Bullet To The Heart, uma banda de metal alternativo originária de Chicago, emerge com seu aguardado segundo álbum ‘Echoes: The Final Chapter’, trazendo uma sonoridade direta, que vai agradar especialmente os fãs do estilo mais tradicional até os mais moderno do gênero. A banda que combina suas diversas influências em um som cru e explosivo, entregando uma performance densa e melancólica em todas as 8 faixas do disco. Com uma combinação engenhosa de passagens do metal moderno e gótico, cada faixa deste álbum mergulha o ouvinte em um mundo exuberante e sombrio, repleto de obscurantistas.
A abertura com “Requiem” é um convite para o mundo pesado, sombrio e emotivo de Bullet To The Heart, com linhas de piano melódicos e vocais intensos de Audrey Queen, esse prelúdio já mostrando logo de cara para que a banda veio. A canção mantém o ritmo cadenciado e angustiante, emulando o som melancólico do gothic rock. Uma faixa muito sentimental e com uma melodia que nos vicia. O álbum não disfarça o luto, ele o encara de frente, como a banda descreveu: “Essa vulnerabilidade o torna poderoso. Muitas bandas escrevem sobre dor. Poucas se dispõem a ser tão cruas, tão diretas”.
Em “The End” o tom agressivo característico do metal moderno chega. Um ponto interessante é o detalhe de ouvirmos os trastejos dos dedos escorregando nas cordas distorcidas, que criam ruídos agudos e enfatizam ainda mais a violência do som. Os vocais trazem mais sentimentalismo, sendo possível sentir a emoção nos vocais guturais de Brian Benischek (muito admiráveis) em sintonia perfeita com vocais melódicos e limpos de Audrey. Sem dúvidas, é a faixa mais comercial do disco, perfeito para rádios, podendo se tornar um hino entre os fãs do estilo.
“Dreamscape” traz riffs mais densos e melódicos, onde é possível perceber a influência oldschool da banda no peso emocional de bandas dos anos 2000, mas há um toque mais moderno, sendo perfeitamente uma banda nova que soube abraçar a modernidade e criar um ambiente moderno influenciado pelos pioneiros do estilo além de expor suas experiências e seus traumas ao mundo de forma artística.
Há muita técnica no som da banda, sendo notável em “Otherworld”, com os clássicos riffs do metalcore, que vem ganhando notoriedade em um revivel incrivel. Os vocais aqui ganham mais profundidade, trazendo aquele tempero do gothic metal/alternativo, ao estilo do Within Temptation e Evanescence, mas focado no peso e emoção do metalcore – eu adorei essa faixa.
A seguinte, “Anomaly” nos é apresentada com aquela vibe de jam de um show, com instrumental simples mas ardentes, em vocais penetrantes em mais de 5 minutos de uma faixa imersiva, comovente e a mais emotiva do álbum. A canção explode com uma base rítmica sólida e riffs fortes, peso e melancolia.
“Echoes” continua a brutalidade e explode de agressividade e riffs sinuosos que vem e voltam e convidam a todos para bater cabeça. Aqui sentimos muita influência do metal moderno nos vocais e nos riffs em uma tempestade sonora, mas mantendo a energia underground dos anos 2000, tornando-se a faixa perfeita para um show cheio de mosh. A faixa muda o ambiente, onde somos surpreendidos com vocais agressivos e muito técnicos, a bateria segue o ritmo rápido e potente, fervendo, junto com o baixo que marca forte presença em um groove que mantém o clima denso, para criar um som mais acessível e memorável.
Em “Giving Up (Is Giving In…)”, entrega linhas de pianos memoráveis em uma introdução sombria que expressa todo sentimento e explode melancolia. Essa é a balada do disco, que surprende com riffs sinuosos e densos, que arrastam o ouvinte em uma viagem depressiva mas com toda beleza que só o gotico consegue fazer, além de uma imensidão de jovens que souberam utilizar a técnica clássica mas incorporar tons modernos. Aqui a dupla vocal de Audrey e Brian está mais forte do que nunca para expressar sua dor e dilui as fronteiras entre narrativa e virtuosismo musical.
Para encerrar, “Repouse” entrega a melancolia do ato final, assim como começou, bem melódicos. Mantendo o som denso e sombrio, e a vibe triste que é assinatura do Bullet To The Heart. A faixa encerra de forma suave, com pianos e vocais melódicos – fiquei esperando começar um som pesado, mas a música acaba assim, com ar triste e do jeito que deve ser o fim. Esse álbum vem com um ritmo que nenhum fã do estilo poderá colocar defeito.
É importante notar que Bullet To The Heart se aventura muito além dos limites do estilo tradicional de metal. O grupo não pisa no freio quando o assunto é criar melodias mais inovadoras e não convencionais. Isso resulta em um som bem executado, fiel às raízes do gênero, mas com com inovação. Para aqueles que são fãs do estilo, Bullet To The Heart oferece exatamente o que se espera: riffs pesados e densos, quebras de bateria, vocais melancólicos e fortes, guturais instensos e uma atmosfera sombria. Para os apreciadores de metal moderno, ‘Echoes: The Final Chapter’ é um prato cheio, mantendo-se fiel aos fundamentos do gênero, e ainda sim, explorando novos territórios sonoros.