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Após meio século, o álbum Black Sabbath continua um clássico absoluto

Após meio século, o álbum Black Sabbath continua um clássico absoluto

12 de fevereiro de 2020


Com o som da chuva e dos sinos, em uma sexta-feira 13, começou 50 anos atrás a revolução musical de uma banda da classe proletária que não se identificava com as letras, a estética e a psicodelia do “flower power”. Não havia nada de “paz e amor” na cidade de Birmingham em 13 de fevereiro de 1970, ela era gótica e fúnebre.

Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward lançaram a pedra fundamental de um novo subgênero do rock and roll, o Heavy Metal. Eles compuseram a famosa faixa “Black Sabbath”, inspirada no nome de um filme com o ator Boris Karloff dirigido por Mário Brava de 1963, que no Brasil foi lançado como “As Três Máscaras do Terror”. O grupo, que até agosto de 1969 se chamava Earth, decidiu ter o mesmo nome da canção que se tornaria célebre e marcaria a história da música para sempre.

Filme que teria inspirado o nome da música que posteriormente se tornaria título do álbum de estreia e que o grupo adotaria o nome definitivamente

Reprodução

Filme que teria inspirado o nome da música que posteriormente se tornaria título do álbum de estreia e que o grupo adotaria o nome definitivamente

Este memorável álbum de estreia foi gravado em apenas oito horas em 16 de outubro de 1969, em um estúdio de quatro canais na Tottenham Court Road, em Londres, coisa impensável nos dias de hoje, apesar de toda tecnologia disponível atualmente. Vale lembrar que nele estão faixas memoráveis como “The Wizard”, “N.I.B” e “Black Sabbath.

Parte deste fenômeno pode ser explicado pela trajetória inicial da banda, que já se apresentava com frequência com estas músicas em seu repertório pela Europa. Um destes lugares era o Star-Club em Hamburgo, na Alemanha.

A gravação foi realizada quase que como uma “apresentação ao vivo”, com todos os integrantes na mesma sala que seus amplificadores.

Mas o impacto deste lançamento há meio século, deve-se ao fato dos riffs, timbres, distorção e a temática de horror ser diferente de tudo que havia sido feito até então. Os jovens desta banda tiveram uma vida dura e simplesmente gostavam de tocar de um modo mais agressivo.

Ozzy Osbourne já havia sido preso por roubo (passou seis meses na prisão) e trabalhado em um matadouro, numa fábrica automobilística, fez bicos como mecânico, bombeiro hidráulico e em um necrotério. Vinha de uma família da classe operária realmente pobre, com seis crianças e pés descalços,

Tony Iommi vinha da classe média e tinha uma vida mais confortável, mas se tornaria metalúrgico e um acidente mudaria a vida do jovem músico. Teve duas falanges cortadas e por um tempo achou que suas esperanças tinham acabado. Entrou em depressão, até que um dia alguém lhe apresentou a obra de Django Reinhardt, guitarrista de jazz francês que perdeu a mobilidade de dois dedos da mão esquerda, o que o forçou a desenvolver uma técnica própria.

Depois disso, Iommi criou suas próprias próteses com uma garrafa de detergente derretida e as prendendo com um pedaço de couro. Isso o permitiu a voltar a tocar e criar os maiores riffs da história do metal.

https://youtu.be/ob1qcNl1lzs

Geezer Butler, principal letrista do grupo, teve uma criação rígida católica típica de uma família irlandesa. Costumava cantar no coral da escola e frequentava as aulas de religião, adquirindo gosto pelo assunto e procurando conhecer outras religiões também.

Fã de Beatles, Geezer acabou se interessando também pela “onda transcendental” que os rapazes de Liverpool se enveredaram. Assim, era leitor ávido de publicações de diferentes crenças, entre elas o satanismo, magia branca e magia negra. Estes conhecimentos mais tarde seriam extremamente úteis nas composições do Black Sabbath.

Completando o time, juntou-se ao grupo o baterista Bill Ward, que já tocava com Tony Iommi em uma banda chamada Mythology.

Imagem que se tornou famosa, feita pelo fotógrafo Marcus Keef diante do moinho Mapledurham

Marcus Keef/Vertigo

Imagem que se tornou famosa, feita pelo fotógrafo Marcus Keef diante do moinho Mapledurham

Antes deste lançamento pelo selo Vertigo, a banda teria sido recusada por outras 14 gravadoras. O mais curioso, é que a Vertigo até então lançara bandas de hard rock progressivo.

A capa do disco é um ícone à parte. Uma “bruxa” retratada pelo fotógrafo Marcus Keef diante do moinho Mapledurham, no condado de Oxfordshire, na Inglaterra, às margens do Rio Tâmisa. Sob encomenda da gravadora, nesta imagem foi utilizada uma técnica com o filtro infravermelho, que torna os tons verdes mais próximos do rosa.

Cinquenta anos depois, este trabalho definiu a sonoridade de uma enorme quantidade de bandas, talvez sendo um dos mais influentes de toda a história do metal. Um álbum de estreia poderoso, que se tornou um clássico seminal.

Faixas:

1. “Black Sabbath”

2. “The Wizard”

3. “Behind the Wall of Sleep”

4. “N.I.B.”

5. “Evil Woman” (cover de Crow)

6. “Sleeping Village”

7. “Warning” (cover de Aynsley Dunbar Retaliation)