Shows

Bangers Open Air – Sábado (03/05): O Metal emociona e se renova

Bangers Open Air – Sábado (03/05): O Metal emociona e se renova

7 de maio de 2025


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Depois de um excelente aquecimento na sexta-feira, fãs brasileiros vindos de diferentes cantos do Brasil chegaram cedo ao Memorial da América Latina para vivenciar mais um dia de Bangers Open Air. Já era possível perceber entre eles uma quantidade massiva de camisetas do Powerwolf e Sabaton, os headliners da noite.

No sábado, o sol a pino anunciava que os shows estavam para começar. No Ice Stage, o dia se iniciou com o show das meninas do Burning Witches para uma grande quantidade de fãs.

Em sua segunda passagem pelo Brasil, a banda trouxe um bonito backline em seu palco, cheio de referências à capa de seu último disco “The Dark Tower”, lançado em 2023. Em seu setlist, “Hexenhammer”, “Dance with the Devil”, “Wings of Steel” e faixa título do último disco fizeram a alegria dos que chegaram cedo no festival.

No sábado, todos os palcos do festival receberam shows. Estreando o Sun Stage, os veteranos do Viper trouxeram toda sua simpatia e presença de palco para um show de celebração de sua história no mesmo horário que o show do Burning Witches.

Homenageando o passado com sua excelente formação atual, o grupo tocou o disco Evolution quase que na íntegra, além de contar com dedicatórias a Pit Passarell e Andre Matos, eternos membros da banda que nos deixaram cedo demais. Em um bom número, o público acompanhou e se emocionou com a banda durante um belíssimo concerto.

Esbanjando simpatia, os suecos do H.E.A.T. voltaram ao Brasil para divertir os fãs com seu hard rock poderoso no Hot Stage. A banda havia se apresentado apenas uma única vez no Brasil, durante a primeira edição do Summer Breeze, em 2023.

Sem esconder a alegria que sentiam por estarem ali, o grupo se deparou com um numeroso público que interagia com o grupo enquanto o sol continuava forte o suficiente para incomoda, combinando bem com o nome da banda.

O Bangers Open Air manteve uma tradição que se estende desde a primeira edição com seu antigo nome: Misturar bandas de diferentes gêneros. Isso aconteceu quando o público saiu do show de heavy metal do Burning Witches indo para um hard rock sueco do H.E.A.T.. Talvez isso tenha se agravado ainda mais quando o Municipal Waste subiu no Ice Stage.

Um dos principais representantes do famoso “thrash metal garoto”, o grupo não vinha ao Brasil desde 2010, fato que foi relembrado pelo vocalista Tony Foresta que chegou a se desculpar por esta longa espera dos fãs pela banda, prometendo voltar em breve.

O show foi um dos melhores do festival, definitivamente o mais animado que assisti. Com direito a pessoas fantasiadas de Jesus, Eddie (do Iron Maiden) e Goku – que, inclusive, foi recebido pelo público com braços levantados, recebendo a energia das pessoas em referência ao anime Dragon Ball Z – a banda não deixou ninguém parado, exigindo moshs e surfing crowd o tempo todo.

Tony foi o único que questionou no palco sobre a divisão do público com o espaço da frente separado para as pessoas que adquiriram o ingresso Lounge do evento, inclusive dedicando uma música apenas para os fãs que estavam na pista comum. O simples fato da banda ter encaixado vinte e uma músicas no espaço de uma hora já mostra o quão dedicada a banda estava em deixar sua marca no festival.

A divisão proposital feita pela produção em encaixar bandas de estilos diferentes ficou ainda mais clara quando o Sonata Arctica subiu no Hot Stage. Depois de uma apresentação tão elétrica do Municipal Waste, quem permaneceu nos palcos principais pode abaixar os níveis de adrenalina durante a performance dos finlandeses.

O Sonata Arctica vive eternamente no coração de quem já passou pela fase (ou dos que ainda vivem) de escutar o power metal europeu. Um dos principais nomes do gênero, arrancou lágrimas dos mais apaixonados de sua apresentação.

“San Sebastian”, “Replica”, “My Land”, “Fullmoon” e “Wolf & Raven” foram alguns dos clássicos que a banda compartilhou com os fãs em um show muito bonito. O vocalista falou durante o show sobre a importância do público estar presente tanto em festivais grandes como o Bangers, mas também prestigiando as bandas locais, fortalecendo a música ao vivo a continuar viva. Um belo e real discurso.

O power metal se manteve presente no primeiro show do Kamelot no festival. A banda, que também foi escalada para tocar no domingo substituindo o I Prevail, fez um show extremamente competente.

Com direito a solo de teclado e de bateria – que até incluiu um trecho de Tom Sawyer do Rush – a banda também contou com Melissa Bonny (Ad Infinitum) fazendo as partes de vocal feminino e guturais acompanhando o excelente Tommy Karevik nos vocais da apresentação.

O Hot Stage teve a prova viva de que o New Wave of British Heavy Metal (ou apenas NWOBHM) continua vivo mesmo depois de cinquenta anos do movimento – e que vai muito além do Iron Maiden. Um dos principais nomes do movimento, o Saxon deu uma aula de heavy metal para um enorme público.

Uma das poucas bandas a terem marcado shows pelo Brasil fora do festival, os ingleses encaixaram canções do seu último álbum, “Hell, Fire and Damnation”, com clássicos absolutos como “747 (Strangers in the Night)”, “Wheels of Steel”, “Crusader” e “Princess of the Night”, responsáveis por encerrar a excelente apresentação.

Se o Saxon dava aula de heavy metal, um bom número de “alunos” cabularam a aula para ir para uma grande festa. Quem comandava a festa era o Ensiferum no Sun Stage. Os “vikings” da Finlândia, apesar de desfalcados, fizeram a festa com o público brasileiro em seu retorno ao país.

O guitarrista Markus Toivonen se acidentou em casa quebrando o tornozelo, o que impossibilitou de vir ao país. Suas partes na guitarra foram executadas por um playback, algo que foi anunciado previamente pela banda. Isso não impediu o grupo de celebrar sua música com os fãs brasileiros que marcaram presença em sua apresentação.

Ainda no Sun Stage, o lendário Dark Angel fez a alegria dos fãs ao finalmente estrear no Brasil. O grupo do incrível Gene Hoglan (bateria) era outra que também estava desfalcada. Por problemas com voos cancelados, o guitarrista Eric Meyer não pode vir ao Brasil.

O grupo, porém, fez uma apresentação impecável. Além dos fãs poderem desfrutar a excepcional técnica de Gene na bateria, os presentes puderam curtir faixas como “Darkness Descends”, “Merciless Death”, “The Burning of Sodom” e “Death is Certain (Life is Not)”, além de “Extinction-Level Event”, dedicada a Jim Durkin, guitarrista falecido em 2023.

Após o Saxon, o primeiro headliner da noite de sábado subiu ao palco do Ice Stage. Trazendo ares de mudanças a um estilo tão tradicional como o power metal, o Powerwolf demonstrou toda a sua força em uma performance excelente.

Com um belíssimo palco, os alemães levaram seu nome para um novo patamar. A última vez que a banda havia tocado em São Paulo, no último final de semana antes do lockdown ocorrido durante a pandemia de Covid-19 em 2020, foi como ato de abertura para o Amon Amarth no finado Tropical Butantã. Atualmente, a banda carrega a força de um gigante co-headliner no principal festival de metal do Brasil.

O grupo se distancia do power metal tradicional, apesar de manter pontos fundamentais do estilo, que os destacam atualmente. Sem explorar a temática “espada e dragões” com vocais agudos, o grupo investe em temas de religião com lobisomens, guerras, sexo e horror.

A poderosa voz de Attila Dorn, um dos principais destaques da banda, comandou o coro da plateia durante faixas como “Army of the Night”, “Demons Are a Girl’s Best Friend”, “Incense & Iron”, e “Blood for Blood (Faoladh)”, além de encerrar a apresentação com “Sanctified with Dynamite” e “We Drink Your Blood”, deixando satisfeitos os fãs que esperavam o retorno iminente do grupo ao Brasil.

O responsável por encerrar a noite foi o Sabaton, outra banda que ganhou um enorme destaque no decorrer dos anos. Em sua última passagem no Brasil, em 2019, o grupo teve uma passagem um tanto quanto apagada durante o Dream Festival, que contou com o Dream Theater como headliner.

O nome da banda cresce cada vez mais em festivais pelo mundo afora e hoje não seria diferente. Com uma produção quase tão grande quanto o que costuma apresentar nos grandes festivais europeus, a banda tinha o público em suas mãos.

Junto do Powerwolf, o Sabaton é outro nome que se encaixa nessa “nova fase” do power metal. Longe dos vocais agudos, a banda usa histórias de guerras como base para suas músicas.

Os suecos fizeram jus ao posto de headliner do festival, comandando o público em uma grande celebração de sua história. Além disso, o grupo esbanjava simpatia, interagindo e brincando com o grupo a todo momento.

Num divertido momento, o vocalista Joakim Brodén assumiu uma guitarra da Hello Kitty, tocando nela o riff de “Master of Puppets” do Metallica antes de “Resist and Bite”. Em outro bonito momento, a banda pediu para que o público acendesse as luzes dos celulares, iluminando o Memorial da América Latina antes de executarem “Christmas Truce”.

Em entrevistas antes do festival, membros da banda deixaram claro que era sempre emocionante tocar “Smoking Snakes” no Brasil, faixa em homenagem ao exército brasileiro participante da segunda guerra mundial. No Bangers não foi diferente, com o gigante número de fãs da banda cantando a plenos pulmões com a banda.

“The Last Stand”, “To Hell And Back”, “Stormtroopers”, “Soldier of Heaven” e “Primo Victoria” foram algumas faixas que também fizeram parte da excelente apresentação do grupo. Apesar das músicas soarem “muito parecidas” para quem não acompanha a banda, é inegável a qualidade da produção do show de um dos novos pilares do metal mundial.

Assim como todo grande festival, alguns shows tiveram seus horários se chocando com outros concertos, o que sempre nos impede de ver todas as bandas. O Lacrimosa, banda que tocou no mesmo horário do Sabaton, fez uma performance muito elogiada pelos presentes no Suns Stage.

Tilo Wolff e Anne Nurmi, líderes do grupo, entregaram uma apresentação de encher os olhos, apresentando músicas de sua carreira em diferentes instrumentos, interagindo com o público e mostrando a força que o gótico ainda tem sobre seus fãs.

Os suecos do Dynazty se apresentaram pela primeira vez no país durante o sábado no Sun Stage. Divulgando seu novo álbum, “Game of Faces”, lançado em fevereiro deste ano, o grupo fez uma elogiada apresentação. Com direito a solo de bateria, a banda demonstrou toda a alegria de finalmente estrear no Brasil.

O Matanza Ritual foi outro nome que passou pelo Sun Stage. O projeto de Jimmy London (vocalista) que busca reviver os tempos áureos do Matanza conta, além do vocalista, com nomes gigantes do metal nacional. Amilcar Christófaro (bateria, Torture Squad), Antônio Araújo (guitarra, ex-Korzus) e Felipe Andreoli (baixo, Angra, Karma) celebram com Jimmy o lançamento do disco “A Vingança é meu Motor”, lançado çado no último Março.

O Waves Stage, localizado neste ano dentro do Anfiteatro do Memorial da América Latina, recebeu concertos durante o dia todo. Apesar de elogiadas, performances de bandas brasileiras como Hardgainer, Glória Perpétua, Válvera, Malefactor e Carro Bomba, assim como as internacionais Pressive e Dream Spirit, ficaram, infelizmente, sem atenção devida.

Estas bandas, de proporção menor comparada com os grupos que se apresentam nos outros três palcos, precisam disputar a atenção do público com nomes já consagrados, o que nem sempre acaba movimentando um grande número de fãs para o palco.

Porém, os que estiveram presentes nestas apresentações destilaram elogios para todas as bandas que, com certeza, deixaram sua marca e que merecem uma atenção ainda maior em futuras edições.

O sábado se encerrou com um sentimento de satisfação vindo dos fãs. Era ver o brilho nos olhos dos mais apaixonados que puderam presenciar de perto performances incríveis de bandas que, além de crescerem cada vez mais, alimentam a renovação do metal.

Era possível ver crianças e jovens agitando nos shows com seus familiares. Não só na música, mas o cenário Metal também precisa se renovar no público buscando angariar novos fãs dia após dia. Ainda iremos presenciar os primeiros gigantes do Metal adormecerem, com as grandes bandas se aposentando em um futuro não tão distante. Nos palcos do Bangers, assistimos a novos grandes nomes que carregarão a bandeira do metal quando isso acontecer.

Galeria do show