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Setembro Negro 2025: Terceiro dia entrega shows de alto nível em meio ao inferno logístico

Setembro Negro 2025: Terceiro dia entrega shows de alto nível em meio ao inferno logístico

8 de setembro de 2025


Crédito das fotos: Jaqueline Souza/Headbangers News

Com os portões abertos a partir das 12h30, a VIP Station se preparava para receber um público entusiasmado para o terceiro e, aparentemente, mais concorrido dia do Festival Setembro Negro. O retorno do evento em 2025, para sua XVI edição, marcou uma transição de um festival menor para um evento em um local de maior porte.

O público, predominantemente composto por fãs mais velhos, celebrava o reencontro com cervejas empunhadas e a expectativa de uma verdadeira celebração do metal pesado. A atmosfera era de camaradagem, refletindo a longa história e a comunidade que o festival construiu ao longo dos anos.

A escolha da VIP Station, em Santo Amaro, veio com uma inovação na estrutura: dois palcos — o principal, batizado de Maioral, e um palco secundário no subsolo, denominado Infernal. Embora a intenção fosse aumentar a agilidade e a quantidade de bandas, a execução do Palco Infernal deixou muito a desejar.

O nome “Infernal” fez jus à experiência: com um teto baixo, ambiente abafado e, notavelmente, a falta de saídas de emergência claras, o local não oferecia condições visuais nem sonoras adequadas. Apenas as primeiras filas conseguiam ter alguma visão dos artistas, mas eram confrontadas com um som estourado e de baixa qualidade. Para quem estava mais ao fundo, a experiência era ainda pior, com o som abafado da banda que só podia se imaginar que estava tocando em algum lugar lá na frente.

No final das contas, o esforço para acomodar mais bandas resultou em um grande número de fãs frustrados. As condições lamentáveis do Palco Infernal ofuscaram a experiência de assistir a bandas favoritas, evidenciando que, apesar do crescimento em tamanho, a qualidade da infraestrutura em algumas áreas do evento precisa de uma revisão urgente para as futuras edições.

A abertura no Palco Infernal ficou por conta do black metal brutal do Morkalv, seguido pelo caos sonoro do Escafism e pelo death metal do Orthostat. O espaço, com suas limitações acústicas e de visibilidade, foi um desafio, mas o entusiasmo dos fãs e a entrega das bandas mostraram a força da cena underground. O Tyranex, da Suécia, trouxe uma dose de thrash metal clássico, enquanto o experiente Nervochaos representou o death metal brasileiro, entregando um show potente e direto. O palco foi encerrado com a performance sombria e lendária do Varathron, da Grécia, em uma apresentação que mergulhou o público em uma atmosfera de puro black metal melódico e ritualístico.

O Palco Maioral se tornou o epicentro da energia do festival, entregando uma sequência de shows memoráveis. A jornada começou com o The Mist, que aqueceu o público com seu thrash metal mineiro de sonoridade clássica e riffs marcantes. Eles prepararam o terreno para a chegada do Ash Nazg Búrz, do México. Com seu black metal latino, a banda trouxe uma performance brutal, mergulhando o público em um universo sombrio com sua forte temática baseada na mitologia de Tolkien.

Em seguida, a energia se elevou com a performance teatral e intensa do Darkened Nocturn Slaughtercult, da Alemanha, que se consolidou como um dos grandes destaques do dia. A banda entregou seu black metal purista e cru, mantendo a autenticidade que seus fãs tanto valorizam. Entre a velocidade implacável e a crueza sonora, a vocalista Onielar saudou o público com um poderoso “Hail Satan!” e dedicou uma de suas músicas a Jürgen Bartsch, falecido baixista da banda Bethlehem, em um momento de respeito e conexão com a cena.

A grande expectativa da tarde, o Power Trip, dos Estados Unidos, subiu ao palco para entregar um show avassalador. Com seu crossover thrash, a banda de Dallas dominou o palco e fez o público enlouquecer. A performance intensa e direta se traduziu em grandes rodas de mosh e em um wall of death massivo.

No final da noite, o palco principal se transformou para receber a realeza do doom metal sueco: o Candlemass. A banda entregou uma performance grandiosa e melancólica, com riffs pesados e uma atmosfera sombria que dominou o local. Liderado pelo vocalista Johan Längqvist, que retornou à banda em 2018 após quase 30 anos, o grupo demonstrou por que ele é considerado uma voz lendária. Com sua performance visceral e poderosa, Längqvist reviveu a essência do álbum de estreia Epicus Doomicus Metallicus, do qual foi vocalista original.

A banda presenteou os fãs com um setlist excelente, incluindo a clássica Solitude e, em um dos momentos mais aguardados da noite, tocou a sombria e imponente Mirror, uma joia do seu aclamado álbum Nightfall.

Para encerrar a noite e o festival, o Palco Maioral recebeu o Triptykon, que subiu ao palco para uma homenagem épica e aguardada ao Celtic Frost. A banda de Tom G. Warrior não estava ali para tocar seu próprio material, mas sim para mergulhar fundo no catálogo de sua banda anterior, em uma celebração direta e poderosa de um dos nomes mais influentes do metal extremo.

A apresentação foi a prova de que o Triptykon é mais do que uma banda nova; é, nas próprias palavras de Tom, uma “continuação do Celtic Frost com um nome diferente”. Com um repertório constituído inteiramente por clássicos atemporais, a banda entregou uma performance intensa e pesada.

A experiência foi um tributo visceral que honrou o legado do Celtic Frost e proporcionou um final inesquecível, reforçando a conexão inquebrável entre as duas bandas e a história do metal.

O Festival Setembro Negro 2025 foi uma celebração do metal extremo que, apesar dos desafios de infraestrutura, provou a força da sua comunidade.

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