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Ratos de Porão celebra os 30 anos do disco “Just Another Crime… in Massacreland” no Sesc Pompeia lotado

Ratos de Porão celebra os 30 anos do disco “Just Another Crime… in Massacreland” no Sesc Pompeia lotado

14 de janeiro de 2024


Crédito das fotos: Belmilson Santos/Metal no Papel

Patrimônio cultural de um Brasil em ruínas, a banda Ratos de Porão levou para o Sesc Pompeia, região oeste de São Paulo, a celebração dos 30 anos de existência do disco “Just Another Crime… in Massacreland”, lançado em maio de 1994.

E foi nesta sexta-feira (12), chuvosa, na comedoria da unidade do Sesc mais punk da cidade, que Jão, João Gordo, Boka e Juninho se uniram aos fãs e amigos para tocar na íntegra o “Just Another…”, disco mais thrash metal da carreira. E querem saber? Foi visceral!

Como chovia muito na capital paulista e estava difícil para se locomover, ainda tinha uma galera chegando quando a banda subia ao palco, às 21h33, usando máscaras de papelão para fazer alusão à capa do álbum homenageado da noite.

E já nos primeiros acordes de “Money”, temos um indício de que estava começando ali um evento histórico. Eu tinha essa noção. Aliás, todos os presentes sabiam disso e aguardavam essa catarse acontecer. E aconteceu!

Conforme prometido, o disco seguiu a ordem original da gravação e, sem respirar, mandaram “Massacreland” e a clássica (eu a considero assim) “Diet Paranoia”, que tirou a galera pra bailar no mosh lindão que nascia no pouco espaço disponível.

Com direito a vinheta da música “Não se Reprima” dos Menudos rodando ao contrário, tocaram a maravilhosa “Satanic Bullshit”, o cover do Peter Frampton, “Breaking All The Rules”, que atingiu em cheio o coração dos mais veteranos e, também, a rapidíssima, “C.R.A.C.K (Criminal Rats Are Children Killers)”, que funcionou muito bem ao vivo e ficou bem mais pesada que no disco.

Um dos momentos que eu mais aguardava era presenciar a performance de “Video Macumba” com os atabaques da introdução original, mas por falha técnica não rolou. Uma pena! Tirando isso, a música elevou o nível de empolgação da galera. Tínhamos ali um Gordo berrando lindamente, a guitarra sempre espetacular do Jão, Juninho entregando tudo no baixo, Boka amassando a bateria com uma fúria impressionante, encaixando os breques no tempo original e, pasmem, improvisou até “uma linha de atabaque” na batera para preencher a falta da vinheta. Que momento, senhores!

A seguir tivemos a “The Right Side of a Wrong Life” e a maravilhosa “Suposicollor”, que, por ter letra em português, a galera cantou ainda mais junto e mais alto. Isso botou mais fogo na roda de bate cabeça. Loucura, loucura!

Essa experiência de tocar o “Just Another…” na íntegra reservou um belo momento pro final, com as últimas quatro faixas: “Real Enemies” soou muito legal e mais moderna, enquanto “Quando Ci Vuole Ci Vuole”, que aborda o fascismo puro, trouxe um clima ainda mais bruto pra comedoria. O clima estava meio forno a lenha, de tão quente. E eles nem ligaram pra isso e vomitaram a bela “Bad Trip”. Faltou o ar, bicho de tão f#%@!

E, por fim, tocaram “Ultra Seven No Uta”, versão divertida para a trilha de abertura do seriado japonês Ultraseven. Após a música, com a banda se retirando do palco, ficou rolando a vinheta com as imitações do personagem “Tião Galinha”, vivido pelo ator Osmar Prado em Renascer, novela da TV Globo.

Como esperado, a banda deu uma pequena pausa para recuperar o fôlego e retornar à apresentação com uma chuva de clássicos: “Beber Até Morrer”, “Crucificados Pelo Sistema”, “Mad Society”, “Aids, Pop, Repressão”, “Descanse em Paz”, “V.C.D.M.S.A”, dentre outros. A partir desse retorno, os fãs ficaram ainda mais insanos. Coisa linda! Pena que acabou logo!

Eu já perdi as contas da quantidade de vezes que assisti o RxDxPx ao vivo. E, independente da qualidade técnica oferecida pelo local da apresentação, os caras entregam tudo e mais um pouco. Além de músicos incríveis, somam uma presença única no palco, coisa que poucas bandas brasileiras oferecem.

É impressionante como uma banda quarentona, que passou por várias situações difíceis, consiga chegar em 2024 com tamanha relevância e com muitas verdades a dizer.

Ratos de Porão é uma jóia da cultura brasileira e merece todos os frutos que estão colhendo nesse período da carreira. Máximo respeito!

Um brinde, guerreiros!

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