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Buddy Guy: a despedida agridoce de uma lenda dos palcos

Buddy Guy: a despedida agridoce de uma lenda dos palcos

4 de junho de 2023


No último sábado, dia 3 de junho de 2023, os paulistanos tiveram o privilégio de testemunhar um momento histórico da música no Parque do Ibirapuera, durante o festival Best of Blues & Rock. O lendário bluesman Buddy Guy, aos impressionantes 86 anos, mostrou uma energia invejável ao realizar o primeiro de seus dois shows da “Damn Right Farewell Tour” programados para acontecerem na capital paulista.

Antes do show, em uma entrevista coletiva, outro gênio da guitarra, Steve Vai, expressou seu respeito por Buddy Guy e pelo que ele representa, não apenas para o blues, mas também como uma inspiração para figuras igualmente importantes e influentes na história do rock, como Jimmy Hendrix e Eric Clapton. Mas muito além disso, Buddy Guy inspirou uma geração de guitarristas de blues contemporâneos, como Gary Clark Jr., Joe Bonamassa e Kenny Wayne Shepherd. Sua abordagem única na guitarra e sua interpretação vocal distintiva deixaram uma marca duradoura no gênero.

A participação da filha de Buddy Guy, Carlise Guy, foi um dos momentos mais marcantes da apresentação. Sua voz extremamente poderosa já havia cativado o público anteriormente, quando se apresentou com sua banda Nu Blu Band, tocando um repertório que abrangia blues, R&B, pop e canções da gravadora Motown.

Outro destaque do festival foi, sem dúvida, Steve Vai. Sua reputação como um guitarrista inovador, compositor visionário e talentoso produtor precede-o, e a multidão estava ansiosa para testemunhar a maestria musical que ele prometia entregar. Desde os primeiros acordes, ficou claro por que Vai é reverenciado pelos fãs de todos os gêneros musicais. Sua guitarra é uma extensão de si mesmo, e ele a manipula com uma criatividade infinita e uma técnica impressionante. Seus dedos voam pelas cordas com velocidade e precisão, enquanto as notas se entrelaçam em melodias complexas e cativantes. Que inclusive, trouxe a “exótica” Hydra criada em conjunto com a Ibanez que possui 3 braços, sendo 1 de 12 cordas, um de 7 cordas e 1 de quatro cordas, que funciona como um baixo elétrico.

Enquanto Steve Vai comandava o palco, sua presença magnética era inegável. Ele transmitia uma paixão ardente por sua arte e mergulhava em cada nota com uma intensidade palpável. Sua habilidade de se conectar emocionalmente com o público era notável, e a multidão respondia com entusiasmo, entregando-se à experiência sonora única proporcionada por esse mestre da guitarra.

O brasileiro Artur Menezes também teve uma apresentação digna de nota, mostrando ser um desses talentos raros, e sua performance ao vivo foi uma prova contundente disso. Radicado nos Estados Unidos desde 2016, Menezes tem conquistado seu espaço na cena do blues rock mundial, deixando uma marca indelével com seu estilo distinto e suas raízes nordestinas brasileiras.

A única banda que parecia um pouco deslocada nessa programação foi o Dead Fish, talvez se encaixasse melhor em um dia ao lado de IRA! e Tom Morello, dada a temática e a vibração energética diferente. No entanto, Rodrigo Lima sempre assume os vocais com sua voz poderosa e raivosa, transmitindo as mensagens afiadas e engajadas das letras da banda. A música do Dead Fish é um grito de revolta e uma reflexão sobre as questões sociais e políticas do país.

No entanto, o destaque principal para mim, sem dúvida, foi a despedida de Buddy Guy dos palcos. Foi um momento agridoce para os fãs de música. Por um lado, estávamos presenciando o fim de uma era, mas, por outro lado, era uma celebração de uma carreira lendária que tocou inúmeras vidas e inspirou gerações de músicos. George “Buddy” Guy deixa um legado inegável e uma marca indelével no mundo da música, e seu impacto será sentido pelas gerações futuras de músicos e fãs de blues.

Galeria do show