Resenhas

Cosmic Mother

Giant Haze

Avaliação

9.5

Diretamente de Kiel, no norte da Alemanha, o Giant Haze surge como um daqueles grupos que parecem ter sido gerados em um amplificador valvulado superaquecido. Formada em 2024, a banda nasceu da cena Stoner Rock e Hardcore local, unindo músicos que inicialmente tocavam tributos ao Kyuss, mas rapidamente perceberam que tinham material próprio forte o suficiente para incendiar desertos inteiros. Com o álbum de estreia “Cosmic Mother”, lançado pela Tonzonen Records, o quarteto entrega uma pedrada que mistura o Groovy pesado dos anos 90 com um toque moderno, direto e sem firulas.

Gravado no próprio estúdio da banda e mixado por Ulf Nagel, o disco soa vivo, quente e orgânico. Nada de modelagem digital ou gatilhos: bateria e baixo foram capturados ao vivo, em um único dia, para preservar aquela sensação suada de ensaio barulhento — e o resultado é exatamente isso: energia bruta encapsulada.

“Geographic Gardens Suck” abre o álbum com riffs que soam como um sobro de fumaça vulcânica direto na cara— pesados, granulados e cheios de groove. “King of Tomorrow” vem logo em seguida e eleva a dose com um refrão pegajoso e guitarras que parecem derreter os falantes. “Yard of Oblivion” vem mais baladeira – um clima meio misfits até, “punkoso” e sujo – belíssimo exemplar de rock de garagem 90s.   “Sunrise” traz o lado “solista” – um instrumental perfeito para abrir caminho para a pedrada que é “Sundance”, onde o fuzz brilha sob uma vibe meio Fu Manchu (se tu num conhece ouça “Evil Eyes” e me agradeça depois). É uma viagem astral.

Na sequência, “From Another World” entrega um peso arrastado e riffs sinuosos que vão te lembrar Kyuss e Helmet. “Panicto Ride” acelera tudo, puro motor quente e poeira no ar – essa introdução é simplesmente icônica, e o riff que ela puxa é pura energia – aliás, essa faixa inteira é “de chamar para porrada”!

Enquanto “Crankin Public” vem com soco na porta – rápido, enérgico e bruto, “Pull the Plug” trabalha o estilo “Sabbathico” de se fazer Stoner, da para sentir um pouco de Doom ali – coisas que se vê em Candlemass e Pentagram inclusive, obviamente enbalados em um 90s garageiro, com uma linha de baixo hipnótica.  Em “1000 Tons of Stone” — o título não é metáfora: o som pesa toneladas.

Novamente, a banda propaga murros lentos e imparáveis, pesados e poderosos, como um soco de mãos de pedra. Em “Shrink Age” a banda traz um baixo molhado e distorcido, quase grunge punk, preparando o terreno para “Asmile for the Dead”, que de cara já podemos dizer: Isso é um encerramento – um fechamento épico, a faixa se arrasta como um pôr do sol sobre o deserto, elegante e escancarando o anseio por mais do espectador. A faixa carrega os moldes de um clássico, e – pra mim – é!

“Cosmic Mother” é o tipo de estreia impossível de ignorar — um refresco a cena e uma chute na bunda de quem diz que não se faz coisa boa como antigamente, Embalada com suor, fuzz e atitude. Se você curte Fu Manchu, Kyuss, Sleep, The Quill e etc ou até o peso alternativo do Melvins, Helmet e Misfits  esse disco merece rolar no volume máximo. Solte o play e sinta a fumaça subir!