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Sonic Temple: Impressões e experiências em um festival épico nos EUA

Sonic Temple: Impressões e experiências em um festival épico nos EUA

10 de junho de 2023


Crédito das fotos: Lexie Alley, Nathan Zucker & SteveThrasher/Sonic Temple Festival

Após uma viagem repleta de emoções, finalmente pude sentar e escrever minhas impressões sobre um dos maiores festivais dos EUA, o festival Sonic Temple, que aconteceu entre os dias 25 e 28 de maio em Columbus, Ohio. O evento contou com a participação de mais de 80 bandas ao longo dos 4 dias.

O local das apresentações era dividido em 3 palcos: dois na parte adjacente do estádio e o principal dentro do estádio. Os shows começavam cedo, por volta do meio-dia. Poderia parecer uma tarefa árdua para as bandas que estavam abrindo o palco em cada dia, mas, pelo contrário, já nesse horário via-se muitas pessoas presentes e apoiando as bandas do começo ao fim do dia.

O espaço em si foi muito bem aproveitado, possibilitando que todos os presentes transitassem entre os palcos, as tendas de comida, as áreas VIP e o merchandise de maneira bastante dinâmica.

Quinta-feira – primeiro dia do festival

Entre tantas possibilidades, escolhi as bandas que gostaria de ver. Tool estava no topo da lista do dia. Apesar do sol, fez um frio congelante na primeira noite. Beartooth foi a primeira banda que assisti, e comecei muito bem, pois a banda é muito boa ao vivo, com uma incrível presença de palco e uma sonoridade áspera. Bad Omens também foi uma surpresa muito boa de assistir, e indico a todos prestarem atenção nessa banda. Muito populares por aqui, conferi de perto o Bullet for my Valentine, que entregou um show recheado de sucessos, com uma execução perfeita, entrosamento dos músicos e muito carisma. Apesar de tocarem em um palco menor, o público estava fervoroso do início ao fim. Os mais aguardados por mim eram Godsmack, que são muito grandes nos EUA e infelizmente tiveram seu show cancelado no Brasil. É a segunda vez que os vejo ao vivo, ambas em festivais, e Sully Erna é um verdadeiro frontman, com muito carisma e maturidade no palco. Falo isso porque além de ser um ótimo vocalista e guitarrista, ele também dá um show à parte nos solos e duetos de bateria, além de ser habilidoso no piano. A cereja do bolo foi a participação do guitarrista do Aerosmith em uma versão de “Dream On”. O terreno estava preparadíssimo para o TOOL: primeira noite e muito fria, o estádio estava lotado em plena quinta-feira, feriado prolongado do Memorial Day. Meu destaque para o show são os jogos de imagens e a verdadeira imersão de climas e sensações que só o TOOL consegue transmitir. Quase como uma experiência sensorial, sem precisar de quaisquer aditivos psicodélicos. O som estava perfeito, todos os instrumentos bem audíveis e o timbre do baixo era incrível.

Sexta-feira:

Acredito que tenha sido o dia em que mais vi bandas. A primeira foi Black Stone Cherry, que também teve seu show cancelado no Brasil devido à pandemia. Estava especialmente ansiosa para vê-los pela primeira vez ao vivo, e foi exatamente o que esperava: uma banda muito entrosada (começaram a banda ainda no colégio), o guitarrista Ben Wells muito agitado e carismático com o público, sempre interagindo com eles. O baterista tocou com muito vigor e vontade, proporcionando um prazer imenso ao assistir sua performance. Apesar de um set mais curto devido ao horário da apresentação, eles tocaram sucessos e também músicas do último álbum. Agora só nos resta esperar por eles aqui novamente! Outras gratas surpresas que eu já estava curiosa para assistir eram Bad Flower, com músicas super cativantes e um vocalista com um Q de Kurt Cobain no palco, aquele jeito meio introspectivo, mas raivoso e voraz. Gostei muito do show e espero que conquistem o público brasileiro em breve. Chevelle, que passeia pela onda grunge/post-grunge, entregou um show muito afiado e repleto de sucessos, o que é bem difícil de colocar em um setlist dada a quantidade de álbuns que têm. I Prevail e Dorothy – essas duas bandas tiveram presenças impecáveis. I Prevail pesado e muito bem executado. E Dorothy, liderada pela vocalista de mesmo nome, o quarteto esbanja confiança e muita destreza no palco. Destaque para a vocalista, que além de estar muito afinada, prestava bastante atenção na plateia, chegando até a chamar a atenção de um casal em que uma garota estava passando mal. O ponto alto do dia foi o show do Queens of Stone Age, que, apesar de não ser o meu primeiro show deles (acredito que tenha sido o quinto), foi um dos melhores. Josh estava visivelmente feliz e empolgado por tocar ali, soltando piadas infames e brincando bastante com o público, inclusive com uma formanda que fugiu de sua formatura para estar no festival. Fazia 5 anos desde a última vez que o Queens of Stone Age havia tocado. O setlist não deixou a desejar, na minha opinião, foi o melhor show. Avenged Sevenfold – o quinteto mostrou por que é tão grande hoje. Como músico, assim como eu, é preciso tirar o chapéu para eles, pois são músicos muito habilidosos. Tocaram todos os seus sucessos, e lembram da formanda? Em um exemplo de muita humildade, todos os membros da banda assinaram o chapéu de formatura dela.

Sábado
Cheguei cedo! Queria ver The Violent, uma banda nova, agora radicada em Nashville. É um trio remanescente do finado Red Sun Rising que (ainda) carrega muita influência do grunge, mas com uma roupagem mais atual e muito criativa. Eles fizeram uma versão de “People Are Strange” do The Doors que alcançou centenas de milhares de plays no Spotify. Apesar de abrirem o dia no palco principal, Mike, Dave e Pat mostraram um incrível dinamismo e domínio do palco, trocando de instrumentos e mostrando por que lançam um hit atrás do outro. Outra banda que em pouco tempo estará muito maior! Neste dia, eu me concentrei apenas nesse palco e pude me emocionar vendo Rival Sons, uma banda que aprecio muito. Eles têm uma sonoridade muito peculiar, que transita por vários estilos. Suas músicas são bem distintas umas das outras, e o destaque vai para o timbre de voz do vocalista, que é um dos timbres mais bonitos que já ouvi.

Trivium também foi incrível, e fiquei muito honrada em poder vê-los tão de perto e assistir a um show completo, com um setlist que abrangeu todas as fases da banda.

Uma banda que me surpreendeu e que eu não conhecia muito foi o Falling In Reverse. O vocalista é bem caricato, e o show é cheio de energia. Esse vocalista quase hipnotiza o público com sua voz e postura pra lá de versátil.

Kiss – os veteranos do Kiss, em sua última (?) turnê de despedida, apresentaram um show bastante similar ao que pudemos assistir em abril deste ano no Monsters of Rock.

Domingo – último dia!

Obviamente, o Foo Fighters era a banda mais esperada de todo o festival, acredito que não só para mim, mas para todos os presentes. Cheguei no começo da tarde e logo bolei a estratégia para poder ver o show literalmente da primeira fileira. Sacrifícios à parte, Pretty Reckless foi um show muito bom, com todas as músicas que gosto da banda. Taylor Momsen, que também é atriz, mostrou por que se sente tão à vontade no palco e, com sua bela voz, preparou o público de maneira espetacular para o que estava por vir durante a noite. Jawbreaker é uma banda grande, um punk rock raiz e muito bem executado. Apesar da timidez dos seus membros, foi bem interessante assistir e conhecer melhor. Deftones – essa banda é gigante, com presença de palco do seu vocalista (que, para desespero de fãs na primeira fileira, seguranças e fãs que amam Deftones), pulou na galera e até se machucou no meio da empolgação. A banda estava visivelmente empolgada e até emocionada com um público tão caloroso. O momento mais esperado chegou: assistir ao décimo quinto show do Foo Fighters da minha vida e somente o terceiro deles após a saída do Taylor Hawkins. Confesso que estar ali foi um misto de emoções, de respeito, resiliência e cura. Para mim e para eles. A cada dia, a ferida vai cicatrizando um pouquinho. O show foi recheado de sucessos, apesar de eu, como fã, achar que o setlist nunca terá música suficiente, rs. O show também contou com uma homenagem ao Taylor e o momento mais emocionante para mim foi quando Dave Grohl anunciou: “Eu e Taylor costumávamos tocar juntos essa música, ele cantando e eu na bateria. Agora vou tocá-la por ele, para ele”. Dave tocou pesarosamente e com sentimento os primeiros acordes de “Cold Day in the Sun”. Foi um dos momentos mais bonitos da noite, onde era visível que o estádio inteiro estava unido e atento ao momento. Já na iminência do lançamento do álbum “But Here We Are”, Dave e cia apresentam alguns temas do novo disco, como “Rescued” e “Nothing at All”, que já haviam caído no gosto da galera. Josh Freese, o novo baterista, executou muito bem todas as músicas, apesar de algumas terem um ritmo mais acelerado. É perceptível que a banda e Josh ainda estão se recompondo e absorvendo tudo, com calma e naturalmente, como deve ser. Agora é esperar pela próxima vez no Brasil.

Agradecimentos especiais a Selena e Kristine por todo o apoio!

Galeria do show