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Sepultura celebra seus quarenta anos de carreira com primeira noite de despedida em São Paulo

Sepultura celebra seus quarenta anos de carreira com primeira noite de despedida em São Paulo

7 de setembro de 2024


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Chegou a hora do adeus. Completando neste ano quarenta anos de carreira, o Sepultura anunciou, no ano passado, sua turnê de despedida. A maior banda de metal do Brasil escolheu parar em um novo auge que o grupo vinha vivendo, após o grande sucesso da divulgação do excelente “Quadra”. Essa simbologia trouxe o nome “Celebrating Life Through Death” para a turnê, mostrando que é possível celebrar a carreira da banda durante o seu adeus. São Paulo, cidade importante na carreira da banda, esgotou três datas no Espaço Unimed, somando por volta de vinte e quatro mil pessoas nas três apresentações.

Para a primeira data na capital paulista, na última sexta-feira (06), os convidados para aquecer o público foram os músicos do Torture Squad. Na ativa desde 1990, o quarteto paulistano é uma das principais bandas de Thrash/Death Metal do país. Nessa apresentação, o grupo focou prioritariamente em seu novo trabalho, “Devilish”, lançado em setembro do ano passado. Amilcar Christófaro (bateria) e Castor (baixo), membros mais antigos do grupo, são acompanhados de Rene Simionato (guitarra) e Mayara Puertas (vocal), dupla que ingressou na banda em 2015 e foram adições perfeitas. Para abrilhantar ainda mais a apresentação, o Torture Squad convidou Slovakia, artista cinco vezes campeã mundial de cosplay para performar “Lilith”, personagem do jogo Diablo IV. A performance de Slovakia, vestida como o demônio do game, trouxe um tom teatral enquanto passeava entre os membros do grupo enquanto tocavam. “Hell is Coming”, “Raise Your Horns”, “Horror and Torture” foram algumas das músicas apresentadas durante o show. Em “The Last Journey”, faixa que encerrou a apresentação, Puertas tocava o piano enquanto “Lilith” a acompanhava, fechando o concerto belamente.

Marcado para se iniciar às 21h, foi apenas por volta das 21h20 que as luzes se apagaram e “War Pigs”, clássico do Black Sabbath, explodiu nos PA’s do Espaço Unimed. O público cantou a faixa à plenos pulmões antes de “Polícia”, do Titãs, trilha que marca a abertura dos shows do Sepultura há anos. Apenas às 21h30, uma introdução instrumental que misturava várias partes de músicas do Sepultura culminou em “Refuse/Resist”, fazendo o Espaço Unimed tremer. A emoção do público paulistano em finalmente receber os shows dessa turnê era visível no rosto dos fãs que cantavam de forma ensurdecedora. “Territory” veio na sequência, agitando ainda mais o público, não sendo diferente em “Propaganda” dando continuidade. O trio de músicas escolhidas para iniciar a apresentação faz parte do aclamado “Chaos A.D.”, álbum que vive no coração dos fãs como um dos discos mais importantes da carreira da banda. A excelente “Phantom Self”, única representante do ótimo “Machine Messiah”, não empolgou tanto assim o público. Apesar dos excelentes trabalhos lançados pela banda nos últimos anos, não são todos os fãs que dão valor a esses discos, preferindo sempre mais ouvir “as antigueiras” da banda.

Derrick Green (vocalista), simpático como sempre, cumprimentou o grupo e perguntou quantos ali tinham o disco “Roots” em casa. “Dusted” foi a escolhida para iniciar esse bloco, seguida pela agressiva “Attitude” e por “Spit”. O setlist dos shows dessa turnê têm buscado passear por toda a carreira da banda, buscando faixas marcantes da maioria de seus álbuns. Neste show em específico, apenas os discos “Nation”, “A-Lex” e “The Mediator Between Head and Hand Must Be The Heart” não tiveram músicas os representando. Após “Kairos”, Andreas Kisser (guitarra), cumprimentou a todos e agradeceu a força que os fãs sempre deram durante toda a carreira da banda, acenando inclusive para uma bandeira do São Paulo Futebol Clube, time que o guitarrista é apaixonado, e dedicou ao fãs “Means to and End”, poderosa faixa do disco “Quadra”. Fãs da época “Derrick/Igor”, celebraram ao ouvir Greyson Nekrutman (bateria) iniciar “Convicted in Life”. O jovem baterista de apenas 22 anos assumiu o lugar de Eloy Casagrande às vésperas da turnê se iniciar, após Eloy se demitir da banda para assumir seu lugar no Slipknot.

“Guardians of Earth”, uma das melhores músicas da carreira do Sepultura, empolgou partes dos fãs que ainda acompanham os trabalhos mais recentes da banda. A faixa conta com uma introdução com Andreas no violão e tem uma ambientação envolvendo orquestra e coral, que antecipa o caos que o peso da música trás. “Mind War”, “False” e “Choke” precederam o convite de Kisser aos fãs mais antigos de celebrar o passado da banda com a rápida “Escape to the Void”. Depois de um vídeo que mostrava partes da gravação do disco “Roots”, incluindo trechos da tribo Xavante, Andreas Kisser anunciou a performance de “Kaiowas”. Nesta turnê de despedida, o grupo trouxe uma jam que acontecia na época da turnê do “Roots”, onde bandas, fãs e equipes eram convidadas a subir no palco para participar da percussão da música. Neste concerto, Jean Patton (Korzus), João Barone (Paralamas do Sucesso) e Yohan Kisser, filho de Andreas, foram alguns dos que subiram ao palco. Em parceria com o site “Lado Direito do Palco”, os fãs que encontravam palhetas escondidas pelo Espaço Unimed ganharam a oportunidade de subir ao palco junto da banda.

A dupla “Dead Embryonic Cells” e “Biotech is Godzilla” deram continuidade ao thrash metal old school de fases antigas do grupo. A belíssima “Agony of Defeat”, uma das músicas mais diferentes da carreira do Sepultura, “Orgasmatron” na sequência, cover do Motorhead que talvez hoje seja mais da banda brasileira do que do antigo grupo de Lemmy Kilmister. Os fãs foram levados ao primeiro disco do Sepultura, “Morbid Visions” com a clássica “Troops of Doom”. Junto dela, para não deixar nenhum pescoço parado, “Inner Self” e “Arise” foram as escolhidas para encerrar o setlist principal da apresentação. O grupo voltou para o bis com uma grande bandeira do Brasil com o “S” do grupo no meio para festejar “Ratamahatta” junto com “Roots” e encerrar de vez a apresentação. Não houve, no Espaço Unimed, uma única pessoa parada nesse momento.

O desejo do Sepultura de encerrar sua carreira enquanto a banda vive um bom momento se mostra certeiro quando se assiste à apresentação deste show. Celebrar a vida através da escolha da morte tem uma conexão perfeita com a ideia de se encerrar no auge, fazendo boas apresentações, relembrando clássicos e festejando junto com o público. Um final feliz para uma banda que influenciou gerações de novas bandas e novos estilos dentro do Metal. Além disso, a excelente produção do palco, sempre com vídeos animados, inclusive usando imagens de Inteligência Artificial, embelezam ainda mais a apresentação, mostrando toda a energia colocada pela banda nesta turnê. É a celebração de uma carreira de sucesso, encerrada com sucesso. O Sepultura viverá para sempre com seu legado deixado no metal.

 

Setlist – Torture Squad

1 – Hell is Coming

2 – Flukeman

3 – Warrior

4 – Horror and Torture

5 – Raise Your Horns

6 – Find My Way

7 – A Farewell to Mankind

8 – The Last Journey

 

Setlist – Sepultura

1 – Refuse/Resist

2 – Territory

3 – Propaganda

4 – Phantom Self

5 – Dusted

6 – Attitude

7 – Spit

8 – Kairos

9 – Means to an End

10 – Convicted in Life

11 – Guardians of Earth

12 – Mind War

13 – False

14 – Choke

15 – Escape to the Void

16 – Kaiowas

17 – Dead Embryonic Cells

18 – Biotech is Godzilla

19 – Agony of Defeat

20 – Orgasmatron

21 – Troops of Doom

22 – Inner Self

23 – Arise

24 – Ratamahatta

25 – Roots

Galeria do show