Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Depois de dois dias recheados de boas apresentações e um público apaixonado enchendo o Memorial da América Latina, era hora de dar tchau. Mais rápido do que os fãs gostariam, o último dia de Bangers Open Air trouxe ao festival um misto de sentimentos.

A tristeza do público ao saber que o festival estava se encerrando foi confrontada com a confirmação para a edição de 2026. O evento acontecerá desta vez em Abril, nos dias 25 e 26. Com a venda dos “blind tickets” já iniciada, a produção já está a todo vapor para nos proporcionar uma nova edição.

O domingo se iniciou no Ice Stage com a estreia no Brasil do Beyond the Black. Um dos primeiros anúncios do festival, a banda alemã é capitaneada pela Jennifer Haben, única integrante original da banda, e encontrou um bom número de fãs à sua espera.

Abrindo o show com “In the Shadows”, uma das principais músicas do grupo, a apresentação ainda contou com as excelentes “Songs of Love and Death”, “Heart of the Hurricane” e “Is There Anybody Out There?”, entre outras. Esbanjando simpatia, o grupo conquistou o coração dos curiosos que ainda não os conheciam.

Enquanto isso, o Sun Stage ia abaixo com a apresentação poderosa do Black Pantera. Em pelo meio-dia, os mineiros levaram sua pesada mistura de thrash metal com crossover, obrigando o público a abrir moshs fingindo que o sol quente nem estava presente.

Com apresentações sempre poderosas, levantando a bandeira anti-racista, o grupo tem conquistado espaços maiores a cada ano que passa. O concerto ainda teve direito ao tradicional “mosh das minas” e uma “wall of death” durante a execução de “Revolução é o Caos” de dar inveja. Entre os presentes, era possível escutar elogios de “um dos melhores shows do festival”.

Quando o Lord of the Lost subiu ao palco, foi divertido ver o contraste no Hot Stage de uma banda carregada de influências de metal gótico e industrial com o calor escaldante que fazia na capital paulista.

Apesar do contraste, o grupo trouxe toda a potência de sua apresentação em seu retorno ao festival. Para a alegria dos fãs, faixas como “Raining Stars”, “Drag Me to Hell”, “Die Tomorrow” e “Blood & Glitter” foram algumas apresentadas no concerto.

Enquanto o Lord of the Lost encerrava sua apresentação, o Sun Stage recebia os preparativos para o concerto do Dorsal Atlântica. Enquanto Carlos Lopes (vocal e guitarra) subia no palco ainda se preparando para o show, uma grande quantidade de fãs já os aguardavam.

Carlos, muito simpático, começou a conversar com os fãs enquanto não chegava o horário do show. Agradecendo a todos pela presença, Carlos intitulou o Dorsal como “a banda mais filha da puta do Brasil” antes de iniciar sua performance.

“Guerrilha”, “Caçador da Noite”, “Vitória”, “Belo Monte” e “Burro” foram algumas das músicas que foram apresentadas pelo trio carioca. Com os pés fincados no thrash e speed metal, o grupo agradou os fãs que os aguardavam com ansiedade.

Voltando aos palcos principais, o conhecido “metal triste” teve um de seus principais representantes no Ice Stage. O poderoso Paradise Lost encontrou, além do sol forte, uma grande quantidade de fãs que acompanharam a banda com fervor durante sua apresentação.

Em seu primeiro show no Brasil em sete anos, o grupo trouxe consigo trilhas como “Small Town Boy”, “Say Just Words”, “No Hope In Sight” e “Enchantment”, fazendo o público bater cabeça junto às lentas batidas do doom metal apresentado pelos ingleses. Após o show, parte dos fãs já comentavam sobre quando a banda retornaria ao Brasil, tamanho o sucesso de sua apresentação.

O Kamelot foi a banda escalada para substituir o repentino cancelamento da banda I Prevail, sendo a única banda a se apresentar duas vezes nesta edição. Algumas alterações aconteceram no setlist do grupo no domingo, com faixas como “Center of the Universe”, “Opus of the Night (Ghost Requiem)” e “Phantom Divine (Shadow Empire)” apareceram no setlist.

Além disso, os americanos também recrutaram, além de Melissa Bonny (que já havia participado do show de sábado), Adrienne Cowan, excelente vocalista que veio ao festival para acompanhar o Avantasia. Um outro bom concerto neste retorno ao país depois de dois anos de sua última vinda.

No Sun Stage, o Vader era outra banda que retornava ao país depois de dois anos. Nome tradicional no death/thrash metal mundial, os poloneses fizeram uma apresentação muito elogiada, com clássicos como “Triumph of Death”, “Wings” e “Halleluyah!!! (God is Dead)”.

O público se aglomerou na frente do Ice Stage para uma das apresentações mais esperadas do festival. O guitarrista Kerry King trazia seu projeto solo ao Brasil pela primeira vez, acompanhando de um time de peso e empolgados para dar ao público o puro suco do thrash metal.

Junto de Kerry, Mark Osegueda (vocal, Death Angel), Kyle Sanders (baixo, ex-Hellyeah), Phil Demmel (guitarra, ex-Machine Head e Vio-Lence) e seu companheiro de Slayer Paul Bostaph (bateria) trouxeram toda a força das músicas de seu primeiro álbum, “From Hell I Rise”.

Em entrevistas na época do lançamento, o guitarrista confirmou que seu álbum solo seguiria exatamente do ponto onde o Slayer havia parado, o que fica claro na audição do disco e se confirma ainda mais ao vivo.

Além de poderosas músicas de seu disco como “Trophies of the Tyrant”, “Two Fists” e a faixa título do álbum, “Disciple”, “Raining Blood” e “Black Magic” de sua antiga banda estiveram presentes no concerto. Junto disso, uma homenagem ao Iron Maiden, influência para o guitarrista, aconteceu com o cover de “Killers”.

O grupo todo entrega uma performance devastadora, dando uma aula do mais tradicional thrash metal que o guitarrista tanto ajudou a propagar. O talento de seu supergrupo apenas abrilhanta ainda mais a performance, com destaque ao vocal agressivo de Mark. Uma performance memorável.

Alguns dias antes do festival, dois cancelamentos pegaram o público de surpresa. Agenciados pela mesma produtora, o Knocked Loose e o We Came as Romans anunciaram sua saída do line-up do festival sem muitas explicações. Porém, foram substituídos por nomes veteranos que, entre o grande público, não deixaram a desejar: Blind Guardian e Destruction.

O Blind Guardian subiu no Hot Stage e encontrou uma enorme quantidade de fãs que esperavam por sua chegada. A vinda foi uma surpresa até para a banda, já que havia feito uma longa turnê por aqui em novembro de 2023.

Prometendo um setlist diferente do que foi apresentado recentemente nos últimos shows, o headliner do festival em 2023 prometeu no palco que traria algumas músicas diferentes de sua última vinda. Foi o que aconteceu com “Mordred’s Song”, tocada pela primeira vez desde 2017 e “Tanelon (Into the Void)”, tocada pela primeira vez desde 2016.

Desde sua vinda no Summer Breeze 2023, o Blind Guardian atingiu um outro patamar no país. Sua turnê solo em 2023 no fim do ano com shows lotados pelas capitais brasileiras comprovou isso. No Bangers, o festival todo cantando “Bard’s Song” com a banda, além de causar emoção, coroou a excelente relação que os alemães têm com o Brasil.

Enquanto o Blind Guardian se apresentava, o Nile trazia toda sua influência de mitologias e histórias egípcias para o Sun Stage. Com destaque para o excelente baterista George Kollias, lenda do metal extremo, os americanos trouxeram faixas como “Lashed to the Slave Stick”, “Kafir!” e “Defiling the Gates of Ishtar” para os fãs presentes.

No Ice Stage, era o momento do primeiro headliner da noite se apresentar. Era a vez dos americanos do W.A.S.P. voltarem ao Brasil depois de seis anos. Pela primeira vez no Brasil acompanhado do baterista naturalizado brasileiro Aquiles Priester, o grupo apresentou seu disco de estreia, auto-intitulado, além de clássicos como “Blind in Texas”.

Aquiles assumiu o microfone por alguns minutos, agradecendo a presença de todos e comentando como aquele era a apresentação mais importante de toda sua carreira, tocando com uma banda de renome mundial para seus fãs brasileiros.

Para os fãs que estavam ansiosos pela banda, a apresentação foi histórica. Porém, parte dos presentes que não estavam tão ansiosos para os americanos não foram convencidos por sua música, aproveitando o tempo para descansar antes do Avantasia.

No Sun Stage, um dos principais nomes do thrash metal alemão subia ao palco. O Destruction, com mais de quarenta anos de banda, fez uma apresentação muito elogiada. A escolha da banda para encerrar o palco no festival foi certeira. Enquanto os fãs de power metal puderam se despedir do festival com o Avantasia, quem prefere a música mais pesada teve a opção de um grande nome do thrash metal para dizer tchau ao Bangers Open Air.

Celebrando quarenta anos do disco “Infernal Overkill”, os alemães o apresentaram na íntegra pela primeira vez na carreira. “Bad Butcher”, “Curse of the Gods” e “Thrash ‘Til Death” também fizeram parte da intensa apresentação dos alemães.

Infelizmente, a banda se despediu do Brasil de forma não tão amigável. Em um evento realizado durante a semana pós-festival apresentando o documentário da banda, uma jaqueta especial de aniversário da banda que pertencia a Randy Black (bateria) foi roubada e, até o momento que este texto é escrito, ainda não foi encontrada.

Para encerrar o Bangers Open Air, outro headliner de 2023 foi escalado. Não é de hoje que Tobias Sammet tem uma belíssima relação com o Brasil – relação esta que vai muito além do Avantasia. Tanto sua metal-ópera quanto o Edguy sempre foram sinônimos de sucesso por aqui. Escolher uma banda com laços tão estreitos com o país foi um tiro certeiro do festival.

Prova cabal de tudo isso foi ver o público cantando com o pequeno vocalista à plenos pulmões todas as canções de um show tão especial. Com um show mais curto do que o apresentado durante a atual turnê europeia, Tobias e seu time escolheu focar quase metade do concerto em um de seus maiores clássicos: O maravilhoso “The Scarecrow”.

Para esta noite, os vocalistas convidados foram mais do que especiais. Além dos que já fazem parte do time como Adrianne Cowan (Light & Shade), Herbie Larghans (Firewind), Eric Martin (Mr. Big), Ronnie Atkins (Pretty Maids) e Chiara Tricarico (Moonlight Haze), Tommy Karevik retornou aos palcos do Bangers Open Air pela terceira vez para cantar “The Witch”, faixa que gravou com a banda.

Além dele, os fãs puderam presenciar pela primeira vez na história Jeff Scott Soto, quase um brasileiro, se juntando ao Avantasia pela primeira vez com a metal-ópera. O vocalista subiu ao palco para apresentar “Shelter from the Rain”, faixa que combinou perfeitamente com o cantor.

Momentos que sempre fazem parte da apresentação do grupo como “Dying for an Angel”, “Twisted Mind”, “The Scarecrow”, “Lost in Space” e a belíssima “Farewell” se juntaram com a apresentação da rara “The Toy Master”, trilha que voltou a aparecer no setlist da banda na atual turnê.

A emoção de ver a banda toda subindo ao palco para encerrar o show com a conhecida dobradinha “Sign of the Cross/The Seven Angels” é de arrepiar. Uma performance cheia de atenção com os fãs, emocionando a todos e mantendo a música ao vivo viva.

Mais uma vez, o palco Waves não teve toda a atenção merecida, mesmo com apresentações importantes. Pela primeira vez na história, Felipe Andreoli subiu ao palco com Edu Falaschi e Luis Mariutti durante um tributo a Ronnie James Dio. Outro show de destaque foi a primeira apresentação do Ready to be Hated, supergrupo formado por Luís Mariutti, Thiago Bianchi, Rodrigo Oliveira e Fernando Quesada.

A nova formação do Hibria também se apresentou pela primeira vez no Waves Stage, iniciando uma nova fase do grupo brasileiro. O poderoso Maestrick também apresentou sua nova turnê no palco, celebrando seu novo lançamento “Espresso della Vita: Lunare”. Outra performance elogiada foi a dos performáticos The Heathen Scythe, responsáveis por encerrar os shows no palco.

O domingo foi especial por marcar encontros e reencontros de grandes nomes da música com seus fãs brasileiros tão apaixonados. Continuando a manter a música ao vivo viva, o festival terminou com um saldo muito positivo.

Sendo assim, a contagem regressiva para a edição de 2026 já começou. O sucesso da edição deste ano permitiu que os fãs voltassem para cara com um sorriso estampado no rosto e com a ansiedade do quão grandioso o futuro ainda pode ser para o Bangers Open Air. Vida longa ao festival!

Galeria do show