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Wacken Open Air 2023: “Rain and mud” – edição com mar de lama e imprevistos

Wacken Open Air 2023: “Rain and mud” – edição com mar de lama e imprevistos

25 de agosto de 2023


Crédito das fotos: Nayara Sabino – @naysabinoph

Em 2023, o maior festival do mundo, Wacken Open Air, teve que lidar com uma condição bem delicada: as fortes chuvas que atingiram a região por dias seguidos. Saímos de Bremen na manhã de segunda-feira, 31 de julho, em um trajeto comum para a época do festival. Chegaríamos no camping em torno de 5 horas. No entanto, os últimos 8 quilômetros foram complicados: caminhos fechados, trânsito parado, informações desencontradas e até boatos de que o festival seria cancelado. Um membro da equipe do Wacken nos informou que, apesar de levar mais algumas horas, iríamos entrar na área do camping até o final do dia.

Depois de 11 horas, finalmente chegamos ao camping B2, que estava “habitável”. Apesar de ser um local distante da área do festival, era um lugar onde poderíamos nos acomodar de forma segura e sem lama. Apesar de escurecer tarde no verão europeu, para o primeiro dia, a melhor opção era ficar no camping, considerando as fortes chuvas que caíam de tempos em tempos e que os primeiros shows aconteceriam apenas na quarta-feira.

Para o segundo dia de acampamento, as principais atividades seriam retirar as pulseiras de acesso ao festival, comprar merchandise e aproveitar as atrações que já estavam disponíveis. Desde cedo, uma fila considerável começou a se formar e a aumentar a cada hora. Uma ótima opção para evitar filas era comprar através do site do Wacken, selecionar a data e faixa de horário para retirar o pedido e retirá-lo no “Click & Collect”, onde praticamente não havia espera. Uma parada quase obrigatória era uma área da Krombacher, onde você poderia jogar Beer Pong. A cerveja era por conta do Wacken e você apenas entrava no local para beber e se divertir. Também era possível se cadastrar para ganhar ingressos para a edição de 2024 do evento. Várias lojas de roupas, acessórios e inúmeras opções de comidas e bebidas estavam disponíveis na área externa do festival, as quais estavam abertas antes dos dias de shows.

Quarta-feira, primeiro dia de shows no Infield, e a chuva ainda causava preocupações. O festival anunciou em suas redes sociais que apenas 50 mil pessoas haviam chegado ao festival, de um total esperado de 85 mil pessoas. No entanto, não seriam permitidas mais entradas devido a questões de segurança, considerando as condições climáticas. Para aqueles que não conseguiram chegar ao evento, os ingressos seriam reembolsados. Quem estava no local poderia entender perfeitamente o motivo da decisão, pois realmente estava muito difícil se locomover em muitos pontos.

Falando dos shows, a entrada para o Infield atrasou cerca de uma hora e meia. A equipe do festival fez um grande trabalho para preparar a área dos shows da melhor forma possível, permitindo que o público pudesse entrar e curtir as apresentações com segurança.

O primeiro show, no palco Louder, foi da banda de hard rock alemã Skew Siskin. Eles fizeram um show de aproximadamente 45 minutos e mantiveram o público animado durante toda a apresentação. Em seguida, as meninas da Nervosa entraram em ação com muita energia e versatilidade. Durante a apresentação, era possível ver algumas bandeiras do Brasil na plateia, mostrando que o país estava representado no festival. Após o show da Nervosa, foi hora de um passeio pela lama para conhecer as áreas disponíveis dentro do evento, como a área medieval. Lá, encontramos muitas comidas e bebidas típicas, além de roupas e acessórios para quem curte o estilo. Também fomos ao bar onde havia uma estátua de Lemmy Kilmister, que foi muito homenageado nesta edição do festival.

Voltando aos shows, agora no palco Faster, era hora de ver o show do Broilers, uma banda alemã de punk rock com rockabilly. Essa mistura de estilos agradou ao grande público que presenciou a apresentação. O show foi um ótimo aquecimento para o show seguinte, que foi especial, uma comemoração dos 40 anos de carreira da Rainha do Metal, Doro Pesch. Foi um super show com duas horas de duração e vários convidados especiais, como Udo Dirkschneider (Udo), Hansi Kürsch (Blind Guardian), Joey Belladonna (Anthrax), Michael Rhein (In Extremo), Chris Caffery (TSO), Uli Jon Roth, Mikkey Dee (Scorpions) e Sammy Amara (Broilers). Além dos grandes sucessos como “Für Immer” e “All We Are”, os destaques foram os covers de “Breaking the Law” do Judas Priest e “Ace of Spades” do Motörhead, esta última com a participação de Phil Campbell e Mikkey Dee. Uma novidade desse ano foi a imagem feita por drones acima dos palcos. Neste show, foi projetado o “rosto” de Lemmy Kilmister e depois o símbolo do Motörhead junto ao símbolo do Wacken. Foi um encerramento emocionante da noite.

Na quinta-feira, apesar da diminuição da quantidade de chuva em relação aos dias anteriores, a dificuldade de locomoção na área do festival permaneceu. No palco Faster, vimos o show da Vixen, uma banda de hard rock norte-americana que fez um super show. Com grandes sucessos como “How Much Love”, “Cruisin”, “I Want You to Rock Me” e “Edge of a Broken Heart”, a banda animou a plateia. Mais uma vez, o Brasil estava muito bem representado por Julia Lage, no baixo. Em seguida, no palco Harder, foi a vez do Uriah Heep. Os ingleses fizeram um show nostálgico no Wacken. Era possível ver a emoção de muitos durante canções como “Sunrise” e “July Morning”. Com um pouco mais de uma hora de show, eles mantiveram o público nas mãos durante toda a apresentação, mostrando que foram uma ótima escolha para o lineup do festival.

Continuando a sequência de shows do dia, era hora do power metal com a área do festival lotada. O Hammerfall deu início ao show com muitos sucessos, incluindo músicas recentes como “Brotherhood” e “Hammer of Dawn”, além de clássicos antigos como “Last Man Standing”, “Renegade” e “Hearts on Fire”. Joacim Cans, como sempre, estava impecável em sua performance, demonstrando ser um grande frontman. O palco ao lado já estava montado para o show do Kreator. Como ninguém é de ferro, decidimos descansar um pouco, já que ficar na lama por horas seguidas não era fácil. Aproveitamos para explorar a área disponível para a imprensa. Havia um bar e opções de comida com pouca fila, o que era ótimo. Além disso, havia bancos e até alguns sofás para descansar, além de tomadas para carregar a bateria. Também era possível acompanhar o festival por meio das TVs disponíveis em alguns pontos da área.

Depois de nos alimentarmos e recarregarmos as energias, era hora de ver o último show do dia: Helloween. Mais uma vez, os alemães entregaram uma apresentação impecável. Desde que a banda retornou com Michael Kiske e Kai Hansen, cada show do Helloween se tornou um espetáculo maior. O setlist estava recheado de grandes clássicos como “Eagle Fly Free”, “Future World”, “Power”, “Forever and One”, “Dr. Stein”, “Keeper of the Seven Keys” e “I Want Out”. A plateia se emocionou muito e, mais uma vez, os drones do Wacken formaram a abóbora, mascote da banda, juntamente com o nome Helloween.

Chegamos à sexta-feira, onde os shows começavam mais cedo e a quantidade de apresentações era ainda maior. Novamente, a dificuldade de se locomover pela área do festival devido à lama fez com que o planejamento do dia fosse mais restrito. Muitos optaram por sacrificar alguns shows para aguentar a maratona de 4 dias de festival.

Concentrados nos palcos principais, tivemos a ótima apresentação da banda alemã Kärbholz. Apesar de ser a primeira banda a tocar no dia, mostraram que têm um público fiel que chegou cedo para assistir ao show. Em seguida, no palco Faster, foi a vez do Amaranthe, que fez um ótimo show, consolidando ainda mais a banda no cenário. Voltando ao palco Harder, While She Sleeps fez uma apresentação pesada com muita interação do público e inúmeros momentos de “crowd surfing”, com incentivo do vocalista Lawrence Taylor. A sequência de música pesada continuou com o show do Trivium, uma banda já bem conhecida pelo público do festival, sempre entregando ótimas apresentações.

Após um intervalo para recarregar as energias, foi a vez do clima mais “família” com o show de Santiano, uma banda que trouxe rock/folk animado. Eles eram incríveis, com músicos excelentes. Após esse clima mais descontraído, era hora do show mais esperado da noite: Megadeth. Uma grande banda com um público muito fiel, desta vez com a participação especial do ex-guitarrista Marty Friedman. Foi uma surpresa para os fãs e ele tocou várias músicas ao lado de Mustaine e cia, mostrando que ainda tem muito a oferecer. Após o espetáculo do Megadeth, era a vez do headliner do festival, marcando o último show da turnê. Isso tinha um significado maior para o público após a banda publicar a mensagem de Nicko McBrain sobre o AVC que ele teve no início do ano. Mesmo com as adversidades, a turnê aconteceu, mesmo sem ele estar 100% recuperado.

O show do Iron Maiden é sempre incrível, mesmo com um setlist padrão durante toda a turnê. Os fãs se emocionaram ao ouvir suas canções favoritas, especialmente as tão esperadas “Alexander The Great”. Além disso, foram tocadas músicas inéditas do álbum “Senjutsu”, como “Days of Future Past”, “The Time Machine”, “Death of the Celts” e principalmente “Hell on Earth”. Mais uma vez, o Iron Maiden mostrou sua grandiosidade, encerrando a parte europeia da turnê até aquele momento. Após o show do Iron Maiden, ainda tivemos apresentações de Wardruna, uma banda norueguesa de Nordic/Dark Folk, que fez um show belíssimo, mas mais direcionado a um público específico, devido à natureza mais tranquila e melancólica das músicas. O último show da noite foi o de Lord of the Lost, mas não pudemos acompanhá-lo devido ao cansaço acumulado, uma vez que o festival estava mais cansativo do que o habitual.

Chegamos ao último dia de festival, mas ainda havia muitos shows e, é claro, muita lama. O primeiro show do dia foi do Masterplan, mas infelizmente não conseguimos chegar a tempo. Começamos pelo Delain, que também fez um ótimo show. Liderada por Martijn Westerholt, a banda mostrou que, apesar das mudanças de formação, segue firme em seu caminho. Em seguida, no palco Harder, foi a vez dos finlandeses do Ensiferum. Sempre entregam um ótimo show, com Petri Lindroos e cia fazendo uma apresentação de folk metal impecável. Continuando a sequência do dia, Jinjer, com seu público fiel e numeroso, fez uma apresentação memorável. Parecia que havia mais camisetas do Jinjer do que do próprio festival. Muitos fãs da banda estavam vestidos a caráter para o show. Voltando ao palco Harder, era a vez do Alestorm. Os piratas entraram no Wacken, que estava parecendo um mar de lama. No entanto, o público estava animado, cantando e pulando a maior parte do show.

Fizemos uma pausa para recarregar as energias e aproveitar comida e bebida, pois ainda havia mais shows no Wacken. Após descansar um pouco, assistimos a um show maravilhoso do Saltatio Mortis. O show foi animado, cheio de energia e a banda soube cativar a plateia. Eles eram super carismáticos e performáticos, sendo um dos pontos altos do dia. Uma das principais e mais aguardadas bandas do dia era o Heaven Shall Burn e eles entregaram um show incrível. Mesmo com toda a lama no chão, houve um grande “circle pit” durante o show. Na reta final do festival, o último show no palco Harder foi do Two Steps from Hell, um show extraordinário com orquestra, combinando peso e melodia de forma magnífica. Uma grande apresentação. E, por último, após quatro dias de festival, o encerramento ficou a cargo do Dropkick Murphys, uma banda norte-americana famosa pela música “I’m Shipping Up to Boston”. Fizeram uma grande apresentação muito animada, com influências de músicas celtas. Um encerramento digno para o festival, e grande parte do público permaneceu até o final.

Para a edição de 2024, que já estava esgotada, o Wacken Open Air já tinha 33 bandas confirmadas, incluindo Scorpions, Amon Amarth, In Extremo, Blind Guardian, Mayhem, Pain, Beast in Black, entre outras.

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