Shows

Angra arrasta multidão em apresentação histórica no Rio de Janeiro

Angra arrasta multidão em apresentação histórica no Rio de Janeiro

18 de dezembro de 2023


Crédito das fotos: Daniela Barros/Headbangers News

Faltando dez dias para o Natal, o Rio de Janeiro recebeu no dia 15 de Dezembro de 2023, além da onda de calor extremo, mais uma onda à qual nós, cidadãos fluminenses, estamos acostumados: uma baita atração, o Angra. E os headbangers da Cidade Maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, não desperdiçaram a oportunidade e compareceram em peso, deixando o Circo Voador ainda mais lindo.

Ao chegar, notamos filas quilométricas, o que fez com que qualquer cético em relação à cena fluminense duvidasse de que ali seria um show de Heavy Metal. No entanto, é uma amostra de que a Tomarock Produções, com seus vinte anos de estrada, entende do riscado e invariavelmente leva multidões aos seus eventos. Também de que o público carioca comparece quando o evento é bem divulgado e tem apelo. A imprensa teve um pequeno contratempo para entrar, visto que o lugar de acesso mudou, e não estávamos ligados a essa mudança. Normalmente, pegamos as credenciais diretamente na bilheteria, e desta vez foi lá na entrada. Mas nada que atrapalhasse as entradas do redator e da fotógrafa a tempo de pegar o show de abertura.

Às 21h30, o Innocence Lost subiu ao palco do Circo Voador sob uma cena bem atípica dos shows por aqui: parte da pista já estava bastante ocupada, e todos acompanharam a apresentação da banda da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os músicos se sentiram bem à vontade na imensidão do palco do Circo Voador. O som não estava tão limpo, principalmente a guitarra, que foi “engolida” pelo som do teclado, que é muito bom, por sinal. Em uma apresentação um tanto quanto longa para uma banda de abertura, 50 minutos, eles apresentaram músicas de seu disco de estreia, o que causa uma surpresa, uma vez que a banda está em atividade desde 2007 e só em 2024 fará sua estreia com um álbum completo. As canções são boas, e a banda flerta entre o Prog e o Power Metal. A vocalista Mari Torres tem um excelente alcance vocal, e a banda deixou uma ótima impressão a todos os presentes, que aplaudiram demais o quinteto.

No intervalo, enquanto os roadies faziam os últimos ajustes, o DJ acertava em cheio com sua playlist, focada no que de melhor aconteceu no mundo da música nos anos 1990. Com dez minutos de atraso, que a gente perdoa, a vinheta “Crossing” anunciou que era chegada a hora de uma das maiores bandas do Heavy Metal brasileiro subir ao palco. E a escolha da música de abertura não poderia ter sido melhor; a clássica “Nothing to Say” abriu os trabalhos. O público inteiro cantou a plenos pulmões, e claro, este redator que na maioria das vezes opta pela isenção, não conseguiu e também acompanhou o talentosíssimo Fábio Lione. Após três canções mais recentes, o frisson voltou ao circo com outra clássica, “Angels Cry”. O som já deu uma melhorada bastante significativa. Apesar de toda a compreensão de que a banda está divulgando seu mais recente lançamento, “Cycles of Pain”, e da percepção de que as músicas novas são boas, a grande verdade é que os hits representaram os melhores momentos da apresentação. “Rebirth”, cantada em uníssono pelos presentes, é mais uma a constatar tal afirmação. E nisso, a banda pecou, pois em um setlist composto por dezoito canções, faixas mais épicas ficaram de fora; do álbum “Temple of Shadows”, eles poderiam tocar “Spread Your Fire”, mas optaram por “Morning Star”. É difícil uma banda com trinta anos de carreira escolher um setlist que agrade a todos, mas faltaram as músicas mais importantes da história do Angra. O excesso de músicas novas causou um anti-clímax, principalmente no meio do show. As pessoas acompanhavam de forma respeitosa, o que, de certa forma, esfriou o show.

Quanto à performance do quinteto, tudo dentro do esperado: a banda continua técnica ao extremo, e a entrega é total. Fábio Lione com o público nas mãos e a toda hora brincando com o público, cantando e pedindo para que todos repetissem suas notas altas. O cara é realmente um grande talento, e nós, brasileiros, podemos nos sentir honrados por ele ter escolhido cantar no Angra. Outro grande momento do show que deve ser destacado aqui foi o pequeno set acústico, onde o agora Youtuber Rafael Bittencourt e Fábio Lione prestaram uma linda homenagem ao grandioso Andre Matos, tocando duas improváveis canções: “Lullaby for Lucifer” e “Gentle Change”, sendo a primeira com Rafael na voz e violão.

Depois disso, ainda teríamos mais algumas músicas mais recentes da banda, até que o show se aproximava do final e eles soltaram “Bleeding Heart” e “Waiting Silence”, que de novo levantaram a turma, e no encore, as destruidoras “Carry on”, emendada com “Nova Era”, que fecharam muito bem uma apresentação que, do ponto de vista performático, foi nota 10, mas da escolha de repertório, nota 6,5. Não deixou de ser épica, apesar da morosidade que tomou conta do Circo Voador em alguns momentos.

Ao final, as mais de duas mil pessoas que entupiram o Circo saíram de lá extasiadas, pois se o Sepultura anunciou recentemente a sua tour de despedida, teremos o Angra, que sempre foi a segunda maior banda de Heavy Metal do nosso país, como a responsável por carregar essa bandeira. E eles seguem capacitados ao extremo para tal função. A sexta-feira entrou para a história da música pesada do “errejota”.

Setlist Innocence Lost:
Of men’s fall
Dark Forest
Fallen
Wake up
Iris
The Trial
The River
Oblivion

Setlist Angra:
Crossing (playback)
Nothing to Say
Final Light
Tide of Changes – Part I
Tide of Changes – Part II
Angels Cry
Vida seca
Dead Man on Display
Rebirth
Morning Star
Here in the Now
Cyclus Doloris (playback)
Ride Into the Storm
Set acústico:
Lullaby for Lucifer
(Rafael cantando)
Gentle Change
Set 2:
Cycles of Pain
Play Video
ØMNI – Silence Inside
Bleeding Heart
Waiting Silence
Encore:
Unfinished Allegro (playback)
Carry On
Nova Era
ØMNI – Infinite Nothing (playback)

Galeria do show