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Bangers Open Air  (Warm Up): Um aquecimento mais do que especial

Bangers Open Air (Warm Up): Um aquecimento mais do que especial

7 de maio de 2025


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Os fãs brasileiros de rock e metal são conhecidos no mundo todo por serem um dos mais apaixonados. Presentes em grandes festivais no mundo todo, por anos sentiu-se a falta de um grande festival de metal em nossa própria terra. Um festival constante, anual, sempre trazendo grandes nomes da música. Essa é a missão que a cada ano é cumprida pelo Bangers Open Air.

O festival, que teve sucesso em suas duas primeiras edições sob o nome de Summer Breeze Festival, agora inicia uma nova jornada, rebatizado, cheio de energia e vontade de fazer a música ao vivo continuar a acontecer junto aos fãs. Este foi exatamente o feito do festival durante os dias 2, 3 e 4 de maio. O feriado prolongado foi o momento perfeito para a realização desta nova edição do evento no Memorial da América Latina em São Paulo, casa das duas primeiras edições.

Se a ideia do festival era unir fãs e fazer uma grande festa para celebrar a música pesada, o objetivo foi alcançado. Bandas de diferentes gerações se encontraram em um line-up que, apesar de repetir algumas bandas que já haviam participado de outras edições, conseguiu alcançar diferentes públicos.

A estrutura, muito parecida com as duas primeiras edições, foi explorada pelos presentes durante os três dias de festival. O primeiro, considerado como um “aquecimento”, contou com shows apenas nos dois palcos principais: Hot Stage e Ice Stage. Durante sábado e domingo, além dos dois citados, houveram shows também no Sun Stage e o Waves Stage. O último, neste ano, voltou a ser montado dentro do auditório do Memorial, assim como em 2023, mas agora aberto ao público.

O primeiro dia do festival era o chamado “warm up”, um dia de aquecimento para o festival, com apresentações limitadas apenas aos dois palcos principais. Nesta data, o festival se deu início apenas na metade da tarde com o show do Kissin’ Dynamite. Os alemães, estreantes no Brasil, tocaram para um público relativamente pequeno, o que de forma alguma diminuiu a empolgação do grupo para se apresentar aqui.

O grupo deixou claro que estava contente de tocar no Brasil, transmitindo essa alegria aos fãs presentes. “Back With a Bang”, “DNA”, “The Devil is a Woman” e “Raise Your Glasses” foram algumas das canções que fizeram parte do setlist da banda. Deixando uma boa primeira impressão, com certeza conseguiram angariar alguns fãs nesta vinda.

Enquanto o Kissin’ Dynamite se apresentava no Ice Stage, os preparativos para o ritual blasfemo das freiras do Dogma era montado no Hot Stage. Já conhecidas do público brasileiro, o show não empolgava muito os presentes até a metade da apresentação. Porém, o visual chamativo e o backline usado pela banda atraia curiosos para perto do palco.

Foi depois do cover de “Like a Prayer”, da Madonna, que o show cresceu. As escolhas certeiras de faixas como “Bare to the Bones”, “Make Us Proud”, “Pleasure from Pain”, “Father I Have Sinned” e “The Dark Messiah” deram outra cara ao show, mesmo com o som mais alto do que o agradável.

Em sua segunda passagem pelo Brasil, as freiras conseguiram atrair a atenção do público. Sua vinda foi complementada com o anúncio de shows como abertura da nova turnê de Fabio Lione pelo país.

Voltando para o Ice Stage, o Armored Saint foi recebido por um público consideravelmente maior que as bandas anteriores. O grupo formado por nomes conhecidos como John Bush (vocal, ex-Anthrax) e Joey Vera (baixo, Fates Warning, Ex-Mercyful Fate), apresentaram seu heavy metal tipicamente americano, direto e sem grandes firulas.

Apesar da qualidade do som ter decaído, com o baixo quase inaudível e a bateria mal mixada, a apresentação agradou ao público. “March of the Saint”, “End of Attention Span”, “Reign of Fire” e “Can U Deliver” foram algumas apresentadas durante uma hora de show, essa última contando com John Bush vindo para a galera e cantando com o público, animando o bom show.

Em 2025 o Pretty Maids completa quarenta e quatro anos de carreira. E apenas neste ano, durante o Bangers Open Air, a banda dinamarquesa estreou no Brasil fazendo uma das melhores apresentações do festival.

O grupo trouxe músicas como “Kingmaker”, “Future World”, “Back to Back”, “Little Drops of Heaven” e sua versão de “Please Don’t Leave Me”, de John Sykes, empolgado e emocionando os fãs de seu heavy metal melódico que esperaram quatro décadas para vê-los ao vivo.

Além do excelente baterista Allan Tschicaja, o grande destaque da banda é o impressionante vocal de Ronnie Atkins. O vocalista, paciente com câncer estágio 4 nos pulmões, ainda arrepia com sua voz aos sessenta anos. Mesmo lutando contra o câncer, o vocalista continua encarando turnês com o Pretty Maids e com o Avantasia, com quem também se apresentou no festival, sendo um exemplo de força e resiliência.

Se o Pretty Maids elevou o nível das apresentações da sexta-feira, a rainha do metal não deixou nem por um segundo a qualidade baixar. Doro Pesch sempre demonstrou um carinho gigantesco pelo Brasil e pelos fãs brasileiros e no Bangers Open Air não foi diferente.

Seu show, parecido com sua última apresentação durante o Monsters of Rock de 2023, contou com clássicos do Warlock como “I Rule the Ruins”, “Burning the Witches”, “Fight For Rock” e “All We Are”, além de uma bonita homenagem ao Judas Priest com um excelente cover de “Breaking the Law”.

Acompanhada de Bas Maas (guitarra, After Forever) e do polêmico brasileiro Bill Hudson (guitarra, Northtale), Doro e sua banda esbanjaram simpatia e excelente presença de palco, alimentando os fãs que tanto esperavam para rever a rainha. O carinho recebido pela cantora vindo do público deixou-a visivelmente emocionada, numa troca sentimental que apenas a música ao vivo pode proporcionar.

Responsável por encerrar a noite, o veterado Glenn Hughes mostrou que a idade não é um problema para ele. Com uma extensa carreira com passagens por Deep Purple, Black Sabbath, The Dead Daisies, Black Country Communion e tantas outras, o baixista e vocalista provou no palco o porquê de ser um dos mais importantes nomes do rock.

O fato de Glenn Hughes apresentar no Bangers Open Air praticamente o mesmo setlist que ele fez em sua última passagem pelo Brasil em 2023 não diminuiu em momento nenhum o brilho do homem que possui “a voz do rock”.

Com um setlist composto apenas por músicas do Deep Purple e com uma performance recheada de improvisações e solos que até cansaram alguns dos presentes, o vocalista surpreende por manter uma voz ainda tão potente mesmo aos seus 73 anos. “Burn”, clássico absoluto de sua carreira, foi o ponto alto do concerto, emocionando os fãs que cantaram o tempo todo com o vocalista.

Sua apresentação se uniu ao time das bandas “mais velhas”, mostrando que a idade não impede alguns artistas de continuarem com performances afiadas mesmo com o tempo passando. Além disso, quem esteve presente na sexta-feira foi embora para casa com o famoso “gostinho de quero mais”. Um aquecimento digno para uma grande festa que estava apenas começando.

 

Galeria do show