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PatFest: O luto de Andreas Kisser se transforma em um ato de amor ao próximo

PatFest: O luto de Andreas Kisser se transforma em um ato de amor ao próximo

1 de outubro de 2022


(e/d) Andreas Kisser, a atriz Marisa Orth, Olga Perissinoto, sogra de Andreas, e Giulia Kisser, filha do guitarrista

Carlos Pupo/Headbangers News

(e/d) Andreas Kisser, a atriz Marisa Orth, Olga Perissinoto, sogra de Andreas, e Giulia Kisser, filha do guitarrista

O momento de luto e dor de uma família que perde um ente querido de forma abrupta é sempre muito difícil e delicado. Mas o quê fazer para ao menos amenizar estas feridas e homenagear quem nos deixou? As famílias Perissinoto e Kisser fizeram algo muito comovente e ao mesmo tempo engajado na noite da última quarta-feira (28) na capital paulista.
A Audio, casa noturna que fica na zona oeste de São Paulo recebeu o Patfest. Um festival solidário que arrecadou fundos para a ONG Comunidade Compassiva, que atua em comunidades periféricas no Rio de Janeiro e em Minas Gerais prestando apoio a pacientes em situação de vulnerabilidade que estão em quadros irreversíveis. Mais de 2.000 pessoas participaram do evento que contou com grandes nomes da música brasileira de diversos gêneros musicais, do sertanejo ao heavy metal, provando que eventos plurais e conscientes como este são perfeitamente viáveis em nosso país.
Patricia Kisser, esposa do guitarrista Andreas Kisser (Sepultura), faleceu em julho deste ano em decorrência de um câncer de cólon. “A Pati passou por um processo de cuidados paliativos nos últimos dias e foi a partir da experiência que tive com minha família que pesquisei o trabalho da ONG”, ele havia declarado.
Esta reunião de amigos e parentes fez com que surgisse que movimento batizado de “Mãetrícia”, apelido dado por João Gordo (Ratos de Porão), importantíssimo para esclarecer que devemos falar com naturalidade da morte, pois ela é algo que não temos como driblar. O evento foi muito além da arrecadação de fundos, tendo extrema importância no trabalho de conscientização sobre temas como acesso aos cuidados paliativos, testamento vital, autonomia no fim da vida e morte digna.
Na parte musical, tivemos algo muito raro de acontecer em nossa música brasileira: a congregação de gêneros musicais extremamente distintos. Outro ponto que mostra a importância de quem foi Patrícia em vida, juntando pessoas num palco numa ecumenicidade ímpar. Quem imaginaria no mesmo palco tantos nomes ilustres da nossa música sem ser para uma causa tão nobre quanto esta?
Para listar alguns dos que estiveram presentes: Eloy Casagrande e Paulo Xisto, colegas de Andreas no Sepultura, a cantora Sandy, seu irmão Junior Lima na bateria, Chitãozinho & Xororó, Marcos & Belutti, a cantora e compositora Bruna Viola, a cantora Pitty, Samuel Rosa (Skank), o vocalista João Gordo e o guitarrista Jão (Ratos de Porão), o cantor Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), a cantora Céu, o vocalista Badauí (CPM 22), a cantora Sol Ribeiro e o guitarrista Luis Carlini (Tutti Frutti), Kiko Zambianchi, o baterista Paulo Zinner, o guitarrista Beto Lee, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, dos Titãs, Val Santos, Rafael Bittencourt (Angra), Luis Mariutti (Shaman), Canisso (Raimundos), o multi-instrumentista e bluesman Vasco Faé, e muitos outros.

A atriz Marisa Orth e o professor Alexandre Silva, idealizador do projeto Comunidade Compassiva

Carlos Pupo/Headbangers News

A atriz Marisa Orth e o professor Alexandre Silva, idealizador do projeto Comunidade Compassiva

A professora e advogada Luciana Dadalto

Carlos Pupo/Headbangers News

A professora e advogada Luciana Dadalto

Marisa Orth (que também cantou) e Serginho Groismann apresentaram alguns dos convidados, incluindo o professor Alexandre Silva, idealizador do projeto Comunidade Compassiva e a professora e advogada Luciana Dadalto, que faz um trabalho sobre a importância do testamento vital e o direito de escolha no fim da vida.
Além disso, a emoção esteve presente também quando os filhos de Andreas com Patricia, Yohan, Giulia e Enzo, subiram ao palco e fizeram participações em homenagem à mãe. O sogro e a sogra de Andreas também deram seus depoimentos quase ao final do evento, agradecendo todos os presentes pelo apoio à causa.
Numa noite de encontros, emoção, amor ao próximo e de respeito, fica aqui meus parabéns à família Kisser pela iniciativa. Que venham outras edições do evento, numa forma de honrar o legado que a Patrícia deixou e que sirva de exemplo para a sociedade trazer conforto para quem sofre e precisa de apoio ao final da vida.