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Biohazard faz o Rio de Janeiro tremer em apresentação pré-Summer Breeze

Biohazard faz o Rio de Janeiro tremer em apresentação pré-Summer Breeze

24 de abril de 2024


Crédito das fotos: Priscila Melo/Headbangers News

O feriado de São Jorge trouxe ao Rio de Janeiro não só o fenômeno da lua rosa, mas também o Biohazard, no primeiro dos dois shows marcados para a o Brasil. E nós fomos acompanhar a performance que antecede a apresentação do Summer Breeze Brasil deste ano.

O local não poderia ser outro, o Circo Voador, na Lapa, região central do Rio. Com acessibilidade razoável, não haveria desculpas para que o público não comparecesse em massa, afinal, era feriado e o apelo era grande. Há muitos anos o Biohazard não pisava em terras brasileiras. No Rio, a abertura ficou a cargo do Raimundos, ou o que sobrou da banda, já que daquela formação clássica, restou apenas Digão, que hoje acumula também a função de vocalista, já que Canisso nos deixou há um ano, Rodolfo virou evangélico fanático bolsonarista e Fred, revelou recentemente ainda ter muitas rusgas com o atual frontman.

O Raimundos subiu ao palco pontualmente às 20h, com a casa ainda muito vazia. O som estava muito bom e a banda soando muito pesada. Não faltaram clássicos, como “I Saw You Saying?”, “Rapante” (a primeira roda da noite, que nem mesmo esse pobre redator conseguiu resistir e entrou, mas saiu logo porque percebeu que está velho demais para essas aventuras), “Palhas de Coqueiro”, “Bê a Bá”, “Puteiro em João Pessoa”, “Tora-Tora” (a música mais pesada dentre todas da carreira do Raimundos) e “Eu Quero Ver o Oco!”, que fizeram os presentes agitar bastante. Os hits radiofônicos, como “Mulher de Fases” ou a desnecessária “Reggae do Manero” conseguiram empolgar, em uma amostra que a galera estava ali pelo peso. A banda está muito afiada e eles até ensaiaram as introduções de “Creeping Death” e “Rainning Blood”. Belo show, mas parece pouco para quem está comemorando 30 anos do primeiro álbum, que abalou as estruturas do Rock brasileiro. Faltou ali o Rodolfo correndo feito um louco de um lado para o outro do palco. Quem viu, viu.

Enquanto a equipe de roadies concluía o setup do palco e a DJ Cammy Marino acertava a mão tocando clássicos do Metal e Hardcore dos anos 1990, dois imensos quadros com a capa do álbum “State of the World Address” eram colocados em cada lado do palco, lembrando que este ano, o álbum completará 30 anos de lançamento. Os 50 minutos que precederam o arregaço sonoro dos caras pareciam uma eternidade, até que as luzes se apagaram e o baterista Danny Schuler subiu e sentou em seu kit, enquanto aguardava os outros três integrantes. E o que dizer de um show que começa com “Urban Discipline”, “Shades of Grey” e “Tales From the Hard Side”? A essa altura, o Circo Voador já estava cheio e a galera ensandecida como há muito tempo não se via.

Com o som absurdamente alto, o que não é uma crítica, e sim uma exaltação, pois o Biohazard deve ser tocado e escutado com o volume no talo, a banda embarcou nessa onda nostálgica que todos nós vivemos atualmente e fez a alegria dos presentes, poucos ali tinham menos de 40 anos. O vocalista/ guitarrista Billy Graziadei fez uma linda declaração ao Brasil, e também falou que ama o Raimundos, em um português sofrível, mas que todos entenderam. Ainda arrancou risadas de todos quando brincou, chamando o rapaz que fazia as imagens de cima do palco de “filho da puta”… Ele já morou aqui e por isso foi o único que se arriscou no nosso idioma. Depois ele falou que a banda está envolvida em ajudar a combater o câncer de mama, uma atitude nobre, que talvez o fã reacionário vá entender como “lacração”… Azar o deles e palmas para Evan, Billy, Danny e Bobby.

O setlist foi praticamente idêntico ao que noticiamos aqui mesmo no site. A única diferença foi a inclusão da ótima “How It is”, que não estava sendo tocada nos primeiros shows realizados em Quito e Santiago. No palco, o Biohazard segue quase igual como na década de 1990, a exceção é Billy Graziadei quando faz o vocal. Suas partes não estão tão potentes como outrora, mas Evan Seinfeld segue arrasador ao vivo. Em 1 hora e 20 minutos, o Biohazard brindou a todos com clássicos forjados na década de 1990. Os três primeiros álbuns foram os privilegiados e “Urban Discipline” teve nada menos que seis músicas apresentadas, incluindo o cover do Bad Religion para “We’re Only Gonna Die”. Faltaram músicas? Claro. “Chamber Spins Three”, “Business” e algumas do excelente “Mata Leão” como “Authority” (essa iria transformar o Circo Voador em um pandemônio), “These Eyes (Have Seen)”, “Waiting to Die” ou “Better Days”, mas a gente entende. E com um arregaço desse de show que os novaiorquinos fizeram no Rio de Janeiro, não há como repreender a apresentação perfeita dos caras.

O Biohazard é uma banda que trafega pelo Hardcore e também pelo Metal e é uma das poucas bandas a conseguir tal façanha com êxito. Enquanto alguns se preocupavam com São Jorge, os metalheads cariocas lavaram a alma com a nata do Hardcore. É sem dúvidas o melhor show que o Rio de Janeiro testemunhou nessa última meia década. Os paulistanos que se preparem, pois o quarteto está destruidor.

Setlist Biohazard:

• Urban Discipline
• Shades of Grey
• Tales From the Hard Side
• Wrong Side of the Tracks
• Black and White and Red All Over
• Retribution
• How It is
• Down for Life
• Victory
• Love Denied
• We’re Only Gonna Die
• Punishment
• Hold My Own

Galeria do show