Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

O Monsters of Rock é amplamente conhecido por sempre trazer ao Brasil bandas que fazem parte da história do metal mundial. Em meio às icônicas bandas que estiveram presentes na edição comemorativa de trinta anos realizada em São Paulo no último sábado (19), o Queensrÿche e o Judas Priest foram selecionados para um side show do festival durante o domingo de páscoa. Sem reunir fãs suficientes para lotar o Vibra Sp, o evento prolongou a festa realizada pelas bandas durante os excelentes shows acontecidos durante o Monsters of Rock.

O tempo limitado de uma hora que o Queensrÿche teve no festival obrigou os americanos a limitarem seu setlist cortando algumas músicas icônicas. O mesmo acabou acontecendo no show de domingo. Faixas “Silent Lucidity” e “Jet City Woman”, por exemplo, não foram apresentadas em nenhum dos concertos.

O show de domingo de uma das bandas precursoras do conhecido metal progressivo manteve o excelente nível do que foi apresentado no festival. O grandioso Todd La Torre, responsável pela difícil missão de assumir o lugar deixado pelo icônico Geoff Tate, cumpre a missão com facilidade e excelência invejáveis. Dono de uma voz muito parecida com a de Tate, o vocalista caiu como uma luva na banda e conquistou os fãs brasileiros em sua primeira passagem com o grupo pelo Brasil.

Em seus 43 anos de banda, Michael Wilton (guitarra) e Eddie Jackson (baixo), únicos membros originais da formação atual, conquistaram uma longa lista de clássicos com a banda. Faixas como “Queen of the Night”, “I Don’t Believe in Love”, “Warning”, “Empire” e “Eyes of a Stranger” estiveram presentes tanto durante o festival e na apresentação da Páscoa, aquecendo o coração dos fãs da banda e animando quem espera a pelo Judas Priest.

Comparando o setlist de domingo com o de sábado, “Breaking the Silence” e “The Lady Wore Black” vieram no lugar de “The Mission” e “Nightrider”. No mais, o show manteve a mesma qualidade técnica e de presença de palco. Mike Stone (guitarra) e Casey Grillo (bateria) cumprem seu papel, completando a sólida formação atual da banda. Em especial, o cabelo de Casey, sempre esvoaçando para cima por causa de um ventilador que usa, arrancava sorrisos dos que viam.

O Judas Priest fez um dos shows mais elogiados desta edição do Monsters of Rock e, no Vibra Sp, não poderia ser diferente. Reprisando quase o mesmo setlist da noite anterior, os “Metal Gods” fizeram da casa de show uma sala de aula, onde os presentes eram os alunos e eles, os melhores professores que os fãs poderiam ter.

Não é qualquer banda que chega à incrível marca de cinquenta e cinco anos de carreira. Com tanta experiência, o grupo britânico sabe muito bem como apresentar um show pra deixar o público de boca aberta, mostrando que ainda há muita lenha pra queimar.

Prova de que a banda vive uma nova grande fase é o seu último disco, Invisible Shield, lançado no ano passado. Muito elogiado, o álbum contou com “Panic Attack” e “Crown of Horns”, além da própria faixa título. Distribuídas em uma setlist recheada de clássicos, as músicas funcionam muito bem ao vivo.

A lenda viva Rob Halford, aos setenta e três anos, entrega uma performance vocal que inspira músicos de diferentes gerações. A idade não impede o ícone de, além de cantar muito bem, usar diferentes roupas durante o show e fazer sua famosa entrada de moto no palco durante “Hell Bent for Leather”.

Ian Hill (baixo), único membro original da banda, sempre mantém a mesma pose, tocando com jeito tranquilo no fundo do palco. A dupla atual de guitarra conta com Richie Faulkner e Andy Sneap, este último substituindo Glenn Tipton (afastado por problemas de saúde), agitam o público e rejuvenescem o grupo, alimentando a força motora do peso do Priest.

Em São Paulo, o setlist foi o mesmo que apresentado em Brasília, tendo como diferença do show do Monsters apenas a adição de “Saints In Hell”. E assim como nos outros shows, a performance foi memorável. Judas Priest sabe muito bem como colocar uma performance no palco.

Halford fez questão de relembrar o público que a banda fazia heavy metal há mais de cinquenta anos, citando todos os discos da banda (ignorando os discos da fase com Tim “Ripper” Owens) em ordem antes de anunciar que tocaría “Invincible Shield”.

Desfilando clássicos como “Breaking the Law” e “Turbo Lover”, a sequência final com “Painkiller” e, durante o encore, “Electric Eye”, “Hell Bent for Leather” e “Living After Midnight” não deixa pedra sobre pedra. Não há um fã de metal que não se arrepia ao ver o grande tridente, símbolo da banda, descendo do teto e ocupando parte do palco enquanto músicas tão marcantes eram apresentadas.

Apesar da casa não estar lotada, quem esteve presente saiu satisfeito. Com shows coesos e muito bem executados, Queensrÿche e Judas Priest mostraram que tantos anos de experiência apenas fortaleceram seus nomes, reforçando a importância que cada um tem dentro de seus segmentos. Não à toa, as apresentações apenas confirmam porque fazem parte do seleto grupo de “monstros do rock”.

SETLIST – QUEENSRŸCHE

1 – Queen of the Reich

2 – Operation: Mindcrime

3 – Walk in the Shadows

4 – Breaking the Silence

5 – I Don’t Believe in Love

6 – Warning

7 – The Lady Wore Black

8 – The Needle Lies

9 – Take Hold of the Flame

10 – Empire

11 – Screaming in Digital

12 – Eyes of a Stranger

SETLIST – JUDAS PRIEST

1 – Panic Attack

2 – You’ve Got Another Thing Comin’

3 – Rapid Fire

4 – Breaking the Law

5 – Riding on the Wind

6 – Love Bites

7 – Devil’s Child

8 – Saints in Hell

9 – Crown of Horns

10 – Sinner

11 – Turbo Lover

12 – Invincible Shield

13 – Victim of Changes

14 – The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)

15 – Painkiller

Bis:

16 – Electric Eye

17 – Hell Bent for Leather

18 – Living After Midnight

Galeria do show