Memory Remains

Memory Remains: Kreator – 40 anos de “Endless Pain” e a influência do Black Metal

11 de outubro de 2025


Há 40 anos, em 11 de outubro de 1985, o Kreator lançava “Endless Pain“, o álbum de estreia dos alemães antifascistas e é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

O Kreator foi formado em 1982, mas antes eles atendiam pelos nomes Metal Militia, depois Tyrant e por fim, Tormentor. Somente em 1984, adotaram o nome atual. A formação consistia em Mille Petrozza (guitarra/ vocal), Ventor (bateria/ vocal) e Rob Fioretti (baixo), a mesma que gravou os dois primeiros álbuns. Em 1984, o Tormentor gravou uma fita demo, onde três músicas que estão em nosso aniversariante já apareciam: “Tormentor“, “Cry War” e “Bonebreaker“.

A banda assinou um contrato com o selo alemão Noise Records. Eles se juntaram ao produtor Horst Mūller e todos viajaram para Berlim ocidental (era época em que existia o muro que separava a Berlim capitalista da Berlim comunista, herança da segunda guerra mundial), onde passaram dez dias do mês de março de 1985, gravando e mixando o álbum no Caet Studio.

Se nos dias atuais o Kreator tem direcionado a temática de suas letras para questões sociais e antifascistas, o mesmo não podemos dizer dos primórdios da banda, que trazia letras com um pé (ou os dois) no satanismo. “Storn of the Beast” e “Son of Evil” talvez sejam os exemplos mais explícitos. Ainda que a sonoridade tenha mais a ver com Thrash/ Death Metal, o álbum foi muito influenciado por bandas como Venom, Mercyful Fate e Bathory.

Em seu álbum de estreia, o Kreator nos brindou com um disco rápido, violento, agressivo, ríspido e até grosseiro, do ponto de vista da produção que é meio descuidada, mas que foi fundamental para preservar a identidade e a originalidade da banda. São dez torpedos, cada música mais mortal que a outra, e duração de 38 minutos. Os destaques ficam por conta de músicas como “Flag of Hate“, “Tormentor“, a faixa-título e “Bonebreaker“, algumas delas ainda são tocadas até hoje ao vivo.

Era época em que Mille Petrozza e Ventor dividiam os vocais, então, das dez músicas de nosso quarentão, cada um canta em metade delas. Mille cantou nas músicas pares, enquanto Ventor cantou nas ímpares. No álbum seguinte, ambos seguiram cantando, mas Mille o fez em um número maior de músicas, até que em “Terrible Certainty“, a função passou a ser executada somente por Petrozza.

Ainda que grande parte dos fãs considere “Pleasure to Kill” a obra prima do Kreator, “Endless Pain” não fica muito atrás e tem praticamente a mesma adoração pelos seguidores da banda. As palhetadas de guitarra praticadas por aqui são únicas e marcaram o início da “German Thrash Explosion”, que traz ainda o Sodom, o Desrruction e o Tankard como bandas germânicas que iriam se destacar. O álbum também teve grande influência sob as bandas de Black Metal que vieram depois.

Na época do lançamento, o álbum recebeu críticas mistas da imprensa especializada, entretanto, anos mais tarde, ele acabou sendo reconhecido como uma obra-prima do Thrash Metal alemão que repetia o que já estava acontecendo com a vertente lá na Bay Area, em San Francisco. Se antes de lançar “Endless Pain“, a banda havia feito somente cinco apresentações ao vivo, agora, eles tocaram pela Europa em 1986, abrindo para o Desrruction e o Celtic Frost, e em 1987, foram para os Estados Unidos, abrindo para o Voivod.

Eles resolveram abrir espaço para mais um guitarrista e com isso entrou Michael Wulf, que futuramente viria a tocar no Sodom. Ao vivo, Petrozza ficaria com a guitarra base e as músicas em que fazia o vocal, enquanto que Wulf assumiria os solos, mas ele ficou somente alguns dias na banda. E ainda que ele seja creditado como guitarrista em “Pleasure to Kill“, ele não gravou esse álbum. Para cumprir o restante da agenda, veio o guitarrista Tritze, que ficou até o ano de 1989, quando gravou o clássico “Extreme Aggression” e saiu.

Em 2023, o álbum foi relançado com uma nova masterização e uma pequena mudança na arte da capa, e ganhou seis faixas bônus, dos tempos em que a banda se chamava Tormentor e lançou duas demos. Hoje é dia de celebrar o mais novo quarentão da música extrema. Felizmente existem bandas que não têm medo de se expor e o Kreator como bons alemães que são, sabem que o nazifascismo não é brincadeira, por isso, fazem questão de deixar claro de que lado estão. Felizmente, estão do lado certo da história. Estamos aguardando o sucessor do ótimo “Hate Uber Alles“.

Endless Pain – Kreator 

Data de lançamento – 11/10/1985

Gravadora – Noise Records

Faixas:

01 – Endless Pain 

02 – Total Death

03 – Storm of the Beast

04 – Tormentor

05 – Son of Evil 

06 – Flag of Hate 

07 – Cry War 

08 – Bonebreaker

09 – Living in Fear 

10 – Dying Victims

Formação:

Mille Petrozza – vocal/ guitarra

Ventor – bateria/ vocal

Rob Fioretti – baixo