Jéssica Mar/Headbangers News
Resistência e a luta por direitos nunca estiveram tão fortes como nos tempos em que estamos vivendo, e cada vez mais, as mulheres estão se unindo para mostrar que podem tudo. Quando falamos de mercado musical, o número de mulheres que estão envolvidas nos mais diversos fronts, seja na técnica, produção e, principalmente, nos palcos, ainda é muito pequeno. Quando o gênero musical é o rock, então, esse número reduz ainda mais. É com intuito de promover a participação e a inclusão de mulheres nos palcos e atrás deles que o Sesc Pompeia realiza o Minas no Front, com bandas que têm protagonismo feminino.
Na segunda edição, o evento que consiste em 3 dias, trouxe na última noite duas bandas femininas de pura atitude e sem medo de expressar suas ideologias e mostrar em suas letras conteúdo político e feminista. Para fortalecer essa luta, além de mulheres no palco, o evento contou com mulheres na mesa de som, iluminação, venda do merch, produção e tudo o mais que um show precisa para ser realizado. E claro, o show foi espetacular, essas garotas mostraram que não estão pra brincadeira e são capazes de realizar o trabalho bem feito.
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Thaís Silva sube ao palco durante algumas músicas para realizar uma performance, com um interpretação de Sangue de uma maneira incrível, dançando no ritmo e sentindo a música.
Para abrir o último dia do Festival, a banda de post-punk In Venus subiu ao palco no horário marcado, ás 21h30, seguindo a tradição do Sesc de sempre ser pontual. Declaradamente feminista, a In Venus quer cada vez mais mulheres fazendo arte, fazendo de tudo. E é algo que não se identifica apenas na temática de sua obra, mas sim, nas atitudes. A banda realizou um show de lançamento do EP “Refluxo” (2018), no Teatro do Sesc Belenzinho, onde a banda escalou uma quantidade majoritária de profissionais mulheres.
Com um estilo definido como “pixtinha-dançante-dark-80’s-começo dos 90”, pela própria banda, In Venus faz um som que lembra muito New Order, com sintetizadores marcantes bem ao estilo New Wave / Synth pop que valoriza a construção de arranjos por meio de camadas sonoras diversas e letras de cunhos feministas e anticapitalistas. Obvio que eu adorei a banda, em algumas partes me lembrou muito Siouxsie and the Banshees, principalmente quando a Thaís Silva subiu ao palco durante algumas músicas para realizar uma performance, com um interpretação de Sangue, de uma maneira incrível dançando no ritmo e sentindo a música. Composta por Cint Ferreira (voz e teclado), Jiulian Regine (bateria), Rodrigo Lima (guitarra) e Patricia Saltara (baixo), a banda realizou um show espetacular, com muitas mensagens e protestos sobre o atual cenário do Brasil, desde a intolerância até as causas ambientais.
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Fernanda Lira, vocalista e baixista da banda Nervosa
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No meio do show, aquele recado que o público deu em coro e que não poderia faltar "Hei Bolsonaro, vai tomar no C!", e a banda ajudou a agitar os gritos de insatisfação da platéia.
Para fechar a noite de sábado e o encerrar o Festival, o consagrado power trio Nervosa, que dispensa apresentações. Assistir um show da banda é algo que todo headbanger deve fazer, com muito talento e carisma, as meninas destruíram tudo com um show bem intimista. Pela primeira vez no palco do Sesc Pompéia, ninguém pôs em dúvida a capacidade de Fernanda Lira, Luana Dametto (bateria) e Prika Amaral (guitarra) de fazer um metal extremamente potente e furioso. Com direito a muito mosh e stage diving
A banda é conhecida pela posição política em suas letras, e em um Festival só de mulheres não seria diferente. Fernanda Lira deixou claro durante o show que mulheres devem fazer o que querem, e juntas são mais fortes. A banda protestou contra a influência da religião na política, machismo, sexismo e preconceito. No meio do show, aquele recado que o público deu em coro e que não poderia faltar “Ei Bolsonaro, vai tomar no C…!”, e a banda ajudou a agitar os gritos de insatisfação da plateia.
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Minas no Front mostrou todo o empoderamento feminino e protestos contra o fascismo.
Recentemente, é possível ver cada vez mais festivais só com bandas femininas, que trazem também palestras, filmes e discussões, onde o público feminino se identifica e desabafos são compartilhados. Ao final do Festival Minas in Front foi possível acreditar na força das mulheres e também dos homens que lutam ao nosso lado pelo fim do machismo e mais liberdade de expressão. Eventos assim são cada vez mais necessários para abrir espaço para divulgar bandas novas, bandas de mulheres, e claro, fazer o que o rock e metal sempre fez: Protestar.
Acreditamos que no punk, no rock e no metal – entre outras cenas – ainda não há espaço suficiente para bandas de mulheres, por isso seguimos apoiando e sempre colocando em evidência todo material feito por mulheres! Se você tem uma banda feminina, entre em contato com o site!
Sesc Pompéia
Data: 02/11/19
Horário: 21H30
Rua Clélia, 93