Shows

Conception estreia em São Paulo com show marcado pelo carisma de Roy Khan

Conception estreia em São Paulo com show marcado pelo carisma de Roy Khan

13 de junho de 2024


Crédito das fotos: Bel Santos/Headbangers News

Após uma participação marcante em um show especial com Edu Falaschi na Tokio Marine Hall no início do ano, o lendário vocalista Roy Khan, conhecido mundialmente por seu trabalho com o Kamelot, retornou à cidade de São Paulo no último domingo (09). Desta vez, ele estava à frente de um dos grupos mais ambiciosos do prog metal, o Conception, realizando sua tão aguardada estreia na metrópole no palco do tradicional Carioca Club.

Formada em Raufoss, Noruega, em 1989, o Conception se destacou rapidamente com uma sonoridade única que combina power metal, metal progressivo e elementos de música clássica. Durante os anos 90, a banda ganhou notoriedade pela sua criatividade e abordagem inovadora no cenário. Suas composições são conhecidas por mesclar melodias complexas e letras introspectivas com uma riqueza musical que abrange desde passagens atmosféricas a riffs poderosos. Já as influências do grupo vão além do metal tradicional e progressivo, incorporando também nuances de música clássica e flamenco, o que reflete a diversidade e a ambição de suas composições.

Experiência geral e show 

Originalmente, a mini turnê do Conception pela América Latina, composta por apenas três shows, estava programada para acontecer em março. No entanto, devido a uma série de contratempos, as apresentações tiveram que ser remarcadas. Apesar das expectativas, o público paulistano parecia pouco ansioso pela estreia, com apenas alguns seguidores da banda preenchendo os bares da Rua Cardeal Arcoverde nas horas que antecederam o evento. Além disso, embora o início das apresentações estivesse programado para às 18h, a casa só abriu suas portas ao público geral por volta das 19h.

O evento começou com a banda paulista Ego Absence, liderada pelo talentoso vocalista Raphael Dantas, conhecido por sua participação em grupos como Caravellus e Soulspell. Em um set curto, o conjunto apresentou seu power metal com influências progressivas, recebendo uma recepção calorosa do público presente. A faixa “I Am Free” foi atendida quase como um grande sucesso, com alguns seguidores entoando um coro animado. Próximo ao final da apresentação, a banda trouxe a vocalista Priscila Reimbergl (Valiria) para uma participação no single “Colibri”. Esta música evidenciou a diversidade do som do grupo, combinando peso com passagens mais suaves e melódicas. Apesar de pequenas falhas técnicas no microfone de Raphael, o Ego Absence entregou uma performance profissional e bem executada.

Logo após, o público foi presenteado com mais uma dose energética de power metal, desta vez com Armiferum. Com uma formação robusta composta por seis integrantes, a banda apresentou um show complexo e dinâmico, destacando as músicas do álbum “Reach For The Light”, seu único trabalho completo até o momento. O grande destaque da apresentação foi a performance do vocalista Ian Gonçalves, que impressionou ao alternar habilmente entre vocais limpos e guturais – uma abordagem rara no estilo power metal. Armiferum mostrou-se como uma força emergente no cenário do metal nacional, prometendo agitar o gênero com seus futuros lançamentos.

O bloco de atrações nacionais foi encerrado pela veterana Maestrick, uma presença ativa e respeitada no metal nacional desde a década passada. Apesar de possuir alguns discos completos, o grupo ousou ao apresentar um setlist composto exclusivamente por músicas que estarão em seu próximo trabalho. Entre os destaques, houve uma faixa que conta com a participação especial de Roy Khan, e outra que emocionou a plateia ao destacar bases pré-gravadas de um coral de senhoras sobreviventes do Holocausto. Assim sendo, a apresentação serviu como uma prévia do que os fãs de metal underground paulistanos podem esperar do próximo lançamento do Maestrick.

Após uma breve pausa para a troca de instrumentos, Roy Khan e seus colegas de banda – Tore Østby (guitarra), Ingar Amlien (baixo) e Arve Heimdal (bateria) – subiram ao palco do Carioca Club. O local, agora atingindo algo em torno de 50% de sua capacidade máxima, estava fervilhando de entusiasmo, com o público clamando pelo nome da banda em alto e bom som, minutos antes das 21h30. Após um caloroso agradecimento pela recepção, Conception iniciou seu set com “Grand Again” do EP My Dark Symphony, e logo em seguida engatou “A Virtual Lovestory” do álbum Flow (1997), demonstrando uma fusão de diferentes épocas da sua carreira. No entanto, durante a execução da segunda música, a voz de Roy apresentou falhas. Apesar disso, os fãs mantiveram a energia alta, entoando um vibrante coro de “hey hey”, enquanto o baixista Ingar animava a plateia ao circular pelo palco.

Depois da abertura, Roy Khan arriscou um animado “boa noite” em português. Em seguida, a banda tocou “Waywardly Broken”, proporcionando ao público um momento mais calmo e introspectivo, onde a voz de Roy brilhou acompanhada por uma base de guitarra com um riff simples, mas eficaz. “No Rewind”, single que ganhou destaque durante a pandemia com seu videoclipe filmado separadamente pelos integrantes, trouxe o prog metal de volta com força total, com um riff ágil e vigoroso. Durante essa música, Khan se aproximou da beirada do palco, segurando as mãos de alguns fãs, criando uma conexão ainda mais forte com seus seguidores.

Aproveitando essa interação calorosa, Roy decidiu cantar “The Mansion” sentado na borda do palco, chegando a autografar itens de fãs próximos. Nesta faixa, a voz da backing vocal Aurora Heimdal se destacou pela primeira vez no set, adicionando uma camada extra à performance. Logo em seguida, “A Million Gods” trouxe de volta a agressividade, com uma base instrumental mais técnica e uma presença marcante da guitarra. Tore Østby impressionou com um solo em shredding de tirar o fôlego, mostrando habilidade surreal. Em “Quite Alright”, um dos singles mais populares do EP My Dark Symphony, os holofotes voltaram para Ingar, cujo baixo preciso guiou a música, enquanto Roy atingia notas extremamente altas, demonstrando o alcance e a potência de sua voz.

Acrescentando uma dinâmica diferente à apresentação, todos os integrantes da Conception se posicionaram na frente do palco para um bloco acústico. Antes de iniciar “Silent Crying”, Roy fez um discurso emocionante dedicado a Patrícia, produtora da Far Music, o selo responsável pela turnê. Em seguida, a banda apresentou “Sundance”, uma faixa ousada que incorporou elementos de música mexicana, mostrando a versatilidade do grupo. Retornando ao formato elétrico, a banda continuou o set regular. Durante “Feather Moves”, Tore Østby protagonizou um dos momentos mais divertidos da noite, descendo para a pista e tocando o solo no meio do público. A energia da noite continuou alta quando os fãs reuniram as últimas forças para “She Dragoon”, “My Dark Symphony” e “Roll The Fire”, fechando a noite com chave de ouro.

Além da execução técnica impecável, o show do Conception surpreendeu pela incrível conexão que os integrantes estabeleceram com o público. Todos os membros da banda demonstraram uma alegria genuína por estarem se apresentando diante da plateia brasileira, exibindo um carisma ímpar. Essa sintonia criou um ambiente de celebração e comunhão entre a banda e seus fãs, fazendo deste um presente fantástico para os admiradores paulistanos do prog metal.

Setlist

Grand Again

A Virtual Lovestory

Waywardly Broken

No Rewind

The Mansion

A Million Gods

Quite Alright

Silent Crying

Sundance

Gethsemane

Parallel Minds

Feather Moves

By the Blues

Reach Out

She Dragoon

Bis:

My Dark Symphony

Roll the Fire

Galeria do show