicos para elevar ainda mais a tensão e o impacto.

A faixa “Trenches” irrompe com uma bateria acelerada, que alterna momentos de pura velocidade com grooves envolventes, sustentando a intensidade. As guitarras despejam riffs pesados e afiados, mantendo firme a espinha dorsal do Metalcore, com uma energia crua e agressiva. Já “If It’s All The Same To You” acelera ainda mais, trazendo riffs cortantes que flertam diretamente com o Thrash Metal. Suas mudanças de andamento são precisas e impactantes, criando um dinamismo que prende a atenção do ouvinte do início ao fim.

Counterfeit” mantém um ritmo acelerado e pulsante, guiado por um compasso intenso que não dá trégua. Os riffs são densos e agressivos, destilando peso com precisão, mas também revelam nuances harmônicas em passagens pontuais, que enriquecem a faixa com uma camada extra de sofisticação. Os vocais, em determinados trechos, evocam o timbre marcante do Five Finger Death Punch, adicionando uma familiaridade impactante sem soar derivativo. Por sua vez, “Sault The Wound” quebra o ritmo frenético com uma abordagem quase baladesca. Apesar de manter uma estrutura densa e pesada, ela se destaca pelo uso inteligente de vocais limpos e elementos melódicos sutis, que adicionam profundidade emocional e a tornam uma das faixas mais distintas do álbum.

So Help Me God” aposta em uma estrutura robusta, com riffs velozes que disparam como rajadas, sustentando o peso característico da faixa. No entanto, é no refrão que a música surpreende — ao suavizar a tensão com uma virada melódica marcante, criando um contraste cativante entre agressividade e sensibilidade.

In Spite” ganha um reforço de peso com a participação especial de Randy Blythe, vocalista do Lamb of God — uma adição que eleva a faixa a outro patamar. Sua voz característica injeta ainda mais ferocidade à composição, que já se destaca por sua estrutura sólida e incessantemente pesada. A bateria imprime um groove marcante, que dá balanço à agressividade e mantém o ritmo envolvente do começo ao fim.

Nas faixas finais, o álbum mantém sua intensidade em alta. “Demonstration Of Pain” entrega uma estrutura pesadíssima, com a bateria conduzindo o ritmo de forma dominante — alternando entre passagens mais cadenciadas e breakdowns que reforçam o peso e a tensão da composição. Em seguida, “With Dirt From My Grave” mantém a ferocidade em evidência, com blast beats certeiros e um andamento acelerado que prioriza a agressividade. O refrão, no entanto, surpreende com uma leve dose de melodia, encerrando o álbum de forma poderosa e equilibrada, sem deixar o nível cair.

Como uma evolução natural de seu antecessor, o novo álbum revela um Malevolence mais maduro, preciso e com uma identidade sonora ainda mais definida. A banda não hesita em ousar, incorporando novos elementos sem perder sua essência. Com esse trabalho, eles demonstram estar plenamente preparados para dar o próximo passo — deixando de vez o cenário underground para conquistar seu lugar entre os grandes nomes do Metal Moderno.

Formação:
Alex Taylor – Vocal
Charlie Thorpe – Bateria
Josh Baines – Guitarras
Konan Hall – Vocais/Guitarra
Wilkie Robinson – Baixo

Tracklist::
1. Blood To The Leech
2. Trenches
3. If It’s All The Same To You
4. Counterfeit
5. Salt The Wound
6. So Help Me God
7. Imperfect Picture
8. Heavens Shake
9. In Spite (feat. Randy Blythe)
10. Demonstration Of Pain
11. With Dirt From My Grave