Na sexta-feira (17), os fãs da música progressiva tiveram um encontro um pouco diferente do acostumado na cidade de São Paulo. O Teatro UMC recebeu, pela primeira vez em na capital paulista, a apresentação de Einar Solberg no formato de voz e piano. O vocalista já se apresentou com sua banda principal, o Leprous, por duas vezes no país. Agora, o músico encontrou os fãs para se apresentar no formato acústico performando músicas de sua carreira solo, covers de artistas que o influenciou e, é claro, canções do Leprous de forma intimista. Produzido pela Estética Torta, o concerto manteve os setlists que vêm sendo apresentados em outros países, recebendo um público que deixou o Teatro ainda mais encantado pelo cantor.

Quem já presenciou uma apresentação do Leprous sabe da grande qualidade vocal que Einar apresenta ao vivo, cantando como se estivesse em estúdio, completamente fiel e competente. Nesta apresentação, com apenas o vocalista no palco, sua performance é hipnotizante. A apresentação se iniciou com “Out of Here” e “The Price”, dobradinha de músicas do Leprous. Ao fim de ambas, Einar pediu à produção que não abrissem mais a porta de entrada do teatro. Incomodado, o cantor comentou sobre a dificuldade de se concentrar com a porta se abrindo, tornando-se “impossível de continuar o show”, segundo o mesmo. “16”, faixa título do seu álbum solo, veio depois de Einar compartilhar o conceito de seu álbum, comentando sobre as letras contarem histórias de experiências pessoais que vivenciou entre seus dezesseis e dezenove anos. Junto com “16”, “Castaway Angels” e “The Flood”, do Leprous, foram conectadas umas às outras. “Celestial Violence” veio na sequência, faixa que o norueguês gravou com Ihsahn (Emperor, Solo), músico que é amigo pessoal de Einar e do Leprous. A originalmente pesada e agressiva “Slave” ganhou uma versão belamente melancólica no piano, tendo um interessante contraste com sua versão original. Depois, Einar convidou o público a escolher a próxima música, fazendo uma votação entre “Acquired Taste”, “Passing”, “Moon” e “Echo”. Em um momento divertido, “Echo” venceu a votação.

Fugindo do que os fãs poderiam esperar, talvez imaginando que Einar, por ser do metal, se alimentava apenas disso, o norueguês apresentou um cover de “Earth Song”, do Rei do Pop, Michael Jackson. O cantor refletiu também sobre como algumas pessoas nascem com tudo, mas ao mesmo tempo, não tem nada, assim como outras nascem com nada, mas tem tudo. Uma reflexão quase poética que serviu como abertura para outra faixa do seu álbum solo, “A Beautiful Life” que foi emendada com “The Cloak” e “Bellow”, ambas no Leprous. Antes de “The Last Milestone”, Einar compartilhou sobre sua difícil relação com seu pai, contando que deixou de visitá-lo em um último contato que seu pai fez com ele antes de sua morte, história essa que inspirou a faixa. Uma marcante apresentação de “Who Whats to Live Forever”, do Queen, também foi precedida pelo comentário de que precisava colocar aquela música no começo do setlist, dada a sua dificuldade, mas se esqueceu de fazer isso, já que passou o dia anterior todo olhando capivaras em Curitiba, onde se apresentou na noite anterior à São Paulo. Depois de “Alliviate”, do Leprous, Einar perguntou se o público gostaria de saber o porquê dele colocar “Exit Music (For a Film)”, do Radiohead, no show, faixa que combinou muito com sua voz. Ouvindo um grande “yes” da plateia, Einar fez todos rirem ao dizer que não contaria. Assim como na primeira passagem do Leprous pelo Brasil, “From the Flame” foi a responsável por encerrar a bonita apresentação. Quando se despediu, o público pediu o setlist do show. O vocalista, numa brincadeira, amassou o setlist e arremessou (quase que vergonhosamente) o setlist, caindo na primeira fileira.

Einar é o tipo de vocalista que tem uma voz muito específica. É fácil de perceber que é ele quem está cantando apenas por ouvir seu timbre vocal. As notas agudas que ele alcança sem dificuldade se misturam com sua habilidade no piano, tornando um show muito bonito de se assistir. Juntando tudo isso à um humor ácido, a apresentação, além de bela, foi divertida. O silêncio quase sepulcral da plateia enquanto Einar tocava mostrava o quanto ele conseguia hipnotizar a todos com sua performance. Se o cantor já demonstra toda sua qualidade e versatilidade com sua banda principal, seu show solo serve apenas para o coroar ainda mais como um dos melhores vocalistas da atualidade.

SETLIST – EINAR SOLBERG

1 – Out of Here

2 – The Price

3 – 16

4 – Castaway Angels

5 – The Flood

6 – Celestial Violence

7 – Slave

8 – Echo

9 – Earth Song

10 – A Beautiful Life

11 – The Cloak

12 – Below

13 – Who Wants to Live Forever

14 – The Last Milestone

15 – Alleviate

16 – Exit Music (For a Film)

17 – From the Flame

Galeria do show