Shows

Converge entrega seu caos musical em sua estreia no país e faz espera valer a pena

Converge entrega seu caos musical em sua estreia no país e faz espera valer a pena

11 de novembro de 2024


Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Demorou, mas finalmente aconteceu. Depois de trinta anos de carreira, a terceira tentativa resultou em um show do Converge no Brasil. Na primeira vez, em 2020, a pandemia de Covid-19 foi a culpada por cancelar a estreia do grupo por aqui. Alguns fãs, com fé, mantiveram seu ingresso em mãos, na esperança do retorno. Com o show marcado para o começo deste ano, em abril, a vinda ao país foi adiada devido a problemas de saúde de Kurt Ballou.

Por fim, no último domingo (10), o show finalmente saiu do papel e resultou em um show memorável. O palco da festa foi o Cine Joia e contou com produção da Agência Powerline e assessoria da Tedesco Mídia. Numa mistura de enérgica de caos e peso, as músicas da banda do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, fizeram a alegria dos fãs brasileiros sedentos pelo show.

Para essa festa, a MEE foi a banda convidada para o ato de abertura e elevou o nível da noite. Entregando muito peso em cima do palco, misturando partes lentas com o vocal pesado em algumas situações, o grupo entregou uma apresentação exemplar. Em momento algum a banda deixou a desejar, justificando seu exponencial crescimento na cena nacional. Infelizmente, na penúltima música, houve um problema em uma das guitarras, obrigado a banda se apresentar na música final apenas com uma, e não duas como no resto do concerto.

Enquanto arrumavam a guitarra, o baterista João Pedro Dentello puxou a introdução de Rosanna, do Toto, arrancando risadas de quem a reconheceu. João era um show à parte, martelando a bateria com muita precisão. Jê Landini, vocalista e guitarrista, também fez um concerto exemplar, com vocais precisos e pesados. Muito elogiados, os paulistanos deixaram sua marca na noite de domingo.

O Converge subiu ao palco sem muito papo, mostrando sem demora para o que veio. Nas primeiras notas apresentadas por Jacob Bannon (vocal), Kurt Ballou (baixo), Nate Newton (guitarra) e Ben Koller (bateria), o caos se instaurou no Cine Joia. A pista virou um campo de guerra em meio às rodas de mosh que se abriram. “Eagles Become Vultures” e a incrível “Dark Horse” abriram a apresentação, não deixando pedra sobre pedra desde o início.

Com muito respeito, o público não invadiu o palco em momento algum, se limitando a subir em uma espécie de degrau que leva ao palco e partindo dali para os stage divings que aconteceram durante o show todo. Em um momento singelo em meio ao caos, um fã que subiu neste degrau mandou um beijo para o vocalista, retribuído com carinho por Bannon.

Em alguns momentos, a voz de Jacob se embolava em meio aos rápidos riffs, o que piorava nas poucas partes em que ele cantava com a voz limpa. Um exemplo disso foi em “Hell to Pay”, onde a parte cantada simplesmente desaparecia do som. porém, nada disso atrapalhou o andamento do concerto. Pelo contrário, essas situações pontuais foram as únicas do show dos estadunidenses a acontecerem problemas. Destaque também importante foi o trio “Axe to Fall”, “You Fail Me” e “All We Love We Leave Behind”, momento de puro caos na apresentação.

Em um dos poucos momentos de respiro entre músicas, o baixista agradeceu ao público brasileiro, dizendo que amava os fãs daqui. Antes do baixista tomar a palavra, o público já clamava por “The Saddest Day” para que fosse escolhida como bis. O setlist da turnê latino-americana foi basicamente o mesmo em todos os shows, com mudanças significativas apenas na última música, o que justificou o clamor dos fãs pela música desejada.

Após os pedidos, a banda atendeu o chamado e “The Saddest Day” foi a escolhida depois de novos agradecimentos por parte de Ballou. Assim como as outras, a faixa escolhida para encerrar a apresentação traz todo o peso das outras, encerrando o show com a mesma energia que começou. Com tamanha energia gasta em músicas de tanto peso e rapidez, o show também foi curto, durando pouco mais de uma hora.

Musicalmente falando, as faixas do Converge não apresentam muitas diferenças. Para ouvidos não familiarizados com o trabalho dos americanos – e, em alguns momentos, até para quem os conhece – as músicas poderiam soar todas iguais. Porém, em um show como esse, o fator principal é a energia emanada pela banda no palco. Nesse quesito, o Converge não ficou devendo em nada.

Do começo ao fim, o grupo entregou um show recheado de peso, energia e caos, o que era o esperado pelos fãs em todos esses anos de ansiedade pela estreia da banda no país. Respondendo à altura, o público se conectou com a banda e fez a sua parte agitando a cada música. Com essa troca de energia, o resultado não podia ser outro além de um encontro de sucesso. Que o retorno da banda não seja tão demorado como sua primeira vinda.

 

SETLIST – MEE

1 – Electric Blanket & Chicken

2 – Bargain

3 – Depression

4 – Dobre

5 – Pidgeon Standard

6 – Koro Syndrome

7 – Day of Demolition

8 – Weight

9 – Saturated

 

SETLIST – CONVERGE

1 – Eagles Become Vultures

2 – Dark Horse

3 – Under Duress

4 – Heartless

5 – Axe to Fall

6 – You Fail Me

7 – All We Love We Leave Behind

8 – Predatory Glow

9 – Hell to Pay

10 – Bitter and Then Some

11 – Reap What You Sow

12 – Cutter

13 – Worms Will Feed/Rats Will Feast

14 – I Can Tell You About Pain

15 – Concubine

Bis:

16 – The Saddest Day

Galeria do show