Resenhas

Efterlämnade I Sorg

Tårfödd

Avaliação

9.5

Tårfödd, é o projeto solo de Simon Lindgren da pitoresca Bygdsiljum, Suécia, e o mesmo retorna com “Efterlämnade I Sorg”, um álbum que mais parece uma viagem pela própria alma. Cada faixa é um lampejo de dor, melancolia e beleza sombria, como se você estivesse caminhando por uma floresta escura e, de repente, fosse atingido por um feixe de luz filtrado pelas árvores. Lindgren, que grava praticamente tudo sozinho em seu próprio estúdio doméstico, transforma experiências pessoais de perda em música que é ao mesmo tempo, cruel e aconchegante.

O som de Tårfödd é um mergulho profundo no black metal com elementos atmosféricos, temperado com elementos progressivos e post-rock, sempre carregado de melodia sombria que penetra nos ossos. A voz de Lindgren, funciona como guia por esse labirinto emocional, conduzindo riffs gelados, teclados fantasmagóricos e baterias que soam como o martelar de um coração dilacerado.

“Hopp Föds Och Släcks” abre o álbum com uma tempestade de guitarras e bateria que parecem pulsar. Em “Ond Bråd Död”, riffs caóticos se misturam a passagens melódicas, criando um contraste intenso que só quem já sentiu a fúria do estilo pode descrever. Em “Efterlämnade I Sorg”, vemos o poder da escolha de Simon, ele mistura as cadências do Black Metal Suéco com o Black Metal Noruegués para hipnotizar o ouvinte com crescendo que evocam tanto desespero quanto beleza poética.

“Tomhet” mergulha o ouvinte em vazio absoluto, onde guitarras solitárias e atmosferas densas desenham paisagens de isolamento. Esse ritmo dura 1min20 – até explodir e o som de Lindgren entrar, cortando tudo! Uma das obras mais notórias do disco.

Em “Stilla Ro Och Evig Sömn” vemos um pouco da depressiva black metal ornando – um começo arrastado e negro, que logo se transforma em ódio e brutalidade! Os vocais suaves em cântico que quase fazem você esquecer o peso do que veio antes, tudo isso apenas para ser puxado de volta ao abismo em “Nattsvart”, onde riffs pesados e vocais desesperados dominam, aqui “Pure Fucking Armaggedon” do Mayhem é fichinha – essa faixa tem tudo de um bom Deathened Black Metal.

En Ljusglimt I Mörkret” insere uma luz tênue, melodias que brincam muito com o blackgaze/shoegaze/ post Black Metal. Uma leveza sombria. “Ett Sista Rop” mostra a colaboração com Vindur, trazendo camadas vocais e instrumentais épicas que parecem ecoar em um vale infinito. A faixa cresce gradualmente e tem uma cama genial de instrumental.  “I En Ensamhet” traz uma intro “cheia” com um apelo death, essa faixa entra e sai de momentos de break e blast beat com frequência, numa dança caótica única enquanto “Förlåt För Allt, Del 1” se constrói lentamente até explodir em emoções cruas que culminam em “Förlåt För Allt, Del 2” – está, sim, é a faixa que tem 7min de puro black metal enigmático e energicamente pesado.

O fim fica para “Avslut”, uma faixa que é um suspiro final, um fechamento brutal! A faixa entra com certeza no podium das 3 melhores do disco.”Avslut” é o encerramento perfeito de um disco repleto de qualidade.

Se você se conecta com atmosferas densas e emocionalmente carregadas, como em Agalloch ou Drudkh, Dissection e Mayhem, Primordial e 1349, prepare-se: Tårfödd tece aqui uma tapeçaria sonora que vai capturar sua alma e não vai embora tão cedo.