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Power and Warfare Tour: Uma noite épica de Thrash Metal na Jai Clube

Power and Warfare Tour: Uma noite épica de Thrash Metal na Jai Clube

25 de maio de 2023


Crédito das fotos: Marcelo Catacci/Metal No Papel

A Jai Clube, na Vila Mariana, em sua simplicidade e ecletismo, vem estimulando diversas manifestações da cultura musical underground. Sendo assim, a parceria com a Caveira Velha Produções, que, desde o extinto bar em Jandira, apaixonadamente articula a cena metal paulistana para o mundo, é óbvia e fácil de repetir.

Na noite do dia 19 de maio, nomes já muito bem estabelecidos da cena local e um público vibrante receberam a terceira noite da jornada sul-americana “Power and Warfare Tour”, com as bandas Perpetual Warfare, da Colômbia, e os veteranos Whiplash, dos Estados Unidos. Foi a única noite no Brasil.

O público ainda chegava e se aquecia quando o Nuclear Frost, banda já tradicional do Metal Punk paulista, subiu ao palco. Os vocais poderosos de Gabriela Gomes entoavam “Wargasm!”, incitando comentários surpresos dos desavisados sobre sua técnica e o uso mínimo de efeitos. Foi um set redondo e cortante de uma banda que está preparada para gravar um novo álbum ainda este ano.

Estava dado o tom geral da noite: Heavy thrash metal com uma infusão de hardcore punk.

De São Bernardo do Campo, o Cranial Crusher também está claramente com os pulmões cheios e destilando pura revolta. Eles vêm divulgando seu último álbum completo, “Ciclo da Degradação”, thrash metal de protesto focado na crítica às relações trabalhistas. Para as rodas que já estavam sendo formadas, terminaram um set veloz, mostrando um pouco de suas influências com o cover de Violent Force, “Sign of Evil”.

O cast seguiu com mais uma banda mais do que ativa no cenário. Blasthrash conduziu impetuosamente um set que mesclava seus dois álbuns e o último EP, intitulado “Fake News” (2018). Dario Viola, vocalista, interagiu de forma muito honesta e incendiária com o público. A banda está, sem dúvidas, em extrema forma no processo de gravação do terceiro disco, lá nos Bay Area estúdios.

A atmosfera thrash veloz ganhou um toque de horror com o show do Cemitério. A banda é popular, sempre causa impacto, e a galera sempre canta junto as letras em português do álbum completo “Cemitério” (2014) e do EP “Oãixac Odéz” (2016). Nessa noite, escolheram tocar um set invertido, o que mostrou a potência da obra, mantendo o furor já instaurado numa Jai agora cheia.

Da cena thrash de Bogotá, os colombianos do Perpetual Warfare impressionaram pela presença de palco mais insana da noite. A maioria dos bangers brasileiros os conheceu naquela noite: uma banda experiente e muito forte tecnicamente. As composições funcionam muito bem ao vivo, com destaque para as do álbum “The Age Of War” (2013). Camilo Muñoz, guitarrista, vocal e também produtor da turnê, incitou a união da América Latina e exaltou o metal brasileiro:

“Já sabíamos há muito tempo que o Brasil tem um dos melhores públicos do mundo. Mas não tínhamos entendido até testemunhar o quão grandiosa é a cena brasileira”, diz Camilo. “Ouvimos as bandas brasileiras desde moleques, então a recepção calorosa no nosso primeiro show no país é algo que nunca vou esquecer. Mal posso esperar para voltar.”

Após toda essa celebração e confirmação do poder, dedicação e posicionamento firme da cena latina, hora de receber o Whiplash para um set saudoso. Liderado pelo único membro original, Tony Portaro, eles vieram como um power trio compartilhando da pura adrenalina que pairava no lugar.

O baixista, Will Winton, comenta: “O Brasil nos mostrou amor e suporte tremendos. Foi uma honra tocar para todos aí junto dos nossos irmãos colombianos.”

As músicas do clássico da era de ouro do thrash americano “Power and Pain” (1986) inspiraram sim muita paixão, muitos copos de cerveja jogados ao ar e enorme satisfação por parte de um público que sabe reconhecer bem onde está a faísca do verdadeiro heavy metal.

E paixão é mesmo a palavra que parece ditar as iniciativas de todos os envolvidos, hoje e no passado, nos palcos e na produção. O heavy metal segue vivíssimo.

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