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Krisiun trouxe o bloco do Death Metal para o Rio de Janeiro na primeira edição do Attitude Metal Fest

Krisiun trouxe o bloco do Death Metal para o Rio de Janeiro na primeira edição do Attitude Metal Fest

2 de março de 2023


Flávio Farias/Headbangers News

O Rio de Janeiro recebeu na última sexta-feira, 24, a primeira edição do Attitude Metal Fest, cujo headliner foi o Krisiun, o maior nome do Death Metal brasileiro de todos os tempos. O local escolhido não poderia ser outro, foi o Circo Voador, que recentemente completou 40 anos de atividades. A antiga capital federal, quente por natureza, ficou ainda mais quente com os gaúchos capitaneando o fest.

Infelizmente, a presença do público não foi grande e isso se explica por ser uma sexta-feira pós-carnaval, então muitas pessoas estavam viajando. E os turistas que estavam no Rio de Janeiro são qualquer coisa, menos fãs de Heavy Metal. Quem viaja para o Rio nessa época, procura por outros tipos de diversão, como os desfiles das escolas de samba, os blocos, etc… Clava, Sangue de Bode, Gangrena Gasosa e, principalmente, o Krisiun, mereciam uma adesão maior. Até mesmo a Lapa, reduto da boêmia carioca, estava vazia, então o problema parece não ter sido um show de Death Metal na cidade e sim a data escolhida para tal.

Lamentavelmente, por motivos que fogem ao nosso controle, não foi possível chegar cedo para acompanhar as duas primeiras bandas, o Clava com seu hardcore e o Sangue de Bode trazendo o crossover Thrash. Chegamos já durante a apresentação da Gangrena Gasosa e pudemos acompanhar um pouco da apresentação enérgica do sexteto, que criou o seu próprio estilo, o chamado “Saravá Metal”, que na prática é um Crossover com letras e visual que remetem a religião de matriz africana. A apresentação durou cerca de 50 minutos e incluiu clássicos como “Centro do Pica-Pau Amarelo” e “Surf Iemanjá”, e também, canções mais novas, como a impagável (no bom sentido da palavra) “A SuperVia Deseja a Todos uma Boa Viagem” e a certeira “Se Deus é Dez, Satanás é 666”. O baixista Exu Tranca, pseudônimo de Diego Padilha, era o aniversariante do dia e recebeu o carinho dos presentes, que cantaram o “Parabéns Pra Você”. Teve também o tradicional arremesso de farofa na platéia. Um show espetacular como sempre.

Por volta de 00:05, os irmãos gaúchos subiram ao palco e a destruição sonora começou para valer. Nas duas primeiras músicas, “Kings of Killing” e “Swords Into Flesh”, a plateia acompanhava a banda de maneira respeitosa até. Mas quando entraram os primeiros acordes de “Scourge of the Enthroned”, faixa que dá título ao álbum anterior, o mosh ficou bom. Fato que se repetiu mais tarde em “Conbustion Inferno” e em “Blood of Lions”. E quando eles mandaram um cover, que não foi para “Refuse/ Resist”, brilhantemente registrado no álbum “Southern Storm” (2008), o homenageado foi o Motörhead, com a clássica “Ace of Spades”. O Circo Voador virou festa, numa prova de que o imortal Lemmy Killmster foi e continuará sendo uma unanimidade dentro do Rock.

Incrível a perfeição cirúrgica com que os caras fazem sua apresentação, repdoruzindo tudo igual como se escuta nos álbuns. Ao final de cada música, a plateia reagia com o côro de “Krisiun, Krisiun” e Alex Camargo, vocalista/ baixista, respondia, agradecendo aos presentes e sempre dizendo que a horda não estaria no patamar que se encontra não fosse pelo apoio dos fãs.

Em determinado momento, o mesmo Alex Camargo foi bem feliz ao afirmar que todos, independentemente de cor de pele ou de gênero, eram muito bem-vindos. Já não faltava mais nada para que tivessem o público nas mãos, depois dessa afirmação, eles foram ainda mais ovacionados. Mais uma prova de que o Rock/ Metal tem ainda salvação e não se resume a conservadores, apoiadores de Golpe de Estado, que se intitulam com a ridícula alcunha de redpills.

Em 1:20h de apresentação irrepreensível, que só mostra porque o Krisiun é o maior nome da música extrema brasileira e o respeito que os irmãos tem no mundo, deixando a banda sem nada a dever para outros nomes consagrados do Death Metal. Sem querer fazer qualquer tipo de comparação, mas eles seriam o Rush do Death Metal. Impressiona a sonoridade do trio, principalmente o baterista Max Kolesne, imbatível na velocidade por trás de seu kit de bateria. O guitarrista Moysés pode ser considerado um guitar-hero. O cara consegue combinar riffs aparentemente simples com escalas de enorme complexidade.

Uma noite para entrar para a história da tão maltratada cena fluminense. Esperamos que o festival possa ter outras edições e que o público possa comparecer. Sabemos que o Rio tem potencial para receber grandes eventos e que quando são marcados em datas que não coincidem com outras festas popularescas, o público vem com força.

Flávio Farias/Headbangers News

Setlist Krisiun:
Kings of Killing
Swords Into Flesh
Scourge of the Enthroned
Bloodcraft
Descending Abomination
Combustion Inferno
Vengeance’s Revelation
Necronomical
Apocalyptic Victory
Blood of Lions
Ace of Spades
Serpent Messiah
Black Force Domain

Circo Voador

Data: 24/02/23

Horário: 20h

R. dos Arcos, s/n - Centro