Entrevistas

Martín Méndez (White Stones): “Quando fiz o primeiro álbum percebi o quão importante para mim era fazer isso, no sentido de que eu poderia me expressar 100 %”

Martín Méndez (White Stones): “Quando fiz o primeiro álbum percebi o quão importante para mim era fazer isso, no sentido de que eu poderia me expressar 100 %”

20 de setembro de 2021


O uruguaio Martín Méndez, baixista do Opeth, que agora investe também em seu projeto de death metal White Stones

Sandra Artigas/Nuclear Blast Records

O uruguaio Martín Méndez, baixista do Opeth, que agora investe também em seu projeto de death metal White Stones

Um dos baixistas mais notáveis da atualidade com uma carreira consolidada dentro do Metal, o baixista uruguaio (Opeth) lançou pela Nuclear Blast o álbum “Dancing Into Oblivion”, o segundo de seu projeto solo White Stones, apresentando, segundo ele mesmo, a sua própria interpretação do Death Metal.

Em uma entrevista para a Headbangers News, Martín falou sobre todo o processo de gravação, das diferenças entre o primeiro álbum “Kuarahy” para este novo lançamento e planos futuros da banda!

Bom, parabéns por “Dancing Into Oblivion”, fiquei impressionada com esse trabalho, é diferente de tudo o que já ouvi antes, então me conte sobre a produção do álbum, quando tudo começou…a quarentena afetou o processo de gravação?

Bem, este novo álbum nós começamos na semana após o lançamento do primeiro álbum “Kuarahy”, e na semana seguinte o bloqueio começou na Europa, então de certa forma eu percebi que iríamos ficar nisso por um tempo, e me senti inspirado em alguns pontos, então eu aproveitei esse tempo, e comecei a escrever o álbum. E a gravação foi muito fácil, de certa forma, porque gravei no mesmo estúdio do álbum de estreia, que fica no Farm Of Sounds Studio, que fica a uns 15 minutos a pé da minha casa, então, foi muito fácil, era só descer para o estúdio e ficava praticamente o dia todo, então todo o processo foi criado durante a pandemia, e quando o bloqueio começou, de certa forma, me inspirou neste período difícil para escrever a música, o álbum não é sobre isso apenas, mas eu me inspirei nisso nesses tempos ruins.

 

Então sobre as letras, eles estão falando sobre seus sentimentos durante a pandemia? Do que eles estão falando?

As letras foram escritas pelo vocalista Eloi, então dessa vez não escrevi nenhuma letra, mas não é só sobre o lockdown, a pandemia, tem um pouco sobre o que entendemos sobre a sociedade, como reagimos na sociedade nesses períodos difíceis e coisas que não são muito claras na sociedade, esse tipo de coisas. Isso é o que posso dizer sobre as letras, acho que o próprio Eloi explicaria melhor sobre isso.

 

Eu sei que White Stones é um projeto de death metal, mas enquanto eu ouvia eu notei que existem algumas novas influências de outros estilos, eu achei muito interessante isso, então quais influências ou inspirações você teve na composição?

Acho que tudo, desde todas as músicas que ouvi, até a vida em geral, aproveitei tudo isso. Emoções que eu tenho no meu corpo por causa das más notícias que todos nós ouvimos no começo da pandemia, que foram assustadoras no começo, e ninguém sabia de nada, então tudo ficou meio no ar, né… e isso não faz um tipo de sentimento agradável quando você está enfrentando esses tempos, então eu acho que tudo de música, e eu estou ouvindo muita música também, desde rock e metal até jazz, música folk, tudo me inspirou. E você disse que é um disco de death metal, mas eu entendo que essa é a minha interpretação do death metal, não é um disco de death metal típico, então sim, é muito interessante porque tudo me inspirou quando eu estava escrevendo.

Capa de 'Dancing Into Oblivion', que apresenta oito novas faixas do White Stones

Nuclear Blast Records

Capa de 'Dancing Into Oblivion', que apresenta oito novas faixas do White Stones

Quais são as diferenças entre este álbum “Dancing Into Oblivion” e o seu primeiro?

Bom, o primeiro comecei a escrever a música praticamente sem ter nenhuma expectativa para fazer isso, não sabia o que fazer no começo, era praticamente apenas para mim, mas gostei do resultado e mostrei para algumas pessoas, e eu consegui o contrato com a Nuclear Blast, então posso dizer que não tive nenhuma pressão, era só eu escrevendo músicas para mim.

 

Foi meio natural então ..

Sim, muito. Quer dizer, nesse segundo álbum, eu não tive nenhuma pressão porque me senti muito relaxado quando estava fazendo as músicas, mas acho que inconscientemente eu tinha isso em mente, sabe, de ter que fazer melhor do que no álbum anterior. Mas posso dizer que os tempos eram completamente diferentes, e quando eu fiz o primeiro álbum eu estava saindo da turnê do Opeth, então eu tive um ano de folga, e depois comecei a escrever músicas para mim e estava tudo bem, mas nesse novo álbum, com a pandemia e todas as emoções eram muito diferentes, e isso é uma coisa diferente para escrever música. E eu também diria que o primeiro álbum me ajudou, eu aprendi algo compondo músicas, todo o processo de gravação, porque estou muito envolvido em tudo nessa banda, então acho que no segundo álbum eu tive uma experiência mais, que é bom para o álbum.

 

Se você pudesse definir o álbum em apenas uma frase, qual seria?

Bem, eu não sei, essa é difícil, mas eu diria que está sombrio, gosto de dizer que ele é sombrio, pesado e bom ao mesmo tempo.

 

Eu acho que essa é difícil também, mas qual é a essência desse projeto, qual é a essência do White Stones?

Para ser honesto, é principalmente uma coisa pessoal, e eu meio que percebi que, bom, eu já sabia disso no passado, mas quando fiz o primeiro álbum percebi o quão importante para mim era fazer isso, no sentido de que eu poderia me expressar 100 %, e como músico, se você tem isso dentro de você…você tem que tirar a música de uma forma, colocar as músicas contando suas emoções, é importante ter um lugar onde você tenha liberdade para se experimentar, sabe, então para mim é principalmente isso. Eu amo tocar com o Opeth, acho que é o melhor lugar onde posso estar como baixista, mas tenho essa dificuldade em fazer música só para me sentir bem, e esse é o objetivo principal dessa banda, não quero conquistar o mundo com essa banda ou algo assim, tudo é bem natural eu não tenho pretensões, então escrevo músicas que gosto muito, sobre o que realmente sinto no momento, e esse é o principal motivo para mim.

 

Perfeito, agora vamos falar sobre os planos da banda, quais são suas expectativas para o pós-pandemia, você está planejando shows ou talvez um show de lançamento do álbum?

Bem, ainda não havíamos estreado ainda como uma banda, quando lançamos o primeiro álbum, tínhamos alguns shows em mente, mas tudo foi cancelado, é claro, então, desde então, não fizemos nada além dos discos, e acho que adoraria estrear como uma banda, seria muito bom fazer isso, mas eu não acho que eu gostaria de fazer longas turnês, já estou muito ocupado com o Opeth, e quando eu tiver tempo com o Opeth, gostaria de aproveitar esse tempo para criar outro álbum talvez, e não em turnê, porque eu morreria com tantas turnês, sabe (risos). Mas acho que terão alguns shows, acho que não agora pelo menos, mas terão.

 

Estamos terminando a entrevista, quer dizer mais alguma coisa, ou uma mensagem para os fãs daqui do Brasil?

Bem, como sempre, obrigado pelas pessoas que apoiam a música, e eu adoraria ir ao brasil, seria ótimo ir com os White Stones também, e tenho planos de um dia fazer uma pequena turnê na América do Sul, seria muito bom conseguir fazer, e obrigado pelo apoio como sempre, é sempre bom vir ao seu país e tocar para o seu povo, e espero que o façamos em breve também.

Sandra Artigas/Nuclear Blast Records