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Mastodon e Gojira mostram sua força com excelente show em São Paulo

Mastodon e Gojira mostram sua força com excelente show em São Paulo

15 de novembro de 2023


Créditos das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Muitos se perguntam o que será do metal quando as grandes lendas acabarem. Quem assumirá o trono quando bandas como Iron Maiden e Metallica, por exemplo, chegarem ao seu derradeiro fim? Algumas bandas estão encontrando seu espaço de destaque e alimentando um público faminto por uma renovação do metal. Quem esteve presente no Espaço Unimed na última terça-feira (14), saiu de lá com a certeza de ter assistido a dois nomes que, hoje em dia, fazem parte da lista dos chamados “herdeiros do metal”. Mastodon e Gojira trouxeram para a América Latina a já histórica “The Mega-Monsters Tour” depois de terem rodado em alguns lugares do planeta juntos. A turnê latino-americana não contou com uma terceira banda como abertura, assim como fizeram com o Lorna Shore em alguns países. Independentemente, a dupla do metal moderno trouxe excelentes shows para a noite quente de São Paulo.

Com as portas abrindo às 18h, o grande volume de pessoas na fila foi se espalhando dentro do Espaço Unimed, ficando cada vez mais cheio conforme se aproximava a hora do show. Inclusive, a fila da loja de merchandising estava gigantesca, mesmo enquanto os shows aconteciam. Entre o público, era perceptível que haviam mais camisetas do Gojira do que do Mastodon. Às 20:20, o Mastodon subiu ao palco para felicidade geral. O quarteto formado por Troy Sanders (baixo e vocal), Brann Dailor (bateria e vocal), Brent Hinds (guitarra e vocal) e Bill Kelliher (guitarra) trouxe ao Brasil um set variado e um show potente, apresentando sua mistura de Prog e Sludge Metal. Dando início ao show, Brann Dailor puxou a introdução de “Pain with an Anchor”, tendo “Crystall Skull” na sequência. Já era possível ver no começo do show a interação entre os três vocalistas do grupo que, apesar de apresentarem algumas desafinações (que não chegaram a atrapalhar o show), é muito divertido de se assistir. Logo no começo, também era possível ver um tubarão inflável na pista premium que passeava entre a galera, sendo arremessado para todos os lados. Sem muita conversa, “Megalodon” e “Divinations” deram continuidade ao concerto. Essa última faz parte do excelente “Crack the Sky”, clássico absoluto da banda lançado em 2009, e contou com a participação do público cantando o refrão. O público foi um show a parte em ambas as apresentações, sempre interagindo e gritando o nome das bandas.

“Sultan’s Curse” veio para alimentar o clima quente do Espaço Unimed e contou com belíssimas animações em um telão que se estendia pelo palco na parte onde ficava a bateria. As animações do Mastodon, muito psicodélicas, se juntavam com um excelente jogo de luz, embelezando a apresentação. A pesada “Bladecatcher” não contou com aqueles barulhos estranhos de sua versão de estúdio, o que não tirou o charme da música instrumental. A excelente “Black Tongue”, cantada pelo público com euforia, deu espaço para a belíssima “The Czar”, onde os presentes acenderam o celular em um bonito momento. “Halloween”, música ressuscitada pela banda nos últimos shows, contou com “High Road” logo na sequência, cantada a plenos pulmões pelos fãs. “More Than I Could Chew” encerrou o set principal. Para o bis, a pesadíssima “Mother Punch” fez o Espaço Unimed inteiro bater cabeça. Depois de “Steambreather”, a banda agradeceu a todos os presentes, dizendo que esperaram nove anos para voltar ao Brasil e que isso não poderia se repetir. Nesse momento, deram espaço para que João Nogueira, mais conhecido como Rasta, brasileiro que toca teclado com a banda, cumprimentasse a todos. Rasta é uma controversa na visão de alguns fãs, já que é membro ativo da comunidade RedPill, participando até mesmo de podcasts sobre o assunto. Depois da conversa, a clássica “Blood and Thunder” encerrou o excelente show, se despedindo com uma bandeira do Brasil no palco. Ao fim do show, Brent gritou um “porra, caralho” no microfone, provavelmente ensinado por sua esposa brasileira. O guitarrista, inclusive, comemorou junto com sua esposa a soltura de Lula em 2019 quando este foi preso.

Foi só por volta das 22:15 que, no telão, uma contagem regressiva de cento e oitenta segundos começou. Assim que terminou, o Gojira subiu ao palco, abrindo o show com “Born for one Thing”. Enquanto o show começava, o tubarão inflável passeava novamente pelas cabeças das pessoas na pista premium. O quarteto formado pelos irmãos Mario (bateria) e Joe Duplantier (vocal e guitarra), Jean-Michel Labadie (baixo) e Christian Andreu (guitarra) mostram muito peso em suas músicas, mostrando sua mistura de Prog, Grove e Death Metal. Na sequência, “Backbone” e “Stranded” mostraram porque os fãs estavam tão animados no show, com suas excelentes performances. A marca registrada das guitarras do Gojira, aquela espécie de assovio no meio dos riffs, tornava ainda mais interessante assistir a apresentação. O público fez sua parte cantando belamente o riff de “Flying Whales”, um dos maiores clássicos dos franceses. “The Cell” serviu de abertura para a pesadíssima “The Art of Dying” que, por um motivo que não consegui identificar, não contou com os vocais de Joe no primeiro verso. Na verdade, não foi em todas as músicas que Joe entregou a mesma pressão e agressividade que ele coloca no estúdio, o que não diminui a excelente performance do vocalista. Tirando o primeiro verso, “The Art of Dying” foi executada fielmente, fazendo os fãs cansarem o pescoço.

Em seguida, Mario deu início ao seu solo de bateria que, apesar de divertido, não mostrou nem metade da criatividade que o músico realmente apresenta nas composições da banda. O solo foi muito mais interativo do que técnico, contando até com um momento onde ele levantou uma pequena lousa escrita “Mais alto porra”. Depois, quando o público fez mais barulho, uma nova placa foi levantada com os dizeres “ Aí sim, caralho”, o que fez a alegria da galera. “Grind” abriu o caminho para a excelente “Another World”, faixa que contou com uma interessante animação onde os músicos eram astronautas em busca de um novo planeta para se viver e, no final, acabam chegando no planeta Terra. “Oroborus” e “Silvera” deram continuidade ao show, com o público gritando o nome da banda ao final. Joe convidou o público a cantar “The Chant”, dizendo que a parte onde ocorre a vocalização melódica da música, apesar de não ter letra, era um grito por qualquer sentimento que as pessoas poderiam ter, o que gerou um momento muito bonito na apresentação, inclusive com o público cantando à capella depois que a música já havia terminado. A clássica “L’efant Sauvage”, um dos principais hinos da banda, encerrou o set principal. “The Heaviest Matter of the Universe” abriu o bis, tendo “Amazonia” na sequência, mostrando a clara influência que o Sepultura tem sobre a musicalidade da banda. Faixa feita como protesto e alerta aos problemas de queimadas na floresta brasileira, Joe já até veio ao Brasil para participar de protestos e manifestações a favor da proteção da floresta amazônica. Por último, “The Gift of Guilt” encerrou a apresentação. Ainda deu tempo de Mario subir em um bote inflável com uma bandeira do Brasil na cabeça e ser arrastado pelo público, mostrando como o francês é querido pelos fãs.

A “The Mega-Monster Tour” era pedida pelo público desde seu primeiro anúncio e, finalmente, chegou ao Brasil. Não é sempre que essas turnês conjuntas de grandes bandas descem para a América Latina. Porém, demos sorte de ter em terras brasileiras a oportunidade de poder assistir a apresentações de dois expoentes do metal mundial. Mastodon e Gojira mostraram toda a sua força e carisma com o público, justificando o porquê de serem dois dos nomes na lista de bandas que herdarão o metal mundial.

 

SETLIST – MASTODON

1 – Pain with an Anchor

2 – Crystal Skull

3 – Megalodon

4 – Divinations

5 – Sultan’s Curse

6 – Bladecatcher

7 – Black Tongue

8 – The Czar

9 – Halloween

10 – High Road

11 – More Than I Could Chew

Bis:

12 – Mother Punch

13 – Steambreather

14 – Blood and Thunder

 

SETLIST – GOJIRA

1 – Born for One Thing

2 – Backbone

3 – Stranded

4 – Flying Whales

5 – The Cell

6 – The Art of Dying

7 – Drum Solo

8 – Grind

9 – Another World

10 – Oroborus

11 – Silvera

12 – The Chant

13 – L’efant Sauvage

Bis:

14 – The Heaviest Matter of the Universe

15 – Amazonia

16 – The Gift of Guilt

Galeria do show