O novo álbum de ClaT, projeto idealizado pelo italian Como Lake, mergulha no universo introspectivo e sentimental do artista, trazendo uma combinação habilidosa de rock alternativo criando uma paisagem sonora retrô e simplória. O título do álbum, ‘Logic’, aponta para uma exploração das complexas relações entre arte, melodia e temas que ressoam em cada faixa.
A primeira faixa, “My Logic”, é um prelúdio que abre o álbum com uma energia synth que rapidamente estabelece o estilo de ClaT e a estética de seu trabalho. A faixa é marcada por uma batida constante e sintetizadores que remontam o estilo synth, apoiada por riffs de guitarra que sustentam uma atmosfera de resignação.
A seguinte, “Hopeful” muda totalmente o ambiente, incorporando dessa vez vocais que criam uma estética mais post punk e synth rock. Os arranjos criam uma sensação de desamparo e nostalgia. A letra explora o conceito de esperança e a busca por conforto.
“3020’s love affair” traz uma abordagem mais melódica, com vocais que remetem a bandas como Bella Morte, Cinema Stange e outros nomes da cena gótica e darkwave. A voz de Lake oferece contraste na faixa que dissocia um pouco do tom da canção, criando uma faixa única. É a que mais gostamos do álbum.
“Escape” surge com uma intensidade emocional diferente. A faixa é caracterizada por um som mais intenso e otimista, com batidas mais fortes do eletrônico e vocais mais assombrosos. Em “Ethereal Beach”, o tom mais eletrônico continua, com riffs de guitarra mais melódicos mantendo a energia do post punk, em uma mistura que não tinha como dar errado. Aqui os vocais continuam assombrosos mas dessa vez, sensuais.
“Sky” surge trazendo um solo de redonador country, algo muito característico e de bom gosto, um solo que beira as canções havaianas e as pantanosas faixas hillbilly. A faixa combina elementos proporcionando um respiro entre temas que marcam a meia jornada do álbum até agora.
“Sunrise” é uma faixa de extrema delicadeza, marcada por sintetizadores que brincam com nossos ouvidos, totalmente inspirado em Blutengel. A combinação cria uma atmosfera de encantamento, refletindo a profundidade da admiração que Lake tenta transmitir.
“My Trap” é outra faixa instrumental, como um prelúdio para a segunda parte do disco. Em seguida, “Climb” faz uma referência mais metal industrial incorporando guitarras pesadas e vocais mais graves, sem deixar de lado os intetizadores – essa faixa lembra muito Bella Morte, uma das minhas bandas preferidas. A faixa “Inhale” é rústica e autêntica, mantendo o espírito synth que é central para a identidade musical de ClaT.
“Starship” é uma faixa que se destaca não apenas por sua sonoridade etérea, mas também pela letra. O arranjo é claramente denso e mais melódico, uma viagem, que logo se transforma e ganha riffs de guitarra e mais potência.
“Neptune”, marca a reta final do disco, a faixa é outro prelúdio assombroso e misterioso. A música é envolta em uma melancolia contemplativa, com um arranjo que mescla o synth com trip hop.
Finalmente, “30 Secods to the end” fecha o álbum com uma sensação de conclusão e aceitação. A faixa é marcada por um arranjo soturno de fim de festa, em seus 30 segudos, mas profundamente emocional, que reforça a ideia de encontrar um novo começo.
‘Logic’ é um disco quase conceitual de ClaT como compositor e intérprete, oferecendo uma jornada musical nostálgica e repleta de introspecção e emoção. Cada faixa contribui para a construção de um panorama lírico e sonoro que ressoa e impregna em nossa mente, solidificando ainda mais o lugar de Lake como um artista de relevância e profundidade, um disco que merece lugar de destaque pelo cuidado e pela ousadia.
