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Crypta passa o rolo compressor na primeira apresentação das músicas novas no Rio de Janeiro

Crypta passa o rolo compressor na primeira apresentação das músicas novas no Rio de Janeiro

5 de novembro de 2023


Crédito das fotos: Ian Dias

O feriadão de Finados foi bem agitado no Rio de Janeiro: shows de artistas como Red Hot Chili Peppers, Roberto Carlos, Crypta, além da final da Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, juntamente com o Enem. Optamos por assistir ao show da banda de Fernanda Lira, que se apresentou pela primeira vez no Circo Voador e também tocou as músicas do seu mais novo álbum, “Shades of Sorrow”. A apresentação ocorreu na sexta-feira, véspera dos outros eventos na cidade.

Depois de um dia quente, antecipando o pior que virá quando o verão chegar, uma tempestade desabou sobre a cidade, atrasando a chegada de muitos que pretendiam acompanhar as meninas.

Os niteroienses da Klitoria subiram ao palco exatamente às 21h00, apresentando seu Punk Rock descompromissado, como o estilo pede. A banda tocou por vinte e cinco minutos e animou o público, que gritou o nome da banda no final. Não era incomum ver algumas rodas de mosh na pista. O som estava alto demais, mas isso não importava, já que a técnica não é a principal característica da banda, e nem precisa ser, pois são apenas jovens vivendo o espírito “faça você mesmo”.

Após uma espera digna de uma atração principal, finalmente, às 22:00, o Dark Tower foi anunciado pelo organizador e mestre de cerimônias, Luciano Paz. Era evidente a diferença entre esta banda e a anterior. O Dark Tower, apesar de fazer um som mais extremo, tinha músicos mais habilidosos na composição, pois o estilo assim exige. Para um leigo, tocar Death Metal pode parecer fazer barulho aleatório, mas aqueles familiarizados com o gênero sabem que é muito mais complexo. O público já estava consideravelmente maior e reagiu positivamente à apresentação do quinteto, que merece elogios, principalmente por se posicionar contra o governo inelegível que tentou impor a religião sobre a laicidade do Estado, mostrando que Metal e conservadorismo não podem coexistir. Em 40 minutos, a banda fez um set matador com um som alto, mas audível, provando por que são um dos destaques da cena fluminense.

Depois de uma espera interminável, os músicos do Surra já estavam no palco, ajustando seus instrumentos e até tocando a música “Mantenha o Respeito” do Planet Hemp nos PAs. Assim que os primeiros riffs começaram a ecoar, às 23h05, começou uma série de stage-dives, o que mostrava a conexão entre a banda e o público, embora causasse poluição visual no palco, felizmente de curta duração. O Hardcore da banda era direto, intenso e feroz. Dado o engajamento político da banda, não era surpresa que eles se posicionassem contra o genocídio cometido pelo governo de Israel no povo palestino, exibindo a bandeira da Palestina em seu amplificador. Nesse momento, o Circo Voador já estava lotado, e após 45 minutos, a banda deixou o público aquecido para o show da Crypta. O som estava ótimo, destacando-se o timbre da guitarra de Leeo Mesquita, que estava excepcional.

Às 00h20, a Crypta subiu ao palco, já com o público cativado. Não houve rodas de mosh durante a apresentação, pois todos estavam focados na incrível performance de Fernanda Lira, Tainá Bergamassi, Jéssica Di Falchi e na talentosa baterista Luana Dametto. O setlist foi baseado no seu mais recente lançamento, o excelente “Shades of Sorrow”. Das doze músicas executadas pelo quarteto feminino, oito eram do novo álbum. As músicas funcionavam muito bem ao vivo, mostrando o entrosamento crescente das garotas, e o som delas era avassalador, especialmente em faixas como “Trail of Traitors” e a poderosa “Under the Black Wings”, uma das músicas mantidas do primeiro álbum da banda. Outra que não poderia faltar era “From the Ashes”, o grande sucesso da banda que sempre encerra suas apresentações, o que foi o caso no Rio. Embora tenha faltado talvez “Death Arcana”, uma música que costumava abrir os shows da turnê anterior e que é a preferida deste redator que vos escreve, a performance foi tão espetacular que as faixas ausentes foram facilmente perdoadas. Foi uma hora e vinte minutos de pura entrega. A Crypta não precisa mais provar nada a ninguém, nem mesmo aos críticos que menosprezam as garotas. Gostem ou não, hoje elas são o maior nome do Metal nacional. Os críticos terão que aceitar e dar visibilidade à banda nas redes sociais.

Uma noite impecável para afirmar o bom momento da Crypta. As meninas deixaram o público carioca extasiado no Circo Voador e saíram com o dever cumprido, além de terem conquistado o status de banda de primeira linha do Metal nacional.

Galeria do show