Entrevistas

Fábio Lione fala sobre a nova proposta sonora do projeto Turilli/Lione Rhapsody

Fábio Lione fala sobre a nova proposta sonora do projeto Turilli/Lione Rhapsody

11 de junho de 2019


Tim Tronckoe/Nuclear Blast

O vocalista italiano Fábio Lione, da banda Turilli/Lione Rhapsody, concedeu uma entrevista para falar do álbum de estreia do novo projeto com seu parceiro de longa data Luca Turilli, intitulado Zero Gravity (Rebirth And Evolution), que será lançado no dia 5 de Julho de 2019 pela Nuclear Blast. Aproveitamos para falar também de sua familiariade com o público brasileiro, pois ele se mantém à frente dos vocais da banda brasileira Angra.
O álbum de estreia do novo projeto ainda conta com as participações especiais da vocalista Elize Ryd, do Amaranthe, do guitarrista Sascha Paeth, do Avantasia, do cantor Alessandro Conti (Luca Turilli’s Rhapsody), e da banda folk alemã Santiano.

Como você se sentiu tocando com Luca nessa turnê de comemoração depois de 7 anos, e o que você espera desse novo trabalho?

Bem, foi ótimo porque não trabalhamos juntos há 7 anos, não sabíamos o que esperar ao comemorarmos 20 anos (de banda) fazendo a turnê com o Rhapsody junto com Luca (Turilli), Patrice (Guers) e Dominique (Leurquin). Então, o resultado da turnê foi incrível, tivemos uma ótima sensação juntos no palco, nós tocamos, acho que cerca de 72 shows juntos e foi incrível em todos os lugares. Na Índia é onde começamos essa ideia de fazer uma banda (o novo projeto) juntos. Então, principalmente, este foi o começo do Turilli/Lione Rhapsody, e é claro que já tínhamos algumas músicas prontas, compostas. Passamos mais seis meses compondo músicas e entramos no estúdio nós e Lucca. Ficamos no estúdio três meses e meio. E lançaremos esse novo álbum ( em 5 de julho). Pensamos que essa banda é uma banda muito forte agora, com um bom potencial e com uma nova proposta, porque nós misturamos nosso estilo, estilo antigo, com elementos novos e modernos, então estamos muito felizes com o novo lançamento.

Durante esse intervalo, você estava com Angra, como você sentiu a paixão do público brasileiro pelo heavy metal?

Sim! Quer dizer, eu estava em turnê com o Angra há 7 anos, eu conheço muito bem o Brasil e os brasileiros são ótimos, porque eles amam esse tipo de música, então é sempre bom fazer shows aqui. O que eu posso dizer? É um ótimo país, com boa comida e pessoas loucas quando você fala sobre heavy metal e shows de heavy metal. Nós tivemos bons momentos e na próxima vez voltaremos em turnê aqui com o Luca e quero dizer “Obrigado”(falando em português, a entrevista foi feita originalmente em inglês) a todos e a todos os fãs que temos aqui no Brasil.

Você está no Brasil há muito tempo desde que começou com o Angra e já está familiarizado com o país. Qual é a expectativa de fazer um show com seu novo projeto aqui?

Expectativa? Na verdade eu não sei, porque visualmente os fãs neste momento podem ficar confusos pois com essa nova banda ainda estamos usando a palavra Rhapsody e talvez eles possam esperar que essa nova banda e esse novo disco soa exatamente como o passado e não é. Quero dizer, se eles esperam apenas power e speed metal, eles não estejam no lugar certo. Mas é claro que temos esses elementos neste novo trabalho e tenho certeza que os fãs irão apreciar as novas músicas. E eu tenho certeza que quando nós estivermos em turnê aqui teremos um bom resultado. Eu conheço o país e eu sei como é isso aqui e como são os fãs brasileiros, então eu acho que é algo único porque é provavelmente uma das poucas vezes que você tem alguém que canta em uma banda na América do Sul e ao mesmo tempo em uma banda na Europa. É meio estranho, único e fascinante, agradável no mesmo momento. É ótimo porque eu amo falar português durante os shows e tem sido interessante porque eu canto uma música em inglês, uma música em italiano, e também falo português e também é muito interessante, eu acho.

Ouvi dizer que houve uma campanha de crowdfunding para o novo álbum Zero Gravity (Rebirth And Evolution). O que você pode comentar ou agradecer aos fãs por ajudar a produzir esse novo trabalho?

Sim, esta foi a primeira vez que usamos a campanha crowdfund para produzir o disco. Isso não significa que não tínhamos o orçamento da nossa gravadora e, na verdade, o orçamento era bom, muito bom. Mas você precisa de muito dinheiro, porque queríamos produzir o álbum com um som muito bom. E é melhor que eu não diga o quanto gastamos, porque realmente gastamos muito dinheiro. E é claro que ficamos no estúdio mais de 3 meses. Então você pode imaginar que precisávamos pagar hotel, comida e as viagens para todas estas as pessoas por três meses. Tínhamos convidados para as gravações, como Sascha Paeth, do Avantasia, Elize Ryd, do Amaranthe, Marco Basile, Alessandro Conti, uns amigos do Sascha Paeth, muito conhecidos no pop e folk music da Alemanha, da banda Santiano, então esses caras estavam tocando bandolino, guitarras acústicas, um monte de coisas em ambas bonus tracks com cello. Por isso foi um trabalho longo e difícil, mas depois no final ficamos muito felizes com o resultado e temos que agradecer a todos os nossos fãs, porque foi incrível que alcançássemos a meta (de arrecadação) em nove, dez dias. Então isso foi inesperado e obrigado a todos os nossos fãs por isso.

Esse crowdfunding garantiu mais liberdade criativa?

Essa campanha de crowdfunding nos deu mais liberdade artística porque nós queríamos muitos instrumentos únicos no disco. Corais, assim como alguns instrumentos indianos, do Tibete, da Pérsia, cítaras, muitas coisas. Então, é claro, graças ao dinheiro do crowdfunding de nossos fãs nós fomos capazes de colocar todos esses elementos no disco. Pudemos lançar um videoclipe muito legal e mais coisas para a banda. Coisas boas no palco e o que seja. E sim, claro que temos mais liberdade artística graças a isso.

Uma vez que você comentou em uma entrevista que nos últimos anos você não via novas bandas com ideias legais e personalidade na maneira de compor e tocar, e se perguntou o que acontecerá quando bandas como Metallica e Iron Maiden terminarem? Sobre o novo álbum, você está tentando algo inovador que fica na história e agrada à próxima geração?

Sim. Neste disco estamos realmente fazendo isso, tentando fazer isso, tentando propor nosso estilo combinando novos elementos, frescos, modernos, muitas influências sinfônicas, progressivas e ópera. Muitos sons combinados para criar algo novo, fresco. Tentamos criar um presente para todos os nossos fãs, fazer algo para um ouvinte de rock. Algo novo. E isso é algo que muitas bandas tentam fazer fazer, porque esta é a única maneira de fazer esse tipo de música ao vivo, e esse tipo de trabalho e shows, é claro.

No próximo ano vocês tem uma turnê planejada para lançar o novo álbum Zero Gravity (Rebirth And Evolution). Existem planos para a América Latina e especialmente para o Brasil?

Sim. Eu acho que nós estaremos em turnê no próximo ano na América do Sul por volta de Março e no Brasil também, provavelmente faremos três ou quatro shows. Na verdade nós vamos tocar nosso novo disco, é claro, e alguns sucessos antigos. Por dois motivos, um deles é porque o novo disco tem uma hora de duração. Então, no momento a banda terá um álbum lançado e se tivermos que fazer um show de duas horas, precisamos tocar alguns sucessos antigos com certeza. E o segundo motivo, claro, porque os fãs querem ouvir algumas músicas, como ‘Dawn of Victory’ ou ‘Lamento Eroico’. Então teremos algumas surpresas no palco com a gente e em Março estaremos em turnê na América do Sul.

Quais bandas ou artistas brasileiros você conhece que não estão envolvidos com rock e metal? Você ouviu algum outro artista brasileiro que você não conhecia e se tornou fã?

Bem, eu não conheço tantas bandas brasileiras que não estejam realmente envolvidas em rock e heavy metal. Eu posso dizer que talvez me lembre de uma que também na Itália era relativamente famosa, os Tribalistas, especialmente famosa por uma música. Mas eu não conheço tanto sobre música pop no Brasil. Sobre bandas de heavy metal no Brasil, é claro que eu conhecia o Sepultura, Angra e algumas outras bandas. Agora eu conheço muito mais bandas, mas eu não consigo afirmar se eu me tornei fã de uma nova banda que eu tenha descoberto aqui, porque eu já conhecia o Angra, já conhecia o Sepultura. Existem algumas bandas interessantes, mas não posso dizer que sou fã de alguma banda no momento.

Você pode revelar mais alguns planos para o futuro? Quais são os próximos passos a partir de agora?

Os planos são estar em turnê, estar em turnê e em turnê… Na verdade, estamos planejando uma turnê europeia depois da sul-americana, e no final deste ano estaremos na Austrália pela primeira vez, Japão, Rússia, Finlândia, Suécia. Faremos alguns festivais no verão, e no ano que vem, no próximo verão nós iremos com certeza fazer mais festivais na Europa e claro veremos os resultados. O interessante é que nós já escrevemos duas músicas para o novo disco. Parece não ser grande coisa, mas se eu disser que uma música tem mais de 16 minutos, soa melhor. Isso é ótimo, porque já podemos ter um terço do novo álbum composto. E isso é absolutamente ótimo, porque significa que temos uma energia muito boa entre eu e o Luca procurando fazer o melhor para esta banda.

Tim Tronckoe/Nuclear Blast

Agradecimentos: Jéssica Mar, Vinícius Rosa, Marcos Franke e Gerard Werron, sem vocês esta entrevista não teria sido possível. Muito obrigado à Nuclear Blast Records pelo apoio.