Há 20 anos, em 12 de julho de 2005, o Obituary lançava o seu quinto full-lenght, o primeiro após o retorno da banda. E “Frozen in Time” é uma espécie de continuação do álbum anterior, “Back From the Dead“, devido ao clina das músicas e as semelhanças. O que os separa são os 8 anos entre um lançamento e outro. O álbum é assunto do nosso Memory Remains deste sábado.
Em 1997, após a turnê de divulgação de “Back From the Dead“, a banda acabou se separando, alegando cansaço com os shows. A banda lançou o ao vivo “Dead” e desde então, os fãs se sentiram órfãos e sempre aguardavam alguma pista de que a banda voltaria em um futuro breve. Durante este hiato, Donald Tardy tocou na banda de Andrew W.K.; Allen West concentrou seus esforços no Lowborw e no Six Feet Under; Trevor Peres, por sua vez, fundou o Catastrophic. Frank Watkins estava vendendo hipotecas e John Tardy trabalhava em uma empresa de informática e praticamente afastado por completo da música.
Certa vez, John Tardy foi perguntado sobre as razões que fizeram com que o Obituary se separasse, e ele respondeu. Vamos abrir aspas para ele:
“Foi uma combinação de pequenas coisas que já tinham acontecido conosco antes. Tínhamos acabado de terminar uma turnê que não tinha sido das melhores e planejamos dar uma pausa. Ninguém esperava que esta durasse seis anos.”
Somente em 2003, a banda se reuniu e para alegria de todos, saiu em 2005 o álbum homenageado de hoje, seguido do primeiro DVD da banda, chamado “Frozen Alive“, que reunia algumas das faixas mais icônicas da banda e também faixas do aniversariante do dia. A ajuda para o retorno veio de Andrew UK, que vendo Donald Tardy tocando com ele, percebeu que era hora de o mundo ver o Obituary novamente, então ele mesmo ligou para todos e propôs que se juntassem à ele para uma apresentação no Ozzfest, na Flórida.
O título do álbum refere-se a decisão de a banda em se concentrar na sonoridade que os lançou ao mundo, então eles optaram por “congelar no tempo” e soar Old-School, ainda que as letras com temática Gore tenham ficado no passado. E John Tardy explicou sobre como foi o processo de composição do novo álbum:
“As pessoas perguntaram se a gente se sentou e tentou soar como a gente antigamente, mas não foi bem assim. Não decidimos se precisamos compor um álbum rápido ou lento, ou tentar soar como outra banda. As músicas simplesmente caíram no nosso colo, foi quase como se nunca tivéssemos parado de tocar.”
Então, a mesma formação que gravou o álbum anterior, juntou-se ao produtor Mark Prator, com a banda assinando a co-produção e com Scott Burns na produção executiva. Ele, que voltaria a trabalhar com a banda desde “World Demise” (1994), marcaria sua despedida, uma vez que se aposentaria logo depois. E assim todos adentraram ao estúdio “Red Room Recorders“, em Tampa, Flórida e saíram de lá com essa belezura, que fora lançada pela Roadrunner, assim como todos os outros álbuns anteriores. A amizade com Scott Burns facilitou com que ele voltasse a ajudar a banda em estúdio.
Em 34 minutos, a banda retorna curta e grossa, em dez canções com média de 3 minutos cada. A mais extensa é a de fechamento, “Lockjaw“, com pouco mais de 4 minutos. Os grandes destaques do álbum ficam por conta de canções como a instrumental “Redneck Stomp“, além de outras como “On the Floor“, “Insane“, “Back Inside“, “Stand Alone“, “Slow Death” e já citada “Lockjaw“. Era o retorno da banda em alto estilo.
Por ser uma banda que tem uma sonoridade extrema, não é comum que os álbuns do Obituary figurem nos charts, porém, o álbum de retorno da banda obteve a 38ª posição no Top 100 da Polônia. E na tour deste álbum, foi gravado o primeiro vídeo dos caras, como dissemos lá no começo deste texto. O sensacional “Frozen Alive”, onde a banda nos brinda com uma das apresentações deste retorno, mesclando faixas antigas com atuais. O álbum foi bem recebido por parte da crítica e também pelo público, que estava ansioso por um novo material da banda depois de tantos anos.
O Obituary não é uma banda que tem como característica o virtuosismo por parte dos seus integrantes. John Tardy reconhece esse fator e entende que todos têm algo a mais, o que dá ao Obituary um plus, principalmente se comparada com bandas mais antigas. E recuperaremos mais uma declaração do vocalista, explicando que eles têm o feeling que acaba por fazer toda a diferença.
“O que mais me impressiona nesses garotos, é que, embora sejam muito técnicos, falta-lhes algo impossível de explicar. Nenhum dos integrantes do Obituary é um grande músico — acho que meu irmão seria o nosso melhor —, mas, felizmente, essa banda tem esse ‘algo’.”
Assim conseguimos constatar que a melhor coisa que o Obituary fez lá em 1997, foi dar um tempo. Os caras voltaram revigorados, com sede de fazer som pesado e “Frozen in Time” é considerado por este que vos escreve como um dos melhores, senão o melhor lançamento da banda desde seu retorno. Mas, enfim, hoje é dia de festejarmos esse álbum estupendo. O quinteto da Flórida não nos decepciona com seus lançamentos e tudo que podemos fazer é além de agradecer a existência deles, desejar também uma longa vida ao nosso “Bitu”, que é engajado com causas sociais e em 2023 lançou o maravilhoso “Dying of Everything“. Já está na hora de a banda lançar material novo.
Frozen in Time – Obituary
Data de lançamento – 12/07/2005
Gravadora – Roadrunner
Faixas:
01 – Redneck Stomp
02 – On the Floor
03 – Insane
04 – Blindsided
05 – Back Inside
06 – Mindset
07 – Stand Alone
08 – Slow Death
09 – Denied
10 – Lockjaw
Formação:
John Tardy – vocal
Donald Tardy – bateria
Trevor Peres – guitarra
Allen West – guitarra
Frank Watkins – baixo