Os fãs brasileiros do Limp Bizkit jamais esquecerão o dia 20 de dezembro de 2025, a data que marcou o encerramento da bem-sucedida turnê sul americana “Loserville” de uma das bandas mais icônicas do nu metal, um gênero que não apenas renasceu, como hoje ocupa novamente um espaço de enorme popularidade e relevância no mainstream do rock.
E tudo saiu ainda melhor do que o roteiro prometia. Nem mesmo o sol escaldante e o clima seco foram capazes de atrapalhar essa grande celebração entre amigos, que se reuniram para entregar apresentações intensas para um público que, desde o primeiro minuto, se colocou como protagonista de uma festa vibrante e cheia de energia.
O lineup contou com a banda californiana Slay Squad, o rapper texano Riff Raff, a sul africana Ecca Vandal, os americanos do 311, os galeses do Bullet for My Valentine (que substituíram o Yungblud, afastado por questões de saúde) e, claro, o Limp Bizkit, coroando a noite.
Slay Squad e a fúria do “ghetto metal”
O mini festival teve início com a Slay Squad, banda que mistura elementos de hip hop, beats eletrônicos, hardcore e death metal, ou como eles mesmos se definem, ghetto metal. O show foi curto, como costuma acontecer em festivais, mas o suficiente para agradar os ainda poucos presentes no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo.
Riff Raff e o som gorduroso e sem sabor
Na sequência, se apresentaram Riff Raff, Ecca Vandal e 311. O primeiro até subiu ao palco, mas não deixou saudade: além de quebrar o clima do evento, já que deveria ter sido a atração de abertura, entregou um som pasteurizado, que não despertou o interesse de praticamente ninguém.
Ecca Vandal, muito prazer!
O mesmo, porém, não pode ser dito de Ecca Vandal, cantora sul africana radicada na Austrália, que entregou um show energético, com pegada hardcore punk e elementos de hip hop e pop. Vestida com a camiseta do álbum Roots, do Sepultura, e acompanhada de uma banda inspirada, com Kid Not do Limp Bizkit na formação, fez uma excelente apresentação e deixou o público com gostinho de quero mais.
311 e a elegância de ser 311
Com uma carreira consolidada e mais de uma dezena de discos lançados, o 311 trouxe ao palco um repertório que mescla indie rock, hip hop, funk, reggae e metal. A banda veterana mostrou total desenvoltura ao passear por seus principais sucessos, incluindo a celebrada Down, garantindo um dos momentos mais marcantes da noite. Além disso, soube ocupar todos os espaços do palco e intercalar muito bem os vocais de Nick Hexum com os de Doug S.A. Martinez.
Setlist 311:
Beautiful Disaster
Come Original
Freak Out
Lovesong (The Cure cover)
Applied Science
Drum Solo
Amber
Creatures (for a While)
Feels So Good
Down
Bullet for My Valentine prometeu e cumpriu
Antes de chegar o momento de Fred Durst, Wes Borland e companhia subirem ao palco para saciar a ansiedade da multidão, tivemos a honra de assistir a uma das bandas mais queridas do metalcore: o Bullet for My Valentine.
Substituindo Yungblud, a banda tinha a difícil missão de amenizar a chateação dos fãs que esperavam pelo artista cancelado, e conseguiu cumprir bem o papel. Entregou um show consistente, com 13 músicas no setlist, que naturalmente incluiu seus maiores sucessos, como “Tears Don’t Fall”, “Hand of Blood” e “Waking the Demon”, fazendo o público cantar em alto e bom som, a plenos pulmões.
Setlist Bullet for My Valentine:
Her Voice Resides
4 Words (to Choke Upon)
Tears Don’t Fall
Suffocating Under Words of Sorrow (What Can I Do)
Hit the Floor
All These Things I Hate (Revolve Around Me)
Hand of Blood
Room 409
The Poison
10 Years Today
Cries in Vain
The End
Waking the Demon
Limp Bizkit e a aula de como ser potente no palco
O Allianz Parque não recebeu apenas o último show da “Loserville Tour”. Recebeu um encontro. A sensação dominante não foi de despedida de turnê, mas de reunião de um público que, de alguma forma, reconhece no Limp Bizkit um ponto de referência afetiva e cultural. As pessoas não estavam ali para revisitar um passado; estavam para reafirmar um vínculo. Afinal, envelhecer junto com as únicas que marcaram memórias é gostoso demais!
O que chamou atenção não foi apenas o peso sonoro ou o volume do estádio, mas a forma como o público parecia entender o código da banda sem esforço. Há uma cumplicidade tácita entre quem está no palco e quem está na arquibancada. Não é aquela relação clássica de “artista gigante e plateia em devoção”, mas algo mais horizontal, quase comunitário, onde cada um sabe o papel que precisa desempenhar.
A estrutura da noite reforçou esse clima de encontro coletivo. As atrações anteriores ao Limp Bizkit não funcionaram como “espera obrigatória”, mas como parte de um ambiente que sustenta a ideia de diversidade dentro da música pesada. Rap, metal, estética urbana, energia de festa e agressividade convivem sem conflito. Não é sobre gêneros; é sobre convivência entre eles.
Antes do início oficial, a homenagem a Sam Rivers estabeleceu um eixo emocional difícil de ignorar. Não houve espetáculo em cima da perda — houve reconhecimento. A banda não varreu a ausência para baixo do tapete e também não transformou a situação em drama. O gesto foi simples, direto e sincero. Richie Buxton assume o baixo sem tentar ocupar o espaço simbólico de quem não está mais ali, e isso torna o gesto mais honesto.
Quando o show começa, a impressão é de que tudo foi pensado para manter a plateia em estado de participação, e não apenas de observação. O repertório conversa com a memória coletiva, mas não como peça de museu. Há vitalidade nas músicas. Elas continuam funcionando, continuam provocando reação física, continuam servindo como válvula de descarga emocional para um público que parece saber exatamente em que momentos deve explodir e quando precisa respirar.
O uso de “Break Stuff” no início e no final não surge como truque barato, mas como moldura simbólica para a noite. É uma música que representa não só a banda, mas uma forma de energia compartilhada. Repeti-la não esvazia o efeito; organiza o sentimento.
DJ Lethal contribui para manter a noite em movimento, costurando referências improváveis e reforçando a ideia de que o Limp Bizkit sempre se alimentou do contraste. Fred Durst, sempre eficiente, conduz o público sem precisar de longos discursos. É mais maestro do que personagem.
Momentos de interação espontânea ajudam a reforçar a sensação de que nada ali está sendo calculado para parecer moderno ou viral. O show existe no tempo presente, não no algoritmo. E o público reage a isso com intensidade rara.Tecnicamente, a banda entrega o essencial: peso, clareza, coesão. Wes Borland segue como mente criativa, John Otto mantém o pulso firme e DJ Lethal amarra a identidade. Não há excesso, não há tentativa de provar algo.
O final, com todas as bandas ao palco, transforma a última música em ritual coletivo. Não é apoteose vazia. É gesto de irmandade.
O que fica, ao final, não é a ideia de banda “renascida” nem de grupo vivendo do passado. O que fica é a percepção de que o Limp Bizkit encontrou um lugar que poucas bandas alcançam: o de permanecer relevante porque ainda consegue construir experiência coletiva significativa.
Setlist Limp Bizkit:
Drown (tributo a Sam Rivers)
Break Stuff
Hot Dog
Show Me What You Got
My Generation
Livin’ It Up
My Way
Rollin’ (Air Raid Vehicle)
Re-Arranged
Behind Blue Eyes (The Who cover)
Eat You Alive
Nookie
Full Nelson (com a fã Bia)
Boiler
Faith (George Michael cover)
Take a Look Around
Break Stuff (com RiFF RAFF, Ecca Vandal, 311 e Bullet for My Valentine)
Galeria do show
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca
- Limp Bizkit se apresenta em 20 de dezembro de 2025 no encerramento da turnê sul americana “Loserville” no Alianz Parque em São Paulo. Crédito: b+ca





