Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

O metal extremo paulista viveu um domingo de glória: a turnê The Unholy Trinity (curiosamente, o mesmo nome de um faroeste lançado em junho/2025) com shows de Behemoth, Deicide e Nidhogg encerrou sua jornada em terras brasileiras com apresentações no Terra SP lotado de fãs. Anteriormente, a turnê passou por Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

A abertura do evento ficou com os poloneses do Nidhogg. Sua origem no ano de 2024 remete a outra banda de black metal daquele pais (Wilczyca) quando o então vocalista Nidhogg resolveu procurar novos ares montando uma banda que levaria seu nome e que acaba de lançar seu primeiro full-length ‘Narcissus’.

Iniciando a apresentação com a faixa título do álbum, o recinto é tomado pelo black metal clássico vindo do palco. Apresentando um setlist com canções de seu único álbum, destacando as ótimas “Transilvania” e “Jeszcze Zemsci Sie Ziemia”, além de duas releituras de sua antiga banda: “Horda” e “Wilczyca”.

Com um jogo de luzes excelente, a performance da banda é impecável, principalmente do vocalista Nidhogg. Coberto com uma tinta preta, ele a todo momento se comunica com a platéia, demonstrando enorme respeito pelo metal brasileiro e se declarando fã do Sepultura para então, trajando uma camiseta do Brasil, executar uma versão matadora do clássico “Territory” – não sem antes vociferar contra a guerra Rússia e Ucrânia – encerrando o show de forma apoteótica.

Em um apresentação de quarenta minutos, o Nidhogg deixou excelente impressão no público presente.

Formação:

Nidhogg – vocal

Paweł “Pavulon” Jaroszewicz – bateria

Jakub “Boruta” Sliwowski – baixo

Dariusz “Daron” Kupis – guitarra

Jacek “The Killer” Kieller – guitarra

Setlist

Narcissus
Mental Lycanthropy And The Calling of Shadows
Transilvania
Sic Luceat Lux
Wilczyca
Horda
Jeszcze Zemsci Sie Ziemia
Wyrocznia
Territory

Se o Nidhogg inicia sua jornada no metal extremo, no caso do Deicide a coisa muda de figura. Afinal, se trata de uma banda com mais de trinta anos de carreira, treze álbuns de estúdio lançados – o ultimo é ‘Banished By Sin’ de 2024 – e o nome eternizado na história do death metal.

Sem introdução ou algo parecido, os clássicos “When Satan Rules His World” e “Carnage In The Temple Of The Damned” iniciam a apresentação e impressiona a hecatombe proveniente do palco.

O setlist foi calcado nos três primeiros petardos: ‘Deicide’ (1990), ‘Legion’ (1992) e ‘Once Upon The Cross’ (1995) juntamente com faixas do mais recente lançamento mostrando uma banda extremamente afiada. Steve Asheim é um baterista fenomenal, sem dúvida um dos melhores do estilo; a dupla de guitarristas Taylor Nordberg e Jadran ‘Conan’ Gonzalez se mostrou bem entrosada, apesar de ser praticamente a estréia de ‘Conan’ e muitos fãs ainda sentirem a falta dos irmãos Hoffman. Glen Benton é a personificação da blasfêmia com seus urros, presença imponente de palco e a paixão ao interpretar clássicos como “Once Upon The Cross”, “In Hell I Burn” e “Dead By Dawn” lançados como mísseis em direção ao público.

O encerramento foi com o hino “Homage for Satan”, canção de ‘The Stench of Redemption’, me fazendo traçar um paralelo com a abertura – “Quando Satanás Governa Seu Mundo” – algo que combina bem com o sarcasmo de Mr. Glen Benton.

Apesar de um problema técnico (rapidamente solucionado) no início de “Carnage In The Temple Of The Damned”, em cinquenta minutos o Deicide mostrou o motivo de ser considerado um dos pilares do death metal entregando uma apresentação avassaladora.

Formação:

Glen Benton – baixo e vocal

Steve Asheim – bateria

Taylor Nordberg – guitarra

Jadran “Conan” Gonzalez – guitarra

Setlist

When Satan Rules His World
Carnage In The Temple Of The Damned
Bury The Cross… With Your Christ
Behead The Prophet (No Lord Shall Live)
Once Upon The Cross
From Unknown Heights You Shall Fall
Sacrificial Suicide
Satan Spawn, The Caco-Daemon
Sever The Tongue
In Hell I Burn
They Are The Children Of The Underworld
Scars Of The Crucifix
Dead By Dawn
Homage For Satan

O encerramento da The Unholy Trinity foi com o Behemoth. Liderados por Nergal, acabam de lançar seu 13o. álbum de estúdio, ‘The Shit ov God’, consolidando seu nome como um dos maiores dentro do metal extremo mundial.

A apresentação começa com a abertura do último álbum, “The Shadow Elite”, para emendar com dois clássicos “Ora Pro Nobis Lucifer” e “Demigod” causando um pandemônio na platéia que agita e urra as letras.

Esse início mostra que estamos diante de uma banda passando por um momento especial em sua carreira de mais de trinta anos. Musicalmente, executam clássicos como “Conquer All”, “Ov Fire And The Void” e “Bartzabel” com uma precisão absurda. Nergal comporta-se como um mestre de cerimônia forjado em Hades, incitando o público a todo momento que respondia a cada comando vindo do palco. Mas essa não é uma apresentação simplesmente musical e o Behemoth mostrou porque é uma das bandas mais teatrais de atualidade. Iluminação, cenário, figurinos e imagens projetadas no telão de fundo foram pensados nos pequenos detalhes para proporcionar ao público um espetáculo visual impressionante. Assistir essa performance transporta a platéia para outra dimensão…e tudo isso embalado por um metal extremo do mais alto quilate.

Com o setlist mesclando canções mais recentes e os antigos clássicos, a parte final com Nergal afirmando que ‘esse foi o melhor show que fizemos no Brasil’ para lançar “Cursed Angel Of Doom”, “Chant For Eschaton 2000” e a grandiosa “O Father O Satan O Sun!” foi simplesmente memorável.

A melhor palavra para definir essa apresentação do Behemoth é ‘impecável’. Sabe aquela situação onde tudo funciona perfeitamente? Esse foi o caso…..

Formação:

Nergal – vocal e guitarra

Inferno – bateria

Orion – baixo

Seth – guitarra

Setlist

The Shadow Elite
Ora Pro Nobis Lucifer
Demigod
The Shit ov God
Conquer All
Blow Your Trumpets Gabriel
Ov Fire and the Void
Lvciferaeon
Bartzabel
Wolves ov Siberia
Once Upon a Pale Horse
Christians to the Lions
Cursed Angel of Doom
Chant for Eschaton 2000

Encore

O Father O Satan O Sun!

Galeria do show