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Carcass no Carioca Club: brutalidade técnica e pura diversão numa quinta-feira em São Paulo

Carcass no Carioca Club: brutalidade técnica e pura diversão numa quinta-feira em São Paulo

16 de maio de 2025


Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Quinta-feira fria em São Paulo, mas o clima ao redor do Carioca Club, em Pinheiros, era de pura animação. Muita gente reunida nos bares próximos, aquecendo o corpo e o espírito para o que viria a seguir. A banda inglesa Carcass, lenda do death metal mundial e uma das formações mais cultuadas do gênero, estava de volta ao Brasil para duas apresentações neste mês de maio: dia 13 em Belo Horizonte, no Mister Rock, e dia 15 em São Paulo, no Carioca Club. A realização foi da Overload.

A casa abriu às 19h, e pontualmente às 20h30 as luzes se apagaram. O público já estava completamente entregue quando a banda surgiu no palco com “Unfit for Human Consumption”. O que se viu ali, desde os primeiros segundos, foi um mosh ininterrupto, pulsante, que só terminou quando o show acabou. A energia era contagiante e até eu me aventurei no meio da roda, me divertindo como há tempos não fazia. Uma noite de reencontros com amigos, gritos guturais e pura celebração da música pesada.

Com uma formação sólida, o Carcass mostrou fôlego e precisão em cada faixa do repertório. Bill Steer, na guitarra e vocal, segue imponente, com riffs cortantes e solos precisos. Jeffrey Walker, carismático e firme à frente do baixo e dos vocais, conduz a banda com presença e uma certa acidez que casa bem com o espírito da noite. Daniel Wilding, na bateria, impressiona pelo controle técnico e agressividade, sustentando com clareza o caos organizado do som da banda. E Ben Ash, na guitarra, completa o time com segurança e intensidade.

A performance foi firme, densa e coesa. O show teve uma construção cuidadosa de dinâmica, alternando momentos de violência sonora com passagens que permitiam respirar, mas sem jamais perder a tensão. A banda interage pouco com o público entre as músicas, mas diz tudo no palco: é através da música que o Carcass estabelece conexão, e isso ficou evidente na maneira como o público reagiu, cantando, berrando, se empurrando e vibrando a cada riff reconhecível.

O setlist trouxe faixas de várias fases da carreira, com destaque para “Buried Dreams”, “Kelly’s Meat Emporium”, “Tools of the Trade” e “Corporal Jigsore Quandary”. Uma aula de death metal melódico, grindcore e groove, tudo costurado com a identidade própria da banda, que mistura técnica, brutalidade e certo senso de humor sombrio.

Depois da sequência final com “Captive Bolt Pistol”, “Ruptured in Purulence/Heartwork” e o encerramento brutal com o trecho de “Carneous Cacoffiny”, a banda deixou o palco sob aplausos, gritos e muitos “horns up”. E aí veio a surpresa: não foi com uma última distorção ou blast beat que a noite terminou, mas com “Have a Cigar”, do Pink Floyd, tocando no som ambiente. Uma escolha inesperada e extremamente interessante, como quem acende um cigarro para relaxar depois do caos, a música trouxe um respiro contemplativo após a tempestade brutal que foi o show. Um final que, mesmo fora do padrão, fez todo o sentido.

Setlist

Unfit for Human Consumption

Buried Dreams

Kelly’s Meat Emporium

Incarnated Solvent Abuse

No Love Lost

Tomorrow Belongs to Nobody / Death Certificate

Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March No. 1 in B)

Black Star / Keep On Rotting in the Free World

Genital Grinder

Pyosisified (Rotten to the Gore)

Tools of the Trade

The Scythe’s Remorseless Swing

316L Grade Surgical Steel

This Mortal Coil

Corporal Jigsore Quandary

Encore

Captive Bolt Pistol

Ruptured in Purulence / Heartwork

Carneous Cacoffiny

Have a Cigar (Pink Floyd song)

Galeria do show