Resenhas

Questions Unanswered

Remit

Avaliação

9.0

Remit chega com seu álbum de estreia, ‘Questions Unanswered’, trazendo o que sabe fazer de melhor: uma mistura visceral de post punk sombrio e krautrock com toques de misticismo que refletem sua trajetória underground e independente. O disco de 8 faixas mergulha em temas que oferecem uma reflexão crua e implacável da vida em um mundo cada vez mais desarticulado, aproveitando experiências pessoais para criar uma coleção profundamente ressonante de músicas, e este álbum é mais um passo firme em sua jornada sonora. Gravado com emoção sincera, os vocais de Jordan, capturados do conforto de seu estúdio em casa, descrito como “profundezas do infame e misterioso “bunker de concreto” subterrâneo da banda”, adicionam um toque pessoal a cada faixa, tornando este álbum imperdível para os entusiastas da música.

A abertura com “Are you compliant?” já mostra suas origens enigmáticas. Um post punk pesado com sentimento profundo, muito semelhante ao Killing Joke. Logo na primeira faixa o artista transmite sua lamúria e dor emocional, sobre experiências turbulentas da vida. O álbum conta com o trio formado por Jordan (baixo/vocalista), Sim (guitarra) e Rob (bateria), que infundem o disco com um som único e cativante que o diferencia.

Em “Debunker” temos o slide guitars e uma pegada cheia de atitude com um instrumental mais trabalho e emocionado. Os vocais descolados e cheios de atitude trazem uma autenticidade difícil de ignorar. O disco tem variações de sentimento, nessa faixa temos uma melodia hipnotizante que parece flutuar em um mar de reverberação, trazendo mais o lado inspirado no krautrock. O riffs são o ponto central, e a autenticidade da faixa é admirável.

“Hills are shaking” resgata a pegada post punk robusta e densa com riffs de guitarra pesados que faz qualquer um ”dançar com a parede” ao ritmo da batida, um hit roqueiro de primeira linha que lembra tons de Bauhaus e e Echo and the Bunnymen. Já na seguinte, “Good friends”, somos mantidos nas profundezas do sombrio e gótico, com uma atmosfera angustiante e reflexiva, com linhas de guitarra características e vocais graves de arrepiar. É uma faixa que quase podemos sentir a escuridão enquanto a melodia se estende no horizonte.

Na seguinte, “Take this pain away”, Remit explora um som mais soturno, denso e melancólico, onde os riffs arrastados se destaca com uma linha minimalista e poderosa. A banda dá um passo criativo e experimental aqui, criando um equilíbrio fascinante. Impossível não se lembrar dos ícones do post punk, essa faixa poderia ter sido retirada facilmente de um LP dos anos 80.

“We are the wanderers ” chega entregando mais peso, mantendo outro lado do pot punk, dessa vez com o som mais rock’n’roll e menos arrastado, como já falamos, meio Killing Joke e The Cult, criando uma ambiente cinzento e introspectivo. É um rock mais “alegre”, para dar contraste à faixa anterior, sendo a faixa mais comercial do disco.

“My transformation” surge como uma faixa ritualística, cheia de percussões tribais e uma atmosfera tensa, com riffs mais trabalhados que parecem sintetizadores, inspirdos em The Cure mas mantendo os vocais gaves e charmosos, que parece invocar algo ancestral, para ser cantada como um hino nos shows.

Encerrando essa viagem sonora perfeita, temos “Posthuman”,  uma combinação inesperada, mas que funciona surpreendentemente bem, com mais balanço, dançante, seguidos pelos vocais profundo de Jordan – vocais maravilhosos que carregam este disco de um jeito depressivo, misterioso mas satisfatório. Aqui sentimos a energia do inverno, o post punk escuro dos anos 80, emocionante. Até sermos surpreendidos cm licks de guitarra inusitados, onde a banda ousou em criar algo único e deixar sua assinatura. Acho que é a faixa que mais gostei.

O trio Remit, entrega uma obra que mistura peso, melancolia e experimentação, tudo com um toque sombrio e místico que só eles sabem fazer. Definitivamente, você precisa ouvir esse álbum – mais de uma vez.