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25 anos de Roots: o retorno às raízes dos irmãos Cavalera

25 anos de Roots: o retorno às raízes dos irmãos Cavalera

10 de agosto de 2022


Carlos Pupo/Headbangers News

Comemorar 25 anos de Roots com Iggor e Max Cavalera! Nada mais justo! Esse álbum incrível marcou a vida da banda Sepultura, de seus integrantes, nossas vidas como fãs e até mesmo da aldeia na qual passaram uns dias integrados à comunidade indígena buscando as raízes para compor o maior clássico da banda.

Lembro de ter comprado Roots no lançamento em 1996 em São Paulo e voltando à pequena Porangaba encontrei Carlos Pupo, editor deste site, e ouvimos o álbum na íntegra em meu SegaCD plugado num 3 em 1 Gradiente. Também era justo: ele quem havia apresentado a banda para mim algum tempo antes. Eu fiquei impressionado com os timbres, os detalhes, a percussão, a potência da bateria e os vocais de Max em sua melhor forma. Esse álbum é tão importante e poderoso que teve a capacidade de separar a realidade em duas: uma na qual temos o Sepultura na formação atual, que evoluiu de forma magistral e outra na qual podemos ter o prazer de ouvir as raízes do metal nacional em toda sua potência com os irmãos Cavalera.

Como toda apresentação de gala precisa ter uma introdução de alto nível, começamos com Sinaya, banda feminina de deathcore com nova formação, porém tocando de forma descomunal, com tanto entrosamento e técnica que fazem com que achemos que tocam juntas desde sempre. Uma apresentação firme e poderosa que justifica sua importância dentro do estilo e crescimento mundial. Como uma festa desse porte não poderia deixar de fora, tivemos a participação especial de Mayara Puertas do Torture Squad em Afterlife. Eu ainda estou com o solo de guitarra de Buried by Terror ressonando deliciosamente em minha cabeça, executado de forma descomunal por Helena Nagagata que tem como companheiras de banda Mylena Monaco nos vocais, Amanda Melo no baixo e Amanda Imamura nas baquetas. O merch da banda também vale nota por ser variado e oferecer até três tipos de cerveja artesanais e outros itens interessantes.

Setlist Sinaya

Pure Hate
Legion of Demons
Riddle of Death
Buried by Terror
Struck Out by You
Obscure Raids
Afterlife
Psychopath

Em seguida fomos brindados com todo peso e agressividade da Krisiun. O que dizer de um dos maiores expoentes de nosso metal? Nada mais raiz que Krisiun, justificando sua presença com um death metal puro, direto e verdadeiro, como Moyses Kolesne (guitarra), Alex Camargo (vocal, baixo) e Max Kolesne (bateria) sempre fizeram. Este primeiro show de lançamento do álbum “Mortem Solis”, representado por “Swords into Flesh, “Serpent Messiah” e “Sworn Enemies”, demonstra o porquê da participação da banda numa comemoração tão importante para o metal, demonstrando agradecimento e reverência aos irmãos Cavalera através de cada música executada como um trem passando dentro da Audio e causando mosh pits cada vez maiores, mais rápidos e mais divertidos, para alegria da banda e do público.

Setlist Krisiun

Kings of Killing
Ravager
Swords into Flesh
Combustion Inferno
Serpent Messiah
Scourge of the Enthroned
Sworn Enemies
Ace of Spades
Hatred Inherit

E chegamos à razão da festa: irmãos Cavalera tocando Roots! Vamos comparar com Sepultura? Não! Como já citei: são realidades diferentes e hoje até mesmo segmentos diferentes!

Desde o momento em que assisti Max urrando os vocais de Roots Bloody Roots e Iggor destruindo a bateria nanometricamente percebi como seria difícil descrever essa experiência! Max sabe exatamente o que está fazendo: cada passo, cada movimento, cada riff e cada interação com o público! Que grande frontman! Todos estavam em suas mãos! A Audio era 100% dele! O mais interessante é notar que sua voz foi crescendo, melhorando no decorrer do show, algo bem fora do comum. Já Iggor segue na sua potente e agressiva regularidade, com cada nota soando em seu devido lugar e dando suporto para todo o resto se encaixar. Detalhe para a bandeira antifa ao lado de seu kit! Ah, como é bom ver que nosso rock/metal segue sendo político e contra a opressão dos mais necessitados. Nessa pegada fomos de Attitude até Lookaway num ritmo absurdo com Max regendo o público e sendo correspondido até mesmo com duetos vocais de arrepiar. Além dos irmãos Cavalera a banda é composta por Dino Cazares na guitarra e Mike Leon no baixo que correspondem à velocidade e à agressividade que se esperam de quem os acompanha.

Em Lookaway também tivemos a felicidade de assistir a um pouco de War Pigs seguida de Territory, com  Itsari logo depois e um dos pontos altos da apresentação que foi o discurso de Paulo Cipassé Xavante, cacique que recebeu o Sepultura em sua aldeia em 1996 e nos faz refletir sobre o quanto devemos proteger nossas raízes, nossos povos originários, sua cultura, suas vidas e o quanto isso é importante para todos nós como nação! Emocionante em vários aspectos, até mesmo pelos gritos contra o atual ocupante (infelizmente) do Palácio do Planalto!

O clima seguiu com Ambush, dedicada a Chico Mendes e Dictatorshit, obviamente com mais referências do público ao pior presidente que já vimos, com o comando Max.

Já quase no fim a porrada de Troops of Doom com Alex Camargo do Krisiun e Iccaro, filho de Iggor, na guitarra, seguida por La Migra de Brujeria, mas em português.

Em Refuse/Resist Max continua com seu encantamento sobre o público ao comandar um grande wall of death, seguida Orgasmatron, em sua ótima versão “cavalerística” e Polícia, grata surpresa do setlist para encerrar com Roots mais rápida e de forma magnífica.

Enfim, foi sensacional! Vida longa ao multiverso do metal!

Setlist Max & Iggor Cavalera

Roots Bloody Roots
Attitude
Cut-Throat
Ratamahatta
Breed Apart
Straighthate
Spit
Dusted
Lookaway/War Pigs/ Territory
Itsári/Cipassé Xavante
Ambush
Dictatorshit
Bis:

Raining Blood/ Troops of Doom – com Alex Camargo e Iccaro Bass Cavalera
La Migra
Refuse/Resist
Orgasmatron
Polícia
Roots Bloody Roots (fast)

*Todas as imagens das Galerias de Fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Audio Club

Data: 07/08/22

Horário: 18h

Av. Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca