Memory Remains

Memory Remains: Slayer – 31 anos de “Divine Intervention” e as pressões da gravadora por uma sonoridade radiofônica

27 de setembro de 2025


Há 31 anos, em 27 de setembro de 1994, o Slayer lançava “Divine Intervention“, o sexto álbum desta que é uma das potências do Thrash Metal, e tema do nosso Memory Remains deste sábado.

A banda vinha de seu período mais frutífero, que começou com “Reign in Blood“, lançado em 1986, até “Seasons in the Abyss“, lançado em 1990, tendo “South of Heaven” no meio. Foram três álbuns diferentes entre si, mas que se completam. E por isso, a banda precisava fazer algo novo.

Somado a isso, O Slayer sofreu uma baixa: o baterista Dave Lombardo havia deixado a banda devido a divergências com os demais integrantes. Entre uma destas divergências era o fato de que o baterista queria levar a sua esposa para as turnês. Então, Dave fundou o Grip Inc., que não teve vida longa e mais tarde ele acabou retornando à banda, saindo alguns anos mais tarde, depois de novas discordâncias, desta vez, financeiras. E para seu lugar, a banda recrutou Paul Bostaph, que tocava no Forbidden. E Paul seria o cara que formaria o lineup final da banda.

O processo de produção de “Divine Intervention” foi um tanto quanto problemático: a gravadora queria que a banda apresentasse uma canção que pudesse se tornar um hit, mas esbarrava no fato de que o Slayer havia escrito letras que não combinavam com músicas de sucesso, e nem as rádios iriam se interessar pelo conteúdo lírico. E as rádios conservadoras iriam certamente se negar a tocar tais músicas. Porém, os caras não afinaram, como disse Tom Araya:

“Os executivos da gravadora sentaram conosco e nos venderam a ideia de como eles queriam que soasse o disco e de como seria a arte da capa. Todas essas ideias eram diferentes para o álbum, então um desses caras nos olhou e disse: ‘Mas nós precisamos de hum hit’. Nós respondemos: ‘fizemos onze músicas e se você não puder achar um hit em uma delas, estará ferrado, pois isso é o que estamos entregando à vocês.”

E eles poderiam meter essa “bronca”. afinal de contas, não era uma banda qualquer, era o Slayer, um dos expoentes do Thrash Metal, com discos simplesmente maravilhosos e uma legião de fãs em todo o mundo. Então, a banda adentrou ao estúdio “Ocenway”, em Los Angeles, na companhia do produtor Toby Wright.

O resultado, em termos sonoros, foi surpreendente: assim como em “South of Heaven”, há uma freada nas músicas velozes. Elas ainda estão presentes, mas são menos rápidas do que as que estão registradas em “Seasons in the Abyss“. Porém, aqui a banda apostou em composições bem mais elaboradas, podemos dizer que é o álbum mais técnico da carreira do Slayer.

O álbum conta com dez canções e tem duração de 36 minutos. Os grandes destaques ficam por conta de músicas como “Dittohead” (essa poderia facilmente estar no “Reign in Blood“), “Killing Fields“, “Sex. Murder. Art“, “Fictional Reality“, “Circle of Beliefs” e “Mind Control“.

As letras foram inspiradas em programas de televisão que tratam da violência urbana. O radialista conservador estadunidense Rush Limbaugh e o serial killer Jeffrey Dahmer também serviram como inspirações para as letras. A esposa de Tom Araya disse que o álbum saiu depois de quatro anos odiando a vida. Em 1998, o álbum foi banido da Alemanha por conta das letras de “SS-3“, “Circle of Beliefs“, “Serenity in Murder“, “213” e “Mind Control“.

O álbum recebeu boa aceitação por parte da crítica especializada, alguns jornalistas até elogiaram o fato de o Slayer não ter se deixado seduzir e soar como bandas Grunge da época, que faziam muito sucesso no mainstream e vendiam muitas cópias. O público gostou e nosso aniversariante figurou em algumas paradas de sucesso pelo mundo: foi 4° na Finlândia, 8° na “Billboard 200“, 10° na Suécia, 15° na Suiça e no Reino Unido, 18° na Alemanha, 19° na França, 20° na Nova Zelândia, 22° na Áustria, 23° no Japão, 27° na Austrália e no Canadá, 28° na Escócia e 31° nos Países Baixos. Foi certificado com Disco de Ouro nos Estados Unidos e no Canadá.

Apesar de ter se despedido oficialmente no ano de 2019, o Slayer tem se reunido esporadicamente para fazer algumas apresentações. Eles tocaram no Back to the Beginning, evento que marcou a despedida de Ozzy Osbourne dos palcos, em julho deste ano e a última apresentação foi há uma semana, na Philadelphia, onde uma música do nosso homenageado foi tocada, “213“. Enquanto aguardamos novidades sobre novas datas, vamos celebrando mais um aniversário deste belo álbum.

Divine Intervention – Slayer 

Data de lançamento – 27/09/1994

Gravadora – American Recording

 

Faixas:

01 – Killing Fields 

02 – Sex. Murder. Art. 

03 – Fictional Reality

04 – Dittohead

05 – Divine Intervention

06 – Circle of Beliefs

07 – SS-3

08 – Serenity in Murder

09 – 213

10 – Mind Control

 

Formação:

Tom Araya – baixo/ vocal

Kerry King – guitarra

Jeff Hanneman – guitarra

Paul Bostaph – bateria