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Tom Morello e Buddy Guy encerram em grande estilo o Best of Blues and Rock

Tom Morello e Buddy Guy encerram em grande estilo o Best of Blues and Rock

5 de junho de 2023


Crédito das fotos: André Veloso

No domingo (04), o Parque Ibirapuera recebeu o último dia do festival “Best of Blues and Rock” na área externa do Auditório do parque. Com 5 shows em seu line-up, o dia final aparentava conter o melhor público entre os três dias de evento. Day Limns e Ira! eram os representantes nacionais do dia que seguia com Goo Goo Dolls e com a segunda apresentação de Buddy Guy e Tom Morello no evento.

O trânsito carregado na entrada do parque me impediu de pegar o começo do show da Day Limns. Nome em ascensão na cena nacional, a artista traz em sua música uma forte influência do pop rock nacional dos anos 2000 e 2010, porém não contava com um som muito bem equalizado, apresentando alguns problemas aos ouvintes, principalmente com linhas vocais pré gravadas que serviam como backing vocal durante as músicas. Nem isso e nem o forte sol atrapalharam os fãs que marcaram presença na frente do palco que participavam cantando e até jogando calcinhas para a cantora. Músicas como “Muito Além”, “Finais Mentem” e “Castelos de Areia” fizeram parte da apresentação, essa última contando com a participação do vocalista da banda Bullet Bane, Arthur Mutanen. “Minha Religião”, música inédita que será lançada ainda essa semana, também esteve presente no setlist.

Enquanto o número de pessoas não era muito grande no show de abertura, o jogo virou quando o Ira! subiu no palco. O público encheu todo o espaço do festival para a apresentação da banda, mostrando o carinho que possuem com a carreira do grupo com mais de 40 anos de estrada. Nasi e Edgar Scandurra comandavam o show sem muito esforço já que os fãs, animados, participavam de todas as músicas. Clássicos como “Flerte Fatal”, “Rubro Zorro”, “Flores em Você” e “Tarde Vazia” fizeram a alegria do público. O show também contou com a participação de Day Limns cantando as partes pra sempre eternizadas por Pitty em “Eu Quero Sempre Mais”, um dos sucessos mais marcantes da carreira deles. Quem estava lá pôde presenciar um excelente show de uma das principais bandas do rock nacional.

Em seguida, foi a vez do Goo Goo Dolls subir ao palco. A dupla formada por John Rzeznik (vocal e guitarra) e Robby Takac (baixo e vocal) trouxe um setlist recheado de músicas para sua segunda passagem pelo país. A banda conta com uma clara influência musical do rock presente no fim dos anos 80 e começo dos anos 90 e, apesar de um show lotado, o público parecia estar esperando apenas por “aquela” música. Obviamente que os fãs mais árduos ficaram felizes ao receber 20 faixas que passaram por toda a história do grupo, tal como “Sympathy”, “Better Days”, “Broadway”, “Dizzy” e “Black Balloon”. Mas, tal qual o Extreme que esteve presente no festival na sexta-feira, é apenas uma música que conquista o público que não acompanha a fio o trabalho da banda. Quando o Extreme tocou “More Than Words” no meio de seu show, apesar de ter sido um lindo momento, era possível ver o público deixando a frente do palco depois da execução do clássico. Já o Goo Goo Dolls esperou até o último instante para tocar “Iris”, maior clássico da banda, que foi cantada a todo pulmão por todos os presentes, encerrando o bom show dos americanos.

Sem atrasos, Buddy Guy foi anunciado e recebido da forma mais calorosa possível. O grande número de pessoas presentes aclamaram com todo o carinho o lendário bluesman que se apresentava pela segunda vez nesta edição do festival, sendo esse o último show de sua carreira em terras brasileiras, já que o músico vem se despedindo dos palcos. Aos 86 anos, Buddy Guy canta, dança, rebola e toca guitarra como poucos, inclusive usando uma baqueta e um pano como palheta. Steve Vai, no sábado, deixou claro sua alegria em tocar no mesmo dia de Buddy Guy e disse, no palco, o quanto foi influenciado pela lenda viva do Blues. Apesar de ter passos lentos enquanto caminhava de um lado para o outro, suas mãos eram ágeis na hora de executar grandes músicas como “I Let My Guitar do the Talking”, “Damn Right, I’ve Got the Blues”, “Take me to the River” de Al Green, “Boom Boom” de John Lee Hooker, “Voodoo Child” de Jimi Hendrix, “How Blue Can You Get” de Johny Moore, entre outras. Em “Little By Little”, Buddy Guy recebeu seu filho e filha, membros da banda “The Nu Blu Band”, além de contar também com a participação de Tom Morello. Uma grande festa de despedida a um dos maiores nomes do Blues mundial que fez um show impecável com sua técnica e simpatia.

Tom Morello foi o responsável por encerrar a última noite do festival, também fazendo sua segunda apresentação nesta edição, tendo sido o headliner de sexta-feira. O músico conta com a “The Freedom Fighters Orchestra” como sua banda de apoio e, assim como na primeira noite do festival, fez um show eletrizante. Segundo o próprio, de 21 álbuns que ele já havia participado, ele executaria faixas de 17 deles, incluindo até uma música chamada “Rat Race” de uma banda de sua adolescência que foi tocada em homenagem a um amigo falecido na sexta-feira. No setlist, medleys de riffs do Rage Against The Machine e Audioslave que contavam com “Bombtrack”, “Bulls on Parede”, “Guerilla Radio”, “Cochise”, “Testify”, entre outras, fizeram a alegria dos fãs. O projeto “Prophets of Rage” também não ficou de fora dos medleys. Colaborações com outros artistas também foram apresentadas, como “Let’s Get the Party Started”, música feita com o Bring Me The Horizon e “GOSSIP”, parceria lançada com Maneskin. A foto de Chris Cornell no telão fez os fãs se emocionarem junto da execução de “Like a Stone”. Mensagens anti-facismo também estiveram presentes durante o show, como de costume do músico. Um dos pontos altos do show foi um maravilhoso cover de “The Ghost of Tom Joad”, de Bruce Springsteen, que contou com um grande solo performado por Morello. No primeiro show do músico, “Power to the People” contou com a participação do Extreme e Steve Vai. Desta vez, o cover do John Lennon teve apenas a banda junto da gigante empolgação do público presente, encerrando uma incrível apresentação.

A 10° edição do festival Best of Blues and Rock contou com excelentes performances e shows inesquecíveis durante os três dias de evento, mas também trouxe consigo alguns problemas durante sua divulgação. Os ingressos a preços altos trouxeram indignação entre os fãs que sempre participaram desse festival de forma gratuita. Já quem comprou, se sentia injustiçado ao ver ingressos sendo sorteados por várias páginas pela internet. Cabe à produção do evento repensar em como refazer o festival de uma forma onde possa agradar os fãs de música pelo país.

Galeria do show