Resenhas

Bater cabeça e rebolar

808 Punks

Avaliação

8.5

O 808 Punks chega com seu primeiro EP, Bater cabeça e rebolar, produzido por Edu K (Defalla), e entrega exatamente o que o título promete: um choque entre pogo e pista de dança, entre o grito punk e o 808 do baile, entre o suor da roda e a ginga carioca.

 

Direto do subúrbio, o coletivo formado por André Paumgartten, Glenda Maldita, Prixxx, Xande Farias (ex-Dorsal Atlântica), Formigão (Planet Hemp) e Robson Riva (Seletores de Frequência) assume a mistura como manifesto. Não é só música: é festa, protesto e deboche em estado bruto.

A faixa de abertura, “Bater cabeça e rebolar”, sintetiza a proposta: corpo como arma política, revolução que começa na dança. “Geral com a mão pro alto” amplia o coro, unindo Slayer e MC Carol no mesmo refrão. “Levanta o moicano” é quase um hino de integração entre funkeiros e anarco-punks, botando laje e porão no mesmo ritmo. Já “Respeita as mina” e “Show de Porrada” escancaram a postura feminista e combativa, enquanto “Maldita TPM” mostra o humor debochado que equilibra a fúria.

O resultado é um baile apocalíptico, onde riffs de guitarra disputam espaço com graves pesados, e a palavra de ordem é simples: ninguém baixa a cabeça. É a cara do Rio, contraditório, explosivo, irônico e dançante.

Se a caretice ainda domina boa parte da cena, o 808 Punks responde com caos organizado em forma de música. Um Furacão 2000 punk, ou talvez um punk funk carioca: rótulo pouco importa, porque o que interessa é que esse som pede volume no talo e chão preparado pra pogar e rebolar ao mesmo tempo.

Bater cabeça e rebolar é só o começo, mas já deixa claro: a revolução também se faz na pista.