Shows

Sons of Apollo agita o Rio de Janeiro em show pesado e impecável

Sons of Apollo agita o Rio de Janeiro em show pesado e impecável

12 de agosto de 2022


Flávio Farias/Headbangers News

A última quinta-feira (11) trouxe ao Rio de Janeiro o supergrupo Sons of Apollo, que veio acompanhado de uma frente-fria que a cidade maravilhosa não via há pelo menos três meses. Para surpresa, um público de razoável a bom se arriscou a enfrentar o frio e a chuva para prestigiar a banda que fazia sua primeira aparição por aqui.

O local escolhido foi o icônico Circo Voador, localizado na Lapa, região central do Rio e principal reduto da boemia da antiga capital federal. Com localização privilegiada, tendo (na teoria) condução para todos os lugares da cidade e da região metropolitana, o público só não foi melhor pelo fato de o show ser em um dia de semana e também pela chuva e frio, que definitivamente assustam o carioca. Porém, os que foram, saíram de lá mais do que satisfeitos. Descobrimos quase que em cima da hora que haveria banda de abertura e chegamos no local pouco tempo antes do início.

As 20h10, o Lufeh subiu ao palco. O quinteto formado por 4 brasileiros e um estadunidense (que no caso, é o vocalista) executou um set muito bem estruturado. O vocalista Dennis Atlas mostrou-se um bom frontman, com boa presença de palco e ainda arriscou conversar em português com os presentes, tentando explicar que esteve em uma churrascaria na noite anterior. A simpatia ganhou o público. Em pouco mais de meia hora eles apresentaram faixas de seu álbum de estreia, “Luggare Falling Down”, lançado de maneira independente, no ano de 2020 e nós percebemos a influência mais que explícita do Dream Theater na sonoridade da banda. Eles são bastante técnicos, é bem verdade, mas não podemos e nem devemos compará-los a ex-banda de Mike Portnoy. Eles deixaram uma boa impressão.

Durante o intervalo, nada de Rock ou Metal no som que vinha do PA. Música clássica de muito bom gosto era o que estava rolando, durante os 30 minutos que os roadies montavam o palco para a estreia da noite. Rolou até uma bela versão em violino para “Red Barchetta”, do Rush. E cá entre nós, caro leitor, quase nada pode estragar uma versão para uma música qualquer do Rush. Que os artistas do tal sertanejo universitário ou do tal piseiro não leiam este review aqui, para que não tenham a infeliz ideia de estragar uma música qualquer das lendas Lee, Lifeson e Peart.

Pouco antes das 21h10 as luzes se apagaram e quando Mike Portnoy se sentou atrás de seu kit de bateria, colocado em uma angulação diferente ao que os bateras costumam se posicionar, a plateia veio abaixo. E aos primeiros acordes de Goodbye Divinity, podemos perceber que a banda soa muito, mas muito mais pesada ao vivo do que no estúdio. O som estava espetacularmente bom e com tanta gente tarimbada, é difícil destacar um só. Porém, a estrela é mesmo Mike Portnoy. O cara tem uma técnica cavalar, além de batidas fortes e precisas. Derek Sherinian segue mágico como nos tempos de Dream Theater. Jeff Scott Soto é um baita frontman e ainda arriscou um “E aí galera”, “Tudo bem” e “Do car**ho” em um português pra lá de razoável.

“Signs of the Time” ficou tão brutal e pesada que a impressão era de que estávamos em um show de Sludge Metal e não de Metal Progressivo, o que é muito bom. Antes de “Alive”, Jeff Scott Soto além de agradecer aos presentes, dedicou a música para aqueles que enfrentam dificuldades com drogas e álcool. “Desolate July” foi dedicada pelo vocalista a seu falecido pai. O guitarrista Ron “Bumblefoot” além de bela presença de palco, tem a mão pesada. Quanto a Felipe Andreoli, ele substituiu muitíssimo bem Billy Sheehan, que não veio ao Brasil pelo simples fato de ser um antivax. É impressionante como nos dias de hoje ainda existam pessoas que questionem a ciência. E a gente pensa que isso é privilégio exclusivo do gado que apoia o atual dublê de Presidente da República, só que não. Imbecis há em todas as partes.

Na parte final da apresentação, brilhou a estrela de Derek Sherinian, em seu belo solo de teclado, usando e abusando da técnica e dos efeitos, que quem estivesse apenas escutando-o, poderia achar que ele estava solando na guitarra. Obviamente foi ovacionado por todos e teve seu nome gritado. Logo depois, a banda retornou para “Coming Home” e Jeff agora vestia a camisa amarela da seleção brasileira. Lógico que ele queria agradar, mas se ele fizer ideia do que significa vestir amarelo aqui no Brasil atual, talvez repensasse a ideia. Não foi somente este o flerte dele com o Brasil. Ele puxou a musiquinha “vira vira vira, virou”, que o público fez questão de acompanhá-lo, para em seguida, ele virar um copo na boca. Que líquido era, jamais saberemos.

Menos de cinco minutos de intervalo, os caras foram apenas beber uma água e voltaram ao palco para tocar a faixa derradeira “God of the Sun”, com seus mais de onze minutos e com as improvisações, acabou durando mais de vinte. Após uma hora e meia, a certeza de que foi um baita show, com músicos competentes e que deram um verdadeiro espetáculo. E para este redator que vos escreve, o sentimento foi de ser um cara afortunado, pois em um intervalo de 7 dias, eu tive a honra de assistir in loco, dois bateristas que foram os melhores dos anos 1990: Iggor Cavalera, na sexta-feira anterior (5) e agora, Mike Portnoy. À época rolava comparações entre os dois, mas são dois gênios. O bom público presente no Circo Voador deve ter saído com a mesma sensação.

Galeria de Fotos

Setlist:

Goodbye Divinity
Fall to Ascend
Signs of Time
Wither to Black
Alive
Asphyxiation
Lost in Oblivion
Desolate July
Lost in Deslusion
New World Today
Figaro’s Whore
Coming Home

Encore:
God of the Sun

Circo Voador

Data: 11/08/22

Horário: 19h

R. dos Arcos, s/n