Os britânicos do Conjurer nunca foram de seguir fórmulas fáceis. A banda é conhecida por misturar riffs pesadíssimos, passagens lentas e arrastadas e momentos melódicos que, juntos, criam um som com muita identidade. Com o novo álbum, “Unself”, lançado em 24 de junho pela Nuclear Blast, o grupo mostra mais uma vez sua habilidade de equilibrar brutalidade e emoção, mas agora com uma pegada mais direta.
Diferente do anterior, “Pathós” de 2022, que era mais denso e expansivo, “Unself” aposta em composições mais enxutas — só “Foreclosure” passa dos sete minutos. Logo na abertura, a faixa-título já surpreende: começa calma, com voz e violão, quase contemplativa, e aos poucos cresce até se transformar num paredão sonoro melancólico e pesado. É uma introdução que prepara o terreno perfeitamente para “All Apart”, que vem depois e mergulha em uma atmosfera sombria, densa e técnica. Os vocais gritados lembram os de Black Metal, enquanto o instrumental flerta com o Progressivo, cheio de detalhes e mudanças sutis. “There Is No Warmth” mantém o clima obscuro, mas alterna momentos explosivos de peso com harmonias melódicas que soam quase etéreas. É aquele tipo de faixa em que o Conjurer mostra o quanto consegue ser brutal e bonito ao mesmo tempo.
“The Searing Glow” chega acelerando tudo, com blast beats, pedais duplos e riffs técnicos que lembram o Meshuggah. É uma das faixas mais intensas do disco, mas ainda com espaço para uma belo passagem comandada pelo baixo, que dá um peso extra à faixa. A calmaria volta com “A Plea”, um interlúdio acústico que serve de ponte para “Let Us Live”, que segue a mesma linha melódica, mas adiciona guitarras distorcidas e uma bateria mais densa — quase como se a música anterior tivesse despertado para uma tormenta. “Hang Them In Your Head” mantém essa energia, com viradas rápidas e uma bateria precisa, cheia de personalidade.
A longa “Foreclosure” é o centro emocional do álbum: mistura vocais rasgados e cheios de dor com um instrumental sereno, mas pesado. O clima é tenso e melancólico, e o peso aparece nos momentos certos, sem exageros. Por fim, “This World Is Not My Home” encerra o álbum num tom introspectivo e triste, flertando com o Doom Metal — lenta, melódica, arrastada e carregada de sentimento. A voz limpa no final reforça esse clima de melancolia e despedida.
“Unself” é um disco mais direto e introspectivo que o seu antecessor. As músicas curtas deixam a audição fluida e dinâmica, sem perder a profundidade emocional que o Conjurer sempre entrega. O som continua pesado, arrastado e cheio de textura, com uma pegada Post-Metal moderna, mas também ecos de Doom e Black. A produção é limpa, mas mantém aquela leve sujeira que dá autenticidade e peso às faixas.
Pode até não superar “Pathós”, mas chega bem perto. “Unself” mostra uma banda madura, técnica e emocionalmente afiada, equilibrando peso, melodia e melancolia com maestria. Um álbum intenso, envolvente e que reafirma o Conjurer como um dos nomes mais interessantes do Metal Moderno.
Tracklist:
01. Unself
02. All Apart
03. There Is No Warmth
04. The Searing Glow
05. A Plea
06. Let Us Live
07. Hang Them In Your Head
08. Foreclosure
09. This World Is Not My Home
Formação:
Brady Deeprose | guitarras, vocais
Dani Nightingale | guitarras, vocais
Conor Marshall | baixo
Noah See | bateria