Entrevistas

Dejair Benjamim: “Quando a pandemia passar haverá um grande impulsionamento no cenário”

Dejair Benjamim: “Quando a pandemia passar haverá um grande impulsionamento no cenário”

24 de junho de 2021


Vocalista e fundador da banda de heavy metal Tchandala

Divulgação

Vocalista e fundador da banda de heavy metal Tchandala

“Inquieto musicalmente”. É assim que se define Dejair Benjamim, vocalista e fundador da banda de heavy metal Tchandala. Natural de Sergipe, decidiu fundir a música e a história do estado em seu primeiro trabalho solo, o Benjamim Saga.

O lançamento de ‘Rio dos Siris’ nasceu de uma conversa com o amigo e doutor em História, Hermeson Pidele. As quatro músicas do EP falam do encontro entre europeus portugueses e indígenas autóctones no Novo Mundo, no território no qual hoje localiza-se o estado de Sergipe, bem como a vida dos habitantes originais, o contato após a chegada dos europeus e seus desdobramentos e a guerra que se sucedeu, que resultou no extermínio dos grupos indígenas.

Dejair Benjamim concedeu uma entrevista ao Headbangers News para falar mais sobre este grande lançamento e suas influências para promover a fusão do heavy metal com a música regional nordestina, acompanhado de vários artistas locais e nacionais.

. Dejair também contou sobre Tchandala e os planos futuros.

Dejair Benjamim é fundador do grupo TCHANDALA. Para quem não conhece, pode contar um pouco sobre sua banda?

Em 1996, eu e meu grande amigo Dr. Hermeson (Pidele) Menezes, iniciamos a Tchandala que era um projeto da adolescência. Por conta de mudança de Estado, Pidele acabou só participando como membro da banda, efetivamente, até a primeira demo intitulada “The Beginning..” de 1998, de lá para cá o Tchandala lançou 3 álbuns (Fantastic Darkness – 2002, Fear of Time – 2012 e Resilience – 2017) que tiveram grandes repercussões a nível nacional, e o último foi bastante resenhado fora do Brasil, chegando a ser eleito um dos melhores álbuns do ano em várias revistas e sites como Roadie Crew, Headbanger Latino America, entre outros.

Você está lançando o primeiro EP, em carreira solo. Porque decidiu criar esse projeto em paralelo ao TCHANDALA?

 

Eu sempre tive a vontade de fazer alguns trabalhos em português e contando um pouco da história de Sergipe. Não acho legal fazer isso com o Tchandala para não descaracterizar o que fazemos na banda há mais de 25 anos. Ao comentar isso com Pidele sobre a ideia do Benjamim Saga, ele me sugeriu logo de cara o tema sobre os índios “sergipanos” e já estamos com vários outros temas para explorarmos. Outra proposta do BENJAMIM SAGA é sempre mudar a formação a cada trabalho lançado. Isso me dará a oportunidade de trocar experiências com diversos outros músicos e registrar esses momentos.

O EP solo, intitulado “No Rio dos Siris”, é uma obra conceitual, certo? Conte como foi a composição e produção deste EP?

Então, o conceito partiu da ideia de Pidele. Com o conceito definido, dividimos a História em 4 partes. Daí foi a vez de conversar com os produtores do Estúdio Revolusom, Marcos Cupertino e Marcos Franco. Passei para eles qual era a sonoridade que queria nas músicas. Cupertino foi compondo as guitarras e me mandava para que eu avaliasse cada uma delas. Com as músicas já prontas, o violeiro Deo Miranda, que já tinha participado do disco Resilience do Tchandala, fez arranjos de viola em 2 músicas. As percussões ficaram a cargo de Emílio Ferro e Jeová Fonseca. Além das guitarras, Cupertino também foi responsável pela direção musical, baixo, baterias e backing vocals. Marcos Franco fez a mixagem e masterização dando aquele ganho magistral no produto final.

Como você sentiu a recepção do público com este trabalho solo?

Está sendo algo excepcional!! Várias resenhas e comentários de encher os olhos de lágrimas. Realmente eu não esperava esse retorno. Esse trabalho está alcançando os mais diversos públicos, além da galera do metal. E o que se comenta mais é o lance de ser cantando em português.

É possível perceber diversas influências dentro do rock e metal no EP. Quais suas principais influências na hora de compor o disco?

No meu dia-a-dia eu escuto muita coisa como mpb, música regional nordestina, rock em geral com blues, rock pop, hard rock, death metal, heavy, thrash… enfim… muita coisa mesmo. E isso acaba vindo naturalmente na hora de compor. O Cupertino é produtor e multi-instrumentista, canta e toca diversos estilos, como carimbó, rock, metal, salsa, merengue, jazz, blues…, tudo que você imaginar…, então ele tem uma cabeça muito fértil na hora de compor.

Também conseguimos perceber alguns sons com características regionais. Como foi incorporar um pouco dessas características ao metal? É um trabalho difícil?

A música regional nordestina é algo muito forte em mim e pretendo explorar ainda mais nos próximos trabalhos. Mas é algo que terei de ter muita cautela na hora se inserir para não ficar algo forçado, tem que soar bem natural, na hora certa. E principalmente, selecionar alguém que já tenha uma boa experiência nesse tipo de sonoridade.

O EP é todo cantado em português. Você pensa em gravar músicas em inglês?

A minha ideia, até o momento, é que o BENJAMIM SAGA seja sempre em português. Inglês vou deixar para o Tchandala, por conta das respectivas propostas das duas bandas.

Como você vê a cena do metal nacional atualmente? Está mais receptivo para novos projetos?

Hoje a dinâmica de produção mudou bastante, tivemos que avançar uns 10 anos para poder superar esse momento. O isolamento social está dando a oportunidade para as bandas produzirem e lançarem muito material. Acredito que quando a pandemia passar haverá um grande impulsionamento no cenário com muitos shows.

Quais os planos para o futuro com a banda TCHANDALA e com sua carreira solo?

A Tchandala está com uma nova formação (Eu no vocal, Djalma Moreira no baixo, Eddie Varg e Siuari Damaceno nas guitarras e George Feitosa na bateria) e estamos ensaiando para a nossa live comemorativa de 25 anos que irá rolar agora em agosto em nosso canal no Youtube. Em meio aos ensaios estamos produzindo muitas coisas como, um single que contará com um grande medalhão do metal nacional nas baquetas, um álbum acústico com algumas músicas dos 3 álbuns da nossa carreira, e um novo álbum que lançaremos em 2022. Ah… também iremos relançar a nossa primeira demo.

O BENJAMIM SAGA já tá com um disco quase prontinho, a parte instrumental está toda gravada. Nesse momento estou criando as melodias de vozes e letras. Espero lança-lo em breve. Além disso, temos 3 singles para ir lançando os poucos até o final do ano. Como podem ver, tem muuuita coisa para acontecer.

Pode deixar uma mensagem para nossos leitores?

Quero agradecer a vocês a oportunidade de falar um pouco do meu trabalho. Muito obrigado mesmo!! Também quero pedir aos leitores que visitem, conheçam e nos acompanhem em nossas redes sociais.