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Depois de uma década, Placebo retorna ao país para um show marcante em São Paulo

Depois de uma década, Placebo retorna ao país para um show marcante em São Paulo

18 de março de 2024


Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

No domingo (17), um encontro esperado há uma década finalmente aconteceu. Esse foi o tempo que levou para que o Placebo retornasse às terras brasileiras, agora trazendo a turnê que celebra seu último disco, “Never Let Me Go”, lançado em março de 2022. Com um setlist mais focado no último álbum, a quinta passagem de Brian Molko e Stefan Olsdai por aqui não deixou de relembrar alguns clássicos do grupo, além de apresentarem uma excelente performance. Porém, nem os dez anos entre a última vinda da banda e o show de domingo foi capaz de preencher o Espaço Unimed. Apesar de um bom número de público, a casa estava longe de sua capacidade máxima. A dupla britânica Big Special foi escolhida a dedo pelo Placebo para que o acompanhassem pela turnê latino-americana como ato de abertura.

Pontualmente às 18:50, assim como anunciado, Joe Hicklin e Callum Moloney subiram no palco do Espaço Unimed cheios de vontade, atitude e animação (mais animação, inclusive, do que o público que os assistia). A dupla vem trabalhando na divulgação de seus singles antes do lançamento do seu álbum de estreia, previsto para maio deste ano. A bateria era tocada ao vivo por Callum, além deste fazer os backing vocals para Joe. De resto, todos os instrumentos eram pré-gravados e lançados como playback. O setlist foi composto por todos os seus singles, músicas com influências de post-punk e elementos eletrônicos que, inicialmente, pareciam não cativar o público. Porém, isso foi temporário. Conforme o show acontecia, o pequeno público presente parecia compreender a proposta do duo, sendo conquistado aos poucos. Em “Trees”, Callum chegou a sair da bateria e descer na grade para cumprimentar os presentes enquanto dividia os vocais da música com Joe. Dizendo constantemente que amavam o Brasil, algumas vezes até em português, os ingleses demonstraram a alegria de estar em turnê por aqui e, no fim, mostraram a razão de terem sido os escolhidos para acompanhar o Placebo na turnê.

Após o show de abertura, enquanto o palco era preparado para o grande espetáculo da noite, os telões do Espaço Unimed apresentavam uma mensagem do Placebo pedindo para que o público evitasse usar o celular durante a apresentação. Justificando que aquilo atrapalhava a performance da banda, o grupo convidava o público a “aproveitar o momento”. O pedido, também realizado no show da Argentina, foi complementado por um áudio de Brian Molko, em inglês, onde ele confirmava o apelo para que evitassem filmagens e fotografias constantes, pedindo inclusive que o público tratasse com respeito às pessoas a sua volta, para que não precisassem assistir o show por uma tela de celular. O recado nos telões, também em inglês, teve sua tradução lida por Anderson Bellini, membro da produção, conhecido por dirigir o documentário sobre a carreira de Andre Matos. Após esse apelo, as batidas iniciais de “Forever Chemicals” surgiram no som ambiente, anunciando o início do concerto, tendo “Beautiful James” logo na sequência, seguindo a mesma ordem do disco de 2022. Além de Brian e Stefan, o Placebo conta com Bill Loyde (teclado e baixo), Nick Gavrilovic (guitarra, teclado e backing vocal), Matt Lunn (bateria) e Angela Chan (violino, teclado, percussão e backing vocal), músicos extremamente competentes que deixaram o show ainda mais interessante de assistir, como quando chamaram os presentes para as palmas em “Scene of the Crime”.

Depois da interessante “Hugz”, também do último álbum, a triste “Happy Birthday in the Sky” foi anunciada por Molko. Porém, Brian comentou que, apesar da letra ser triste, aquele era um momento de celebração, já que era aniversário de Bill Loyde, o que arrancou um rápido “parabéns pra você” da plateia. As músicas do novo disco, que não é o favorito da maioria dos fãs, funcionam bem ao vivo. Porém, era quando músicas mais antigas apareciam que os fãs realmente se animavam. “Bionic” foi um exemplo, que também contou com um bonito jogo de luz voltado para a plateia. Algo a se destacar, inclusive, são os efeitos visuais gerados pela banda. As imagens apresentadas no telão no fundo do palco mostravam os músicos durante suas performances e se somavam com os bonitos efeitos que as luzes provocavam, tornando o espetáculo muito interessante de se assistir. Outra luz que se destacava era a luz das lanternas que membros da produção apontavam para os celulares dos que tentavam fazer uma foto ou uma gravação com seus celulares, mesmo depois de todos os pedidos. Inclusive, os telões que ficavam nas laterais do palco funcionaram perfeitamente no show de abertura e também quando a mensagem sobre os celulares foi apresentada, mas falharam logo no início do show do Placebo e foram permanentemente desligados. A conversa nos bastidores é que foram desligados por ordem da própria banda.

Continuando o show, “Twin Demons” e “Surrounded by Spies” foram a nova dupla de músicas do disco “Never Let Me Go”, tendo “Soulmates” logo na sequência. Um piano apareceu no palco para que Stefan performace as bonitas “Too Many Friends” e “Went Missing”. “Too Many Friends”, mesmo sendo do último disco, foi cantada por todos na pista que, por sinal, era única nesse evento. À pedido da banda, não houve separação de pista comum e pista premium, algo que acontece com frequência no país. “Exit Wounds” foi a primeira de uma sequência de músicas mais antigas da dupla, dando espaço para o público pular e cantar em “For What is Worth”, canção que teve seu clipe amplamente vinculado à programação da MTV na época de seu lançamento. “Slave to the Wage” ajudou a empolgar ainda mais os fãs, que também ganharam “Song to Say Goodbye” de presente logo na sequência. Em “The Bitter End”, o Espaço Unimed, mesmo sem estar cheio, parecia um estádio lotado, com todo o público inflamado de animação diante de um grande clássico da dupla, cantando como em nenhum momento da noite. “Infra-Red” foi a responsável por encerrar o set principal do show, com a banda se despedindo no palco. Durante esse momento de excitação, toda a banda demonstrou uma performance impecável. Não havia conversa. Era música atrás de música, sobrando pouco tempo para os fãs respirarem. Na volta ao palco, agora de maneira mais calma, “Taste in Men” e “Fix Yourself” precederam “Running Up That Hill (A Deal with God)”, cover de Kate Bush gravado pela banda em 2003, que encerrou de vez a noite. Se despedindo do público, Brian recebeu dos fãs uma bandeira do movimento trans, expondo-a para os presentes e se enrolando à bandeira na saída do palco.

O Placebo demonstrou a que veio em cima do palco. Se a turnê era para divulgar seu último álbum, quase metade do setlist foi composta por músicas dele. Sem muito papo, a banda foi direta em suas execuções, trazendo ainda mais alegria quando tocavam músicas de trabalhos além de “Never Let Me Go”. A falta de hits como “Every You Every Me” e “Pure Morning” incomodaram os fãs mais apaixonados, mas não diminuiu o brilhantismo de sua performance. A surpresa do Big Special também foi um ponto positivo da noite, assim como o carisma de seus membros que até jogaram camisetas para os que estavam na fila da loja de merchandising ao fim da apresentação do Placebo. Uma noite que, além de deixar feliz quem esteve presente, deixa também a torcida para que o retorno da dupla não demore novamente uma década.

SETLIST – BIG SPECIAL

Desperate Breakfast

This Here Ain’t Water

Shithouse

Butcher’s Bin

Dust Off / Start Again

Trees

Dig!

 

SETLIST – PLACEBO

Forever Chemicals

Beautiful James

Scene of the Crime

Hugz

Happy Birthday in the Sky

Bionic

Twin Demons

Surrounded by Spies

Soulmates

Sad White Reagge

Try Better Next Time

Too many Friends

Went Missing

Exit Wounds

For What It’s Worth

Slave to the Wage

The Bitter End

Infra-Red

Bis:

Taste in Men

Fix Yourself

Running Up That Hill (A Deal With God)

Galeria do show